Náidius resmungava por trás do grupo. Após a deixa na estação ele imaginou que iriam diretamente para o porto da cidade de Gnowa, mas o contrário, eles seguiam por uma floresta fechada por uma estrada com raízes protuberantes, rochas e bastante umidade. Ele já havia sujado suas botas de lama ao pisar em poça de água parada.
— Não reclame! — Sônia protestou ao ouvir os resmungos de Náidius. — Seja justo! Inarê precisa deixar a égua em casa.
Náidius bufou. Haviam deixado a cidade de Gnowa há um bom tempo ao descer na estação de trem. Poderiam ao menos terem passado no porto para comprar uma passagem e garantir uma viagem.
— Você nem mesmo tem dinheiro para comprar uma passagem! — Sônia continuou. —Teremos que pensar em alguma estratégia.
— Eu ajudo a pagar a passagem dele — Inarê falou, caminhando por trás de todos.
Sônia que ia na frente parou e virou-se para ele.
— Não, Inarê! Ele precisar arcar com as consequências!
— Eu pago — Diego falou, sorrindo para ela ao continuar a caminhar e tomar a dianteira.
Sônia se manteve em silêncio. Ao mesmo tempo que queria protestar, também queria concordar. Mas ela sabia que o homem iria tirar proveito disso, afinal, ele estava muito interessado em entrar em Coimbra a qualquer custo.
O grupo chegou a uma ponte de pedras em forma de um arco tão curvo que junto ao reflexo no rio formava um círculo. Era uma estrutura muito antiga, percebia-se a relva cobrindo as paredes nas extremidades. Os tijolos eram bem encaixados, mesmo se tratando de uma construção tão arcaica era seguro passar por ali.
Náidius havia chegado ao meio da ponte, na parte mais alta. Ele olhava para o rio, para o curso que fazia uma curva e desaparecia em meio as árvores. O jovem sentia a brisa açoitar as mechas curtas do seu cabelo, era um vento fresco e úmido. Ele ouvia o barulho da floresta, das aves que voavam cima da lâmina d'água e dos peixes que pulavam e formavam ondas.
Ele foi ficando para trás, enquanto ainda admirava a paisagem e sentia o frescor. Era incrível como tudo fora de Sidelena era tão mais bonito e agradável enquanto a cidade era tão cinzenta e quente.
Náidius voltou a seguir os outros ainda com um certo distanciamento. Ele terminava de atravessar a ponte sem tirar os olhos do rio. Tão distraído, ainda não tinha se dado de cara com a espada que emitiu um som ao sair da bainha e apontou em seu peito. Ele caiu para trás em sobressalto, sentindo o choque do chão duro da ponte contra o seu corpo.
— Diego? O... q-que isso? — Náidius balbuciou, incrédulo.
Diego estava sorrindo, em pé com a sua arma apontada para o jovem. Os outros já tinham se perdido de vista, talvez ao seguir uma curva na estrada ou adentrarem na floresta fechada.
— O elfo mora próximo — o matador falou. — Resolvi que aqui seria um bom lugar para darmos início o nosso treinamento.
Por mais que aquilo fosse tudo o que Náidius mais desejasse, ele sabia que o matador iria querer algo em troca, a sua passagem para Coimbra.
— Vamos! Se levante! — ele exigiu. — Não temos o dia inteiro.
Náidius se levantou com calma, ainda desconfiado.
— Sônia não iria gostar de saber disso.
— Você realmente se sente o protegido da Cosmos, não é mesmo? — ele zombou. — Eu conversei com ela antes. Nos deu uma hora ou... — ela franziu o cenho. — Ela mencionou algo sobre carbonizar o meu corpo caso acontecesse algo contigo ou com o mapa. Enfim, eles estão próximos, não se preocupe.
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Legend - O Mago Infernal (Livro 3)
FantasyÓrion Kilmato ao perceber uma grande evolução de seus poderes é sequestrado por estranhas criaturas demoníacas e confinado na misteriosa prisão mágica, Danjú. Convém a Náidius, o seu primo, resgatá-lo, e para isso, vai contar com ajuda da maga Sônia...