34 - eu sempre amei ela

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Quando a máquina voltar a fazer o barulho normal, minha respiração volta e sinto um pouco de tensão ser liberada do meu corpo. 

Enquanto eu me recupero, os médicos começam a pouco se afastar e sair do quarto, e apenas quando o último médico sai junto a mãe dele, e vejo Ryan se virar de costas para me deixar "sozinha". Eu choro, me aproximo dele agora não mais entubado. Seu peito sobe e desce de maneira instável, me inclino mexendo na sua pulseira.

-Por favor, Aron. Acorda, por favor. - Tento segurar as lágrimas mas não consigo. - Acorda. Volta, Aron, prometo não fazer nenhuma merda e nem envolver você nelas, prometo assumir você até pro rato do esgoto do centro da cidade. Eu faço tudo que eu deveria ter feito quando tive a oportunidade, vou ouvir o que você dizer pra mim, se você quiser, eu largo tudo e vou viver em um chalé no interior ou até no Alasca se você preferir o frio. Só volta, por favor. - Encaro ele na esperança de qualquer sinal, mas depois de 5 minutos, quando a porta se abre, e a mãe dele e Ryan me olham pedindo que eu não me iluda, eu me levanto e no momento que minha mão esta a segundos de se solta da dele, sinto seu dedo pressionar minha palma. Olho para sua mãe surpresa.

-O que foi? - Pergunta a mãe dele.

-Ele mexeu.

-O que? - Ela se aproxima segurando a outra mão dele. A mulher abre um sorriso, provavelmente por ter tido a mão apertada pelo filho. Ela solta a mão e corre atrás do médico.

Vejo os olhos deles abrindo, e peço pra Ryan fechar a cortina evitando o sol nos olhos deles. Ele pisca algumas vezes até a visão se estabelecer. Olha para mim, ainda um pouco confuso, mas logo sorri fraco, retribuo com uma lágrima escorrendo do meu olho direito.

-Eu não morri? - A voz dele é rouca e fraca.

-Não, você tá vivo.

-Então por que tem um anjo do meu lado? - Rio, pelo fato de que nem nesse estado ele perde a oportunidade de dar acima de mim.

Depois que o médico veio eu tive que me retirar, mesmo com a relutância do Aron, eu saí. Olhei ele através do vidro, sorrindo, porque isso era o suficiente para me fazer feliz, ver que ele estava bem. Ryan me acompanhava com um semblante melhor, talvez por se culpar que nos estávamos mal, e agora ele viu que nos recuperamos.

...

Fefe recebeu alta no mesmo dia que Ryan, já eu recebi no dia seguinte do deles. Enquanto Aron teve que ficar 1 semana a mais. Um dia antes dele receber alta, a mãe dele teve que voltar pra Europa por causa do trabalho, então eu passava as noites com ele no hospital. Nesse meio tempo, todos os pedidos de reportagem que eu recebia, eu passava as informações pro meu empresário que passava pela imprensa.

-Ei gatinha. - Chamou Aron, enquanto eu roía a unha olhando para a mensagem do meu empresário perguntando se é pra contar sobre toda a história de Jorge ou não.

-Oi. - Falei ainda perdida nos meus pensamentos.

-O que foi?

-Eu preciso decidir se eu vou contar a história completa do Jorge comigo ou não. Ou seja, contaria desdo assassinato de Caio ate agora. - Aron fica em silêncio. Mas eu tomo uma decisão, vou deixar Caio descansar, a alma dele precisa ficar completamente livre e talvez assim acabe tudo de uma vez por todas. Mando toda a história por mensagem e meu empresário faz como sempre fez repassando para imprensa.

Olho para TV que na maior parte do tempo, ou está passando uma notícia sobre nosso acidente ou sobre o bebê da Rihanna ter nascido no Brasil.

Com o quarto em silêncio, além do som das notícias, eu começo a pegar no sono.

-Seria loucura eu te pedir em casamento? - Desperto instantaneamente com a pergunta de Aron.

-Cara... - Penso rapidamente nas opções do pros e contras. - Não vou opinar, você que vai pedir.

-Tabom. - Ele diz se levantando da maca, me puxando pela mão até o elevador onde ele aperta o botão do térreo. Ele bateu a cabeça no acidente? Enlouqueceu?

-Aonde a gente tá indo? - Pergunto.

-Surpresa. - Ele diz alisando a camiseta de time e a calça de moletom que ele está vestindo.

O elevador se abre, ele segura minha mão e passa pela porta do hospital, onde na calçada tem uma quantidade relevante de jornalistas.

-Olá a todos, que provavelmente estão aqui para notícias sobre nós. Então, eu aviso que nos estamos bem, e que tudo já está sendo resolvido. Mesmo assim, tem uma coisa que eu preciso fazer para me resolver. - Todas as câmeras e microfones estão apontadas para nos.

-Por que vocês estavam juntos no acidente? - Grita um repórter.

-Otima pergunta, quando eu fui pro Brasil, nos tivemos um rápido relacionamento que teve que ser interrompido porque o maluco que nos sequestrou, nos ameaçou. Mantivemos distância para cumprir o que o maluco pedia, até que ela seguiu sua vida e se apaixonou de novo, porém não sei se vocês já estão informados, eles terminaram alguns dias antes do sequestro, para tristeza dela, não para minha.

Um burburinho envolveu todos os repórteres que logo se calaram com Aron continuando a falar. E confesso estar receosa para as suas próximas palavras.

-Eu não posso mentir, eu sempre amei essa menina, desde que eu vi ela na festa de comemoração a música, eu me apaixonei. Então venho aqui. - O tom de voz dele subia a cada frase. - Assumir não só pro Brasil, mas pro mundo inteiro. Eu estou apaixonado pela artista global Brenda Mwist! E pode fazer manchete avisando que eu to namorando, mesmo tendo chance dela brigar comigo quando entrarmos pro hospital. - Encaro ele, sorrindo e envergonhada, pelo fato dele conseguir chamar atenção de literalmente qualquer pessoa que estava em um raio de 50 metros. Com os olhos cintilantes, provavelmente igual ao meu, Aron se ajoelha e pega uma daquelas caixinhas onde guarda remédio, rio. - Você, Brenda Bendy Mwist, aceita namorar comigo? Mesmo que eu esteja te oferecendo um anel, que na verdade é só um pedaço de arame. Mesmo que minhas promessas tenha sido em vão, mesmo que a loucura do coringa, realmente se tornou loucura. Você aceita me amar? - Olho dele pros repórteres ansiosos com as respostas, sorrio alegre.

-Claro que sim, seu doido. - Digo e ele levanta, me beijando. Com o sentimento de saudades e medo que a gente sentiu durante as últimas semanas, é esse o sentimento que a gente compartilha naquele momento com flashes incessantes na nossa direção, tentando captar cada segundo daquele momento.

Entre nós dois I ARON PIPEROnde histórias criam vida. Descubra agora