18 - Alerta Babaca!

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O clima está quente e tenso. Me viro para fechar a porta da garagem, e quando volto o olhar para eles, Aron está balançando a cabeça incrédulo.

-Sério? Queria mostrar que não foi mentira? - Ele diz ainda incrédulo, mas não consigo entender o que ele poderia estar se referindo. Aron olha para Ryan e Fefe, vem até mim e me puxa até a garagem, fechando a porta logo depois que nos entramos.

A gente se olha, talvez esperando o outro falar primeiro, mas sinceramente eu só queria que ele me abraçasse e me dissesse que me ama mesmo depois de ontem, que ele ainda quisesse que fosse dele, que ele vai continuar a prometer todas as loucuras que eu disse ontem. Por favor, que isso aconteça, ou que eu acorde e veja que dá tempo de fazer uma escolha mais racional.

Porém, ele ri e passa a mão pelo cabelo, e olha para mim ainda parecendo ingerir. Então, não, não vai acontecer o que eu queria.

-Por que? Me diz. - Aron diz. E eu percebi que machuquei ele, mas juro que não queria. Tento achar palavras certas para o que falar.

-Desculpa.

-Eu não quero desculpa, BB. Eu quero explicação do porque você foi pra cama com ele. - Ele dizia olhando nos meus olhos. Mas peraí? Ir pra cama com quem? Do que ele tá falando?

-Oi?

-O que foi? Quer dizer que a rainha da favela não foi junto com o rei da favela curtir a noite bêbados e sem roupa? - Não, ele não vai me acusar disso também.

-Claro que não, porque todo mundo tá pensando assim? - Realmente, eu e o Ryan somos próximos, mas ultimamente todo mundo acha isso.

-Será que você não percebeu que tá com uma blusa dele.

-A minha ficou suja. - Agora parecia que a mesa tinha virado, e quem parecia incrédula era eu. - O que não é surpresa que nós realmente enchemos a cara, mas nada mais.

-Ta, eu não posso contradizer. - Ele dizia não tendo acreditado nas últimas palavras que eu acabei de dizer. - E aquele beijo? O que foi aquilo? - Um ato desesperado, mesmo com medo de te perder. - Na verdade, não precisa dizer. O Kiko já me explicou. - O KIKO? - Quer pintar seu troféu de dourado? Ou melhor que tal um palhaço? Afinal eu prometi todas aquelas merdas para no segundo seguinte, você alcançar sua "gloria". Eu não vou fazer uma bagunça na minha vida por você, não vale a pena, alguém como você não vale a pena. Talvez outra assim, talvez até a Fe... - Não. Não... por favor, isso já é demais. Eu não quero que ele termine a frase, não quero explicação, só suposição, o que ele disse já foi o bastante para me magoar, eu não preciso de mais machucados. Mas algo mais forte me faz perguntar.

-Fe o que? Termina sua frase, agora! - Meu peito subia e descia, minha respiração estava rápida, e meus olhos queriam chorar, mas eu me segurava. - O que você quer dizer? FALA ARON!

-Que talvez a Fefe vale mais a pena do que você. - Ele disse de uma vez, um só soco. - Não, foi você que me ajudou ontem. - Ajudar com o que? Ele quer os holofotes nele ate quando não é com ele? - Foi ela. E... você quer que eu realmente coloque as cartas na mesa? - Não, eu não quero, eu quero acordar, quero que esses últimos minutos sejam mentiras, quero voltar pro momento que conheci ele e não deixar ir embora. Quero que isso seja uma pegadinha. Eu quero fingir que nada aconteceu, e voltar a amar ele como ele também me amava. - Então eu coloco. Eu posso ter ficado com ela, mas...

-Sem mas, sem porém. Apenas um obrigado por fazer eu nunca mais acreditar nas palavras de ninguém. - Digo e ele parece engolir em seco.

-Você deixou. - Esse garoto não podia ficar simplesmente quieto, olhei pra ele com uma expressão de "sério mesmo?" - O que foi? Agradeça por não termos transado, afinal a gente não tava em um relacionamento sério, não estávamos namorando, e talvez só de madrugada eu percebi que você estava certa quando vocês são apenas uma transa fácil. - EU VOU ESMURRAR ESSE FILHO DA PUTA. Mas eu respiro e me acalmo. - Eu amei seu corpo, não você, além... - Não me interessa o que ele iria dizer nos próximos segundos, eu não ouvi, todas suas palavras já tinham me machucado o suficiente, não que isso perdoe o que eu fiz, mas não precisava me humilhar tanto assim. Ele continuava a falar, mas eu não queria ouvir ele, ou ver ele, ou lembrar dele. Quero que ele, sua voz, seu corpo e as memórias que eu tive com ele ou com a versão que eu me apaixonei sumam e evaporem. Talvez possa até levar a Fernanda junto, eu não me importo, não mais, afinal para um beijo acontecer os dois tem que querer, e ela quis.

Entre nós dois I ARON PIPEROnde histórias criam vida. Descubra agora