16 - Batalha de ego

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Saio do quarto, ainda com uma incerteza. Porém enquanto eu andava pelo corredor até o quarto, não resisti a colocar um sorriso em meu rosto, quem diria que logo eu e ele nos conheceríamos e estaríamos aqui. Vamos, eu tenho que parar de ser tão insegura com alguém tão bonito assim olhando para mim. Entrei no meu quarto em silêncio, mas quando deitei na cama percebi que Fefe estava acordada, ela olhou para mim.

-Sem camisa? - Fefe perguntou, mas parecia mais um aviso.

-Calor. - Falei deitando ao seu lado.

-Você já viveu esse filme antes. E sabe muito bem do fim. - Ela sabia. Como ela sabia? E por que está falando como se isso fosse ruim? Será que ela ouviu sobre o Ryan?

-Do que você está falando? O Ryan só tá indo pra europa de volta.

-Não se faz de besta. Sabe do que eu estou falando, ele não é o primeiro. Eu vi esse filme se repetir milhares de vezes. - Engoli em seco era sobre Aron, ela ia me dar uma bronca, mas por que? - Sempre foi assim, você fisga alguém e brinca até cansar. Depois joga fora com uma desculpa qualquer, porque sabe que a pessoa não vai bater de frente com você só pelo fato de você ser quem é. Assim você acha que pode fazer tudo com todos, até mesmo que inclua brincar com seus sentimentos e vidas!

-Por favor! Desde quando você guardou tanto rancor? - Disse me sentando na cama.

-O que? Por acaso foi diferente comigo? Eu caí na sua armadilha, você brincou comigo e depois foi embora e adivinha por que eu não bati de frente, porque afinal você era quem era. Ninguém ia querer ferir o ego de alguém tão exuberante! - Ela levantava da cama, eu tentava achar algo pra falar mas não achava. - Viu! Sempre foi assim e por que você escolheu, você queria que fosse desse jeito, porque achava ou melhor acha incrível lamberem o chão em que você passa e respirar o mesmo ar que você. - A porta do quarto abriu e vi de canto de olho Ryan espiar. - Eu me arrependo de não ter feito o que to fazendo agora.

-Surtar? E por que agora? Do nada?

-Porque eu cansei. Porque... porque...

-Me fala o por que. Eu não tô entendendo.

-Por que a única pessoa que você baixa a cabeça é o Ryan, então vocês acham interessante uma batalha de ego entre vocês dois. - O que ela quer dizer com isso? - Antes você sabia que tinha mais alguém que você dava ouvidos, e foi nessa mesma brincadeira de fisgar, brincar e jogar fora onde você o conheceu, e adivinha? Ele morreu! E isso vai acontecer de novo, porque você insistiu em aparecer na porra da vida dele! - Ela disse. Mesmo parecendo se arrepender no segundo seguinte, as palavras dela já rondavam minha cabeça. Ryan já estava dentro do quarto antes que percebesse. Eu encarava Fefe, ela não tinha dito o que disse, ela não tinha jogado na minha cara isso. - Eu...

-Não. - Eu olhei para Ryan, que olhava para mim como se estivesse preparado para qualquer coisa, isso inclui agressão, vomito, sequestro, tentativa de assassinato ou desmaio. - Você quer que a "brincadeira" acabe? - Perguntei com tom de sarcasmo olhando para ela, já que parecia que ela queria que eu voltasse a sobreviver ao invés de viver. Que eu me prendesse na caixa que fica embaixo do meu armário e nunca saísse de lá. Sabe por que? Adivinha? Assim eu não crio problemas, mas ninguem mandou a porra da princesa se envolver onde ninguem chamou, ela ta aqui, porque quer. A porta pra ir embora nunca esteve trancada.

Fui até o quarto de Aron, onde ele ouvia espreitando a briga e levou um susto com eu chegando de repente, puxei ele até a porta do meu quarto.

-Fique com o último ato, então, mademoiselle. - Puxei ele para um beijo, um selinho sem nada de diferente, um que qualquer pessoa daria, onde ele sentiria a mesma coisa beijando qualquer pessoa em qualquer lugar. Nenhum beijo memorável, nenhum sentimento para ficar guardado, nenhuma despedida digna, nada para se aplaudir ou emocionar. Tão insignificante que chegava a doer. Sai do beijo e prometi que o que eu tinha dito era verdade, prometi que o amor só acontecia nas telas de cinema, e tatuei na minha mente para nunca esquecer: amor e felicidade nunca podem estar juntos.

Entre nós dois I ARON PIPEROnde histórias criam vida. Descubra agora