35. Não posso fugir

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📌 | Um oferecimento de: Vick Tombos.

📌 | Boa leitura!

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🗒CHRISTOPHER

Não contei para Dulce que estava indo até Los Angeles naquele final de semana. Havia chegado a hora de colocar as cartas na mesa e terminar o jogo. Quando Ben me enviou o convite da confraternização e eu vi que a cantora da noite seria ela, vi uma chance de dar um fim nas minhas mentiras e principalmente nas dela. É claro que eu não a colocaria contra a parede. Dulce teria a chance de me dizer tudo por conta própria e eu garantiria que ela tivesse abertura para fazer isso.

Cheguei ao evento com uma hora de atraso propositalmente. A banda já estaria tocando, ela estaria cantando. Assim que entrei no local do evento, meus ouvidos foram agraciados pela voz de que tanto sentia falta. Fechei os meus olhos e respirei fundo, absorvendo a música e voltando à uma época onde eu só podia imaginar como ela se parecia baseando-me em sua voz.

A canção era um jazz suave. Uma música antiga com uma harmonia modernizada pela banda e com Dulce inovando nas notas, alcançando-as de um jeito que deixava a sua assinatura. Era incrível o quanto ela era talentosa.

Comecei a caminhar por entre as pessoas, pretendendo me aproximar do palco. Parei não muito longe, mas também não tão perto. Ela estava linda naquele vestido azul. Seu cabelo era magnífico e ela parecia reluzir naquele palco, como se cantar a deixasse mais bela. E, de fato, deixava. Dava para ver de longe a felicidade emanando de seu rosto cada vez que ela abria a boca. Tinha tanta paixão ali que qualquer um que a assistisse sentiria.

Dulce segurou o microfone suavemente e fechou os olhos ao fazer uma nota mais alta. Em seguida, tornou a abri-los e com um sorriso fraco, continuou a cantar e começou a olhar o ambiente até que finalmente me encontrou no meio daquelas pessoas.

De forma instantânea ela parou de cantar e seu sorriso foi morrendo, dando lugar à uma expressão espantada e estática. Seus olhos se encheram de lágrimas, mas elas não caíram até então. Já eu me mantive com o semblante neutro, minhas mãos em meus bolsos e o rosto bem sério.

O baking vocal da banda tentou contornar a situação e cantou no lugar dela por um tempo, até ela se dar conta de que tinha que continuar. Dulce piscou algumas vezes, engoliu em seco e retomou o seu papel na música tentando disfarçar que estava nervosa. Quando a canção acabou, ela cochichou algo para o backing vocal e ele concordou com a cabeça. Em seguida Dulce saiu do palco e a banda começou outra música sem ela.

Ela caminhou apressada na minha direção com o olhar aflito e recomeçando a encher de lágrimas. Eu continuei neutro e apenas dei as costas, começando a andar sabendo que ela estaria me seguindo. Saí para uma das varandas onde não havia ninguém para ouvir nossa conversa. Continuei de costas e ouvi o bater de sapatos dela se aproximando até parar logo atrás de mim.

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