7. Borboletas no estômago

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🗒DULCE

Christopher respondeu o meu áudio dizendo que estava tudo bem e que ele apenas achou melhor não me incomodar caso eu precisasse de descanso depois da minha noite de estreia e de uma bebedeira como aquela. Isso me deixou mais tranquila, pois estava começando a achar que tinha dito alguma coisa ofensiva, o que não seria surpresa se tratando de mim. Lembro-me vagamente de quase ter dado na cara de uma garota quando ela tentou flertar com ele.

Minha última visita para o meu pai não havia sido das melhores, mas eu já esperava por isso. Ele me fazia promessas que eu sabia que não seriam cumpridas e eu não escondia o quanto estava cansada de toda a falácia.

DOMINGO, 15:28.

Abri um sorriso assim que meu pai apareceu na sala de visitas. Ele se acomodou do outro lado do vidro e ambos tiramos os telefones dos ganchos para nos ouvirmos.

— Oi, meu amor! Que bom que você veio, estava começando a achar que tinha desistido de mim.

E lá vamos nós com o drama.

— Eu nunca faria isso, pai. — respondi pacientemente. — Eu estive passando por um momento difícil, não sobrava muita grana pra vir até aqui. Mas agora eu arranjei um emprego, então está tudo bem.

— Mesmo? Isso me deixa feliz. No que está trabalhando?

— Numa casa de shows. Eu sou uma das cantoras.

— Ah, isso é magnífico! — seu sorriso ficou ainda maior. — Você tem a voz mais maravilhosa que eu já ouvi, esse é o trabalho perfeito.

— Pode ser apenas temporário. — dei de ombros. — Eu vou trabalhar quatro noites por semana, o que é ótimo, mas pode ser cansativo e eu não gostaria de passar meus dias dormindo.

— Sei que vai dar conta. Você sempre dá um jeito.

— Você poderia dar um jeito também. — toquei no assunto difícil. — Quando você sai daqui?

— Minha pena diminuiu por bom comportamento, então em algumas semanas, talvez meses. Eu queria mesmo falar sobre isso, querida. — e ele ficou com aquela cara de quem iria me pedir alguma coisa.

— O que você quer? — suspirei.

— Não posso voltar para nossa antiga casa, tive alguns problemas com pessoas grandes antes de ser preso e acho que posso me dar mal se chegar perto.

Ai, não...

Eu sei que você não tem a obrigação de cuidar do seu velho pai, mas eu preciso pedir que me dê abrigo até que eu encontre um emprego e um lugar pra morar sozinho. Prometo não atrapalhar a sua vida.

— Arrumar um emprego? — o olhei com desconfiança.

— Meu amor, eu juro que dessa vez eu vou andar na linha, vou viver da maneira correta e você vai se orgulhar de mim assim como eu me orgulho de você. Por favor, é só por um tempo. Deve ter espaço para o pai na sua casa, não tem?

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