VIII - O EGRESSO

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Náidius caminhava apressadamente para a saída na porta da sala. Ela estava aberta, facilitaria o seu plano de partir as escondidas de sua mãe e Miro. Sônia o perseguia, tentando alcançá-lo, enquanto ainda descia o lance de escadas.

O jovem estava decidido. Ele queria partir em silêncio, sair de Sidelena — algo proibido — e ir salvar Órion. Entretanto, Náidius não fazia ideia de como começar essa busca. Para onde Órion havia sido levado? Ele não fazia ideia. Nem mesmo a Sônia não tinha essas respostas. A única suposição era que poderia estar em Danjú, isso pelos mesmo motivos das ossadas de Assa estarem lá, mas não era certeza alguma.

— Náidius! — Sônia o chamou, quando o jovem já se direcionava na frente no terreno rumo a estrada. — Espere!

Náidius não deu ouvidos à maga. Continuava o seu caminho, levando um pouco do dinheiro que tinha para pegar o próximo trem. A única certeza dele, era que o seu primeiro passo seria deixar aquele lugar. Apenas isso.

— Náidius! — Ela esbravejou, já enfurecida por tamanha teimosia. Iria usar o seu truque para detê-lo.

Sônia surgiu em um salto na frente do jovem. Caiu com um joelho e mão no chão. Ela levantou os seus olhos anis à aquela face carrancuda que a encarava. Náidius bufou, repousando uma mão no quadril.

— Diga logo o que você quer! — Ele disse, áspero.

Sônia franziu o cenho, desejando por tudo socá-lo. Nunca conheceu alguém tão cabeça dura como aquele rapaz. Ela se colocou de pé e o fuzilava com o seu olhar, mas ele não se intimidava. Devolvia a troca de olhar com a mesma intensidade.

— Você sabe ao menos como fará para encontrar o seu primo? — Ela perguntou.

— Eu me viro. — Ele respondeu, dando um passo e se esquivando dela.

Ela interveio novamente sem sua frente com um passo ao lado. Cruzou os braços e suspirou forte.

— Não dessa forma. Deixa que nós cuidamos disso. A seita.

— Ele é o meu primo! Eu vou salvá-lo. Não precisa se preocupar comigo.

— Eu pensei que não se importava com ele... Olha. Que chances acha que tem contra um mago infernal?

— Está me subestimando? — Náidius rugiu, furioso.

— Não! — Sônia gritou. — O que eu quero dizer é que o mais antigo mago está despertando! Estou falando de um ser poderoso e não de bandidinhos qualquer.

Náidius compreendeu o sarcasmo. Ele foi derrotado por meros traficantes na noite anterior. Ela o salvou, para a infelicidade e o seu orgulho. O pior de tudo, era que ela estava certa, mas ele não daria o seu braço a torcer.

— Ele deve estar nesse lugar. Danjú. — Náidius falou, tentando dar um passo.

Sônia novamente intervinha em seu encalço.

— E você sabe onde fica Danjú?

Náidius tentava controlar o seu aborrecimento. Novamente tentava outro passo onde a maga entrava em sua frente.

— Na porcaria da sua terra. Coimbra! Me deixa passar, que diabos...

Sônia apertou os punhos.

— Coimbra é uma terra invisível. Não tem como ser encontrada, a não ser que conheça um mago Cosmos. — Ela o encarou, se dando por vencida naquela discussão.

Náidius permaneceu calado por um momento. A única maga Cosmo que ele conhecia era a própria Sônia Cosmos. Ele rangeu os dentes. Nunca em sua vida se deixaria ser guiado por aquela mulher. Já não bastava a vergonha que passara na noite anterior ao ser defendido por ela.

Legend - O Mago Infernal (Livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora