Acordei com algumas batidas na porta, achei estranho o porteiro não ter interfonado que alguém veio me ver. Meio dormindo, atendi a porta, e era uma mulher que pareceu um pouco surpresa.
-É... ontem três jovens pediram pra entregar um café da manhã especial hoje. - Ela disse, e eu ainda estava confusa, ainda mais pela roupa de camareira dela. - Já foi pago.
De repente um garoto surge de trás de mim, eu me assusto, mas como uma bomba, as lembranças da última noite aparecem e percebo que estava apenas de calcinha e uma blusa, enquanto ele só de calça. E que eu não estou na minha casa e sim em um quarto de hotel.
-Obrigado, eu aviso quando puder buscar o carrinho. - Disse o garoto puxando o carrinho para dentro do quarto e depois colocando próximo da mesa.
Eu ainda continuava ingerindo as lembranças.
-Por que atendeu a porta? - Perguntou ele, e eu olhei para ele percebendo o que acabei de fazer. Eu tinha atendido a porta, meu empresario iria me matar.
-Eu atendi a porta! Meu deus. - Disse revirando as roupas no chão. - Cadê meu celular? Ele vai me matar.
-Ele? Voce disse que nao namorava?
-Não, ta louco. Eu to falando de outra pessoa que não vai gostar nada de saber que não passei a noite em casa, e ainda tem testemunha disso. - Eu revira as roupas, e colocava a mão dentro dos bolsos. Mas aí me lembrei que deixei meu celular com Charles, para não correr o risco de perder ou fazer bobagem.
-Calma, não precisa se estressar a toa, se quiser temos mais um round. - Ele disse com o olhar malicioso. Eu peguei minha calça e coloquei enquanto balançava a cabeça e sorrindo como se o que ele tinha acabado de falar era brincadeira.
-É o seguinte, a gente pode fazer um acordo, certo? - Ele olhou firme para mim enquanto eu falava. - A gente esquece, sem paixão, almas gêmeas e essas e outras merdas do amor - Eu senti que ele quis retrucar, mas preferiu ficar quieto. Quando eu peguei os meus sapatos, e estava indo em direção a porta, eu ouvi clics de câmera de longe. Eu parei. - Como eles chegaram aqui?
-Do que você está falando? - Perguntou ele
-Na janela. - Ele foi até lá. - Lá embaixo na entrada, tem alguém com câmera.
-Tem. Uns 5.
-Ontem, como a gente chegou aqui? - Perguntei tentando arquitetar um plano.
-Com o meu carro. - Ele disse
Eu parei e pensei, tinha 3 opções: eu encarava os paparazzis, esperava até eles irem embora ou pedia uma carona.
-Eu vou ter que ligar para uns dos meninos. O que deve estar melhor é o JP. - Disse indo até o telefone do hotel, mas o moreno tirou o telefone de mim e colocou de volta.
-Eu te levo. Onde precisa ir? - Ele parecia um pouco desesperado, mas eu também estava, então ignorei sua reação.
-Para o local da festa de ontem. E sem que nenhuma câmera me fotografe.
-Tem fobia de foto? - Ele disse pegando uma camisa da mala aberta no chão, ele não sabia quem eu era, deixei escapar um sorriso pelo motivo, mas desmanchei antes que ele visse. - E o amor?
-Eu disse que se queria que me apaixonasse tinha que ficar durante muito tempo. Nada que seja rápido dura. - Senti uma mudança no seu olhar, mas não analisei, apenas ignorei.
O carro saindo do hotel passou despercebido. Durante o caminho que foi um total silêncio, a gente parou em um sinaleiro e eu vi a poucos metros de distância Charles. Abri a janela do carro.
-Ei! - Disse e ele parecia não ouvir. - Charles! - Ele olhou e veio até mim.
-Quer me matar do coração? 7 horas da manhã, e alguém grita comigo, pensei que era um assalto.
-Pensei que não ia te encontrar. - Disse
-Acabei de voltar de um trabalho, que fui depois da festa.
-Queria saber se ainda ta com meu celular?
-Claro. - Disse ele sorrindo e abaixando a cabeça para conseguir enxergar quem estava dirigindo, mas eu bloqueei a visão dele. Ele me deu o celular, deu uma piscadinha e apontou para o garoto, e depois voltou para o ponto de ônibus.
No meu celular, não tinha nenhuma notificação de ligação, apenas a mensagem do Hero e algumas do JP me procurando. Pensei em ligar para o Kleber, meu empresario, mas olhei para o garoto, que desviou o olhar no exato momento em que o olhei, e decidi ligar depois. Quando chegamos, o estacionamento estava vazio, com exceção de um carro, que era de MW.
-Obrigado por me trazer. - Disse
-De nada. - Respondeu e eu fiquei parada por alguns segundos. - Não posso te convencer sobre o amor?
-Se tiver disposto a ficar aqui durante um longo período, talvez sim. Mas essa é uma tarefa muito difícil.
-O que? Ficar aqui?
-Não. Fazer eu me apaixonar.
-Talvez valha a pena. Garotas como você só tem uma. - Ele disse e eu ri.
-Essa eu já ouvi, não caio nesse papo. - Ele deu uma leve risada. -Tchau, garoto europeu. - Disse, mas não me movi, a gente continua a se olhar.
Ele se aproximou, podia jurar que ia me beijar, meus olhos grudaram em seus lábios, ele ficou tão próximo que era possível ouvir sua respiração. Até que esticou o braço e abriu a porta, olhei de canto de olho a porta aberta e voltei para ele que tinha um sorriso de vitória. Sai do carro, e fechei a porta.
-Adeus, brasileira carioca. - Ele disse e arrancou o carro.
Fui até meu carro, entrei dentro dele, abri o teto panorâmico e quando eu estava saindo de dentro do estacionamento. Apareceu JP fechando a porta do barracão.
-Como tá? - Perguntei
-Que bom que você não morreu. - Ele disse
-Não morro fácil.
-Fiquei te procurando mó cara. Ate que o barman disse que tinha saido. Como você foi embora? - Ele perguntou e eu sorri maliciosa. - Não precisa falar, já entendi.
-Tenho que ir.
-Se cuida.
No caminho de casa liguei para Kleber.
Oi
Oi
Fiquei em silêncio vendo se ele falava algo.
Tá esperando que eu fale algo? Eu não sei nada, pode me contar o que você aprontou.
Eu? Não fiz nada... Só se por acaso, estoure um boato que eu fui vista em uma suite com um garoto moreno, é mentira tá?
Brenda!
Eu não tinha intenção, mas só a camareira viu.
Tudo bem, eles não tem nem foto, né?
Eu fiquei em silêncio tentando lembrar
Eles não tem nenhuma foto, né?
Acho que não, não tenho certeza
Brenda, o problema não é quem você beija, dorme ou se relaciona, isso é problema seu. A questão é que não faz nem um mês que saiu de um relacionamento com um artista global. Você tem fãs para te proteger, mas ele também tem. Essa é a única coisa que eu me preocupo.
Tá - Disse seguido de um suspiro
Você consegue
Ele disse e encerramos a ligação
Logo após, recebi uma ligação de Fefe, que estava chorando.
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Entre nós dois I ARON PIPER
FanfictionA vida de uma atriz e cantora global brasileira, Brenda, e de um ator, modelo e cantor alemão, Aron Piper, se batem em uma noite animada. Era para ser só mais uma noite, mas eles se impactaram de uma forma inesperada que eles não esperavam. Um beijo...