XXVIX - UM DESTINO INCERTO

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Gabbe passou o dia em frente aos preparativos do casamento de Otto e Nina. Precisava enviar os convites, os arranjos de flores, o buffet, restaurar o seu vestido de noiva para que a jovem usasse. Tudo às pressas antes da chegada de Austin. Jober era contra aqueles preparativos às costas do rei, porém Gabbe não se importava. Austin seria contra de todas as formas e ela prezava pela felicidade de Nina.

Enquanto serviçais corriam de um lado pro outro pelo salão às pressas para acatar as ordens da rainha, Gabbe circulava pelos corredores de paredes cinzentas, descendo as escadarias em espirais de uma das torres do castelo. Ela pensava ansiosamente no seu compromisso naquela madrugada. Ela precisava ser levada por aquele homem da seita antes mesmo que o seu marido chegasse, pois, detestaria encontrar com Austin novamente e não pouparia a sua paciência em confrontá-lo mais uma vez.

A medida em que a noite se aproximada, Gabbe desviava de encontros repentinos com os conselheiros reais. Eles, assim como Jober, não estavam de acordo com aquele casamento, apesar que, apenas desdenhavam a posição de Otto e apoiavam Austin na decisão de casar a jovem Nina com algum dos seus aliados.

Gabbe bufou. Em seu quarto, na calada da noite vestia uma roupa confortável de batalha. Dessa vez, em vez de seus vestidos folgados de mangas bufantes, vestia uma calça com uma camisa branca de mangas compridas e em seu cinto levava embainhada a sua espada. Prendeu o cabelo em um rabo de cavalo e escondeu a face com o capuz da capa marrom. Saiu às escondidas, a pé, desviando de todos os guardas de vigília que encontrava pelo castelo. Entrou na floresta após o cemitério e desapareceu na sombra da noite.

Espreitando pelos arbustos, a jovem rainha viu o seguidor da noite anterior sentado na rocha sob a luz da lua, mas não estava sozinho. Ao seu lado, havia um sujeito com uma capa branca e totalmente mascarado. Na cintura carregava seus punhais e uma espada embainhada.

— Eu imaginei que fosse você quem faria o teste comigo — Gabbe falou, revelando o seu semblante da penumbra ao desconfiar que haveria uma luta com o seguidor desconhecido.

— Não seria justo — Salomon falou, se levantando com os cabelos chicoteando em sua face pelo vento frio.

Gabbe sentiu um arrepio na pele e não era pelo ar gelado da noite. O outro seguidor lhe lançou um olhar singelo, quase como se desejasse o seu sangue.

— Quem é esse? — ela perguntou, desconfiada.

— O nome dele não importa. Ele é um recém formado, entretanto, percebemos uma falha em seus testes. Ele conseguiu burlar de alguma maneira a sua aprovação. Para a nossa seita, quebrar regras é um crime gravíssimo. É considerado um ato de traição. E a pena para isso é a morte.

Gabbe não sabia se aquilo era um aviso, mas de toda forma, ela não voltaria atrás com a sua decisão de querer se juntar à seita.

— Eu resolvi dar mais uma chance a ele — Salomon continuou. — É onde chegamos aqui. Se ele te matar ele retorna à Hidda e tem sua aprovação como caçador e será poupado. Se você o matar, passará no teste e terá a sua chance de estudar no instituto.

— Isso você acha justo? — Gabbe contestou. — Ele é mais experiente!

— Assim como você que enfrentou batalhas sangrentas. Ainda há tempo de desistir e retornar a sua vida pacata.

"Vida pacata". Gabbe arquejou. Pensar no rumo em que a sua vida tomou lhe causava angustia. O que lhe reconfortava era somente os seus filhos e hora ou outra as visitas de Jober, o seu melhor amigo. Mas não gostava de morar onde morava, apesar de ser regada por luxos que muitos invejavam ter, odiava o seu marido com todas as forças e todo o arrependimento que pudesse lhe.

Legend - O Mago Infernal (Livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora