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Narradora Point Of View

_ Por que eu acreditaria em você?.- Anahí perguntou após longos minutos terem passado no mais absoluto silêncio, ela ainda tentava digerir todas aquelas palavras ditas pela loira parada bem na sua frente.

_ Eu não aguento mais viver assim.- Nikki respondeu sem fazer questão de segurar a lágrima que caiu livremente por seu rosto.- Eu só...olha, a única coisa que você precisa saber é: eu quero dar uma chance a Brianna de ter uma família de verdade.- Anahí a fitou incrédula.- Durante anos cuidei daquela garota como se fosse a minha inimiga, ou como se de alguma forma ela fosse a culpada de tudo de errado que aconteceu em minha vida.

_ O que mudou agora?

_ Ela está morrendo, Anahí.- A voz ecoou baixa, e a escritora sentiu um bolo se formar em sua garganta.- Não sou a melhor pessoa do mundo, e por mais erros cometidos ao longo de todos esses anos, eu não sou uma assassina. E negar a chance que ela tem de viver...de ser feliz, seria o mesmo que matá-la.

_ Céus!.-Anahí passou as mãos na cabeça, puxando o cabelo pela raiz sem muita delicadeza. Estava atordoada, surpresa, confusa e ao mesmo tempo feliz. Só não sabia dizer qual sentimento era mais forte.- Mesmo que... mesmo que você esteja disposta a deixar a guarda dela para mim, as coisas não funcionam dessa maneira. É muita burocracia envolvida, sem contar que ela tem um pai, fodido, mas ainda assim pai dela.

_ O nome do Robert não consta no registro da Brianna.- Nikki falou, chamando mais uma vez a atenção de Anahí que apoiou o corpo no encosto do sofá. Já começava a sentir os pontos da ferida a protestarem.- Ele não iria arriscar ter alguém com o seu sobrenome vivendo por aí, e basta eu alegar inaptidão para cuidar de uma criança, que eles deixam você ficar com ela.

_ Eu...

_ Estou implorando à você, Anahí. Não faça por mim, mas por ela.- Anahí suspirou longamente, e fitou seriamente a mulher que tentava inutilmente enxugar as lágrimas.- Ela viveu todos esses anos nas ruas, impossibilitada de estudar e de conviver com outras crianças.

_ Você fez isso com ela!.- Anahí lembrou com desgosto e Nikki fitou o chão completamente constrangida.- Privou a pobre garota de ter uma vida e...

_ Eu sei de tudo isso, ok?.- Nikki interrompeu fala dela que revirou os olhos.- E não estou aqui para conseguir o seu perdão, você não é nenhum tipo de Deus.- Lembrou com certa ironia.- Pense apenas que fazer um acordo comigo é a única chance que a Brianna tem de continuar nesse mundo.

_ Você não fala como se isso fosse um negocio qualquer, porque estamos falando da vida de alguém, embora eu saiba que isso não deve significar nada para alguém como você.- Disse já tomada por um sentimento estranho.- Quanto tempo nós temos?

_ Alguns dias.- Respondeu em um tom terrivelmente frio.- Mas, antes de qualquer coisa você precisa saber tudo o que está em jogo.

_ Do que você está falando agora?.- Anahí perguntou, o olhar intercalando de Nikki para a escada que dava para o corredor em que estavam os quartos. De onde estavam, era possível ouvir a voz de Alfonso cantando uma música infantil, certamente para manter os bebês quietos enquanto ela não subia.

_ O Robert pode não se importar com a Brianna e pode até não tê-la reconhecido como filha, mas ele não aceitaria que outra pessoa que não fosse eu, ficasse com ela.

_ Porquê?

_ Porque ele adora estar no controle de tudo e é um filho da puta doente.- Dispensou sem muita paciência.- Se ele souber, o que eu não acho impossível, que eu estou tentando deixar a Brianna com alguém, e que esse alguém é justamente você, a ex-mulher dele e mãe da outra filha dele, nada de bom pode acontecer.

Destino? TalvezOnde histórias criam vida. Descubra agora