33 - Talvez a gente não deva ficar junto

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Ben enrola para responder sobre o estado de Aron, e não diz nada específico.

-Do que você tá falando? Ele não tá bem? - Pergunto freneticamente com o coração ansioso.

-Não é isso... ele ta vivo, mas... teve órgãos perfurados, e está entubado. - Ele diz e eu fico sem reação, até mesmo quando a enfermeira entra e se assusta comigo de pé com o sangue da veia escorrendo pelo meu braço caindo no chão.

Apática, eu faço o que me pedem, e quando o médico pergunta se eu estou bem, apenas me viro e me encolho, porém ao dobrar as pernas sinto uma dor estridente na cintura. O doutor percebe e me explica o que aconteceu naquela região, mas nem presto muita atenção ainda pensando no Aron. Não me deixam sair da cama durante todo o dia, chega a janta pra mim e Ben, porém sem apetite, Ben come a minha parte. Antes mesmo de escurecer, ele dorme, tiro apenas a entrada do soro, deixando a agulha com o esparadrapo, agora, na mão, desço devagar e saio do quarto pelas pontas do pé para não chamar atenção. Vestindo um pijama meu que eles trouxeram logo depois do almoço, ando mancando pelos corredores escuros do hospital.

Passo por 2 quartos, mas não encontro nem Fefe, Ryan ou Aron, quando estou chegando perto do 3° quarto vejo virando o corredor, Ryan emburrado, Fefe cansada e Kiko desanimado. Os 3 levantam os olhares incrédulos, sorrio sem acreditar que estou vendo eles, que fazem o mesmo, correm e me abraçam, o que faz a dor na cintura aumentar, mas não reclamo. Apenas abraço eles.

-Não é que bicho ruim não morre. - Disse Kiko e a gente riu com os olhos marejados.

-Depende, monstro morre. - Diz Ryan, se referindo a Jorge.

Não encaro Ryan, mas seu olho esquerdo está totalmente vermelho e tem uma cicatriz que passa por cima do olho e acaba no meio da bochecha, e outro passando pelo pescoço, além do fato de terem raspado a parte de trás da cabeça dele. Não queria, mas encaro a parte raspada me perguntando porque rasparam, se aconteceu algo com seu cérebro.

-Eu estou bem. O pior já passou. - Ele me diz e me puxa para um abraço.

Fefe tem alguns machucados e seu braço direito está com faixas, mas nada além disso.

Ouço passos rápidos, me viro e vejo Ben com cara de pai quando a criança apronta.

-O que esse filho da puta tá fazendo aqui? - Disse Fefe indo até Ben, mas eu seguro seu braço, que recua ficando do meu lado. Ele se aproxima devagar e vai até mim.

-Você não pode sair. Quer ter uma hemorragia no abdômen? - Ele diz e sinto o olhar de Fefe, Kiko e Ryan sobre mim.

-Isso não vai me matar.

-Você sabe que hemorragia no abdômen pode estourar veia cardíaca. - Cara, eu acho que quero matar o Ben falando isso na frente deles, e o pior que não posso falar nada, porque nem sei se ta certo ou não. Mas os três ao meu redor tem o olhar sobre mim. - Vamos. - Ele pega meu braço e começa me guiar. Fefe bate no braço dele que me solta, e assume seu lugar.

-Tá maluca saindo por ai? - Diz Kiko nos acompanhando junto a Ryan, enquanto Ben anda atrás de mim.

-Vai ter que ficar segurança na sua porta? - Pergunta Fefe, olho de canto de olho Ryan cabisbaixo encarando o chão enquanto anda mancando.

E nada muda até chegarmos até o quarto, onde eles se despedem e Ryan sai de cabeça baixa.

-Brenda. - Diz Ben, mas eu to pensando no Ryan, e também no fato que eu não consegui encontrar Aron.

-Me deixa. - Me viro pro lado e deixo minha mente me culminar.

Dormi que nem vi, acordo com o sol nascendo e com a brisa suave matinal, me levanto e vou até a janela, na rua umas vans pretas indicam presenças de jornalista. E isso aumenta minha necessidade de achar Aron, já que eu não quero nenhuma notícia pela TV.

Entre nós dois I ARON PIPEROnde histórias criam vida. Descubra agora