Náidius corria, saindo da estrada arenosa e passando por um campo gramado rumo a uma floresta fechada. Ouvia o barulho da armadura do guarda que lhe perseguia, mas ele parecia mais lento, talvez pelo peso que portava, mas de qualquer maneira, ainda corria risco. Entrar na floresta seria um meio de despistá-lo e talvez despistar outros possíveis soldados que logo estariam em seu encalço.
A floresta se tornou um cerco. Desviar das árvores, de troncos caídos, buracos e rochas pelo caminho lhe deixara mais lento. Ele conseguia ouvir a pesada armadura se aproximando. Talvez não teria sido uma boa ideia.
A copa das árvores era de uma altura estonteante, elas se fechavam tão perfeitamente como um teto de folhas. Com isso, tudo estava escuro, qualquer barulho era aterrorizante, apesar que só se ouvia barulhos alegóricos das aves.
Náidius fez uma curva em volta de uma árvore de caule extenso, entretanto, com a escuridão e seu desespero, acabou tropeçando em uma raiz encurvada exposta e caiu rolando por uma vala até o fundo de um rio seco, preenchido por folhas. Algum meandro antigo. Em meios a arranhões pelos pedregulhos e gravetos pontiagudos, o seu ferimento latejou com mais força e o sangramento não estancava. Enquanto agonizava e tentava se reerguer naquele terreno irregular, o guarda havia lhe alcançado.
Do alto do terraço, o guarda observava Náidius de bruços, se esforçando para se levantar, no entanto, sentiu uma fisgava por baixo do seu elmo, justamente a estreita parte descoberta entre o capacete e a gola da armadura, a extremidade de uma lâmina se encaixou perfeitamente por trás, atravessando seu pescoço e saindo pela boca, sufocando-o com seu próprio sangue.
Náidius não conseguiu bem observar o que aconteceu, mas o guarda havia sido golpeado por trás por alguém que agiu silenciosamente. Quando o jovem finalmente conseguiu virar a face, viu o corpo do guarda morto tombar no chão e uma espada ensanguentada na mão de um sujeito alto, de cabelo prateado e volumoso, usando um sobretudo branco e desabotoado, onde destaca suas vestimentas internas: Uma calça preta e uma camiseta gola alta cinzenta. A sua lâmina era extensa. Tão comprida que quase tocava o chão na posição em que ele a segurava.
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Náidius ainda estava assustado. Ele olhava em pé para o corpo sem vida do guarda. Enquanto havia outro sujeito com uma espada ensanguentada bem em sua frente.
— Você... o matou... — Náidius falou, perplexo.
O sujeito pôs uma mão na cintura, sorrindo.
— Óbvio. Ou ele iria matar você. — Ele respondeu, de forma irônica.
Aquele homem possuía um semblante que mais lhe lembrava certas pessoas que ele já conheceu. As características físicas eram pouco semelhantes às do seu tio, Kainã. Embora os olhos escuros, ele era mais alto e mais musculoso. Os fios do cabelo prateado eram bem lisos e a voz mais grossa. Também sua aparência era de um homem de talvez de uns trinta anos ou menos um pouco.
— Quem é você? — Náidius questionou, com a mão em seu ferimento que ainda sangrava bastante.
— Nunca ouviu falar de mim? Estou admirado. — O homem respondeu, sempre com um sorriso na face.
Náidius balançou a cabeça negativamente. Ele desconfiava daquele sujeito, mas de qualquer maneira ele havia salvo a sua vida.
— O que você fez para despertar a fúria da guarda da realeza? Um fugitivo de Sidelena eu suponho. Sorte sua eu estar andando por aqui. Essa floresta... — ele olhou ao redor — não é um bom lugar para se esconder. Tem muitos bandidos saqueadores por aqui.
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Legend - O Mago Infernal (Livro 3)
FantasíaÓrion Kilmato ao perceber uma grande evolução de seus poderes é sequestrado por estranhas criaturas demoníacas e confinado na misteriosa prisão mágica, Danjú. Convém a Náidius, o seu primo, resgatá-lo, e para isso, vai contar com ajuda da maga Sônia...