26 - Amar é deixar ir

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Eu to fazendo vocês sofrerem, deixo pular pra daqui alguns meses, quando a história muda radicalmente.

Acordo com um beijo quente de Caio na bochecha, abro os olhos lentamente. Ele está deitado ao meu lado na cama sem camisa, mas eu não estou muito diferente. Queria acordar todo dia assim, e na verdade, isso não tá muito longe. Depois de 1 mês da morte da minha mãe, comprei a antiga casa da mãe do Caio, aquela onde teve toda a situação com os homens e o cachorro. Deixei uma parte do dinheiro da herança investindo em ações, enquanto com o resto tentava arrumar o máximo possível que eu conseguia da casa.
Ele levantou da cama só com uma cueca preta boxer, o encarava entrando no closet e saindo vestindo um shorts de futebol, enquanto procurava entre roupas bagunçadas seu casaco, Caio percebe meu olhar.

-Ta me olhando torto, porque? Olha que eu te pego na saída. - Dizia irônico.

-Foi mal ai, mas ta lindo demais. - Digo e ele se vira para ficar de frente. Apontando para ele.

-Todo seu. - Ele diz e eu sorrio. Em seguida ele estica os braços iguais aos corredores e faz biquinho.

-Você adora uma pose. - Digo e ele joga o cabelo imaginário. Rio, ele não acha o casaco então volta a deitar.

Me encosto nele, bocejando, ele passa o braço sobre mim.

-Sem dormir. - Ele diz, e coloco o queixo no seu peito para olha-lo. - Eu vou fazer surpresa hoje, mas não agora de manhã, tá muito calor.

-Como assim?

-Nosso aniversário de 2 anos. - Ele diz sem ressentimentos, mas fico surpresa.

-Dois!? - Tento fazer as contas na minha cabeça, e percebo que a conta tá certa. Ele ri de mim.

-Agora que a gata miau acordou de verdade. - Ele me olha feliz - Nada de aprontar, eu vou fazer a surpresa de namoro esse ano.

-Cuidado com a declaração, ano passado eu não sabia se te esganava ou te beijava.

-Porque? - Pergunta ele cínico, reviro os olhos.

-Você postou foto minha horrível, e isso inclui de eu chorando, caindo no mar, pós-pt, levando tombo, entre outras.

-Tudo bem, já tenha a foto pra esse ano. - Caio rindo.

-Não, dá o celular que a gente vai tirar outra. - Digo

-Meu celular tá no meu casaco. - O casaco que ele não achou. Giro na cama, e pego o meu. Tiramos algumas foto na cama mesmo, mas agora decentes. - To de olho em você.

-Tabom, ano passado eu esqueci da foto de você queimando a comida. - Olho para ele pensativa, depende de qual das vezes, pode ser que a foto não seja ruim. - Você é bonita de qualquer jeito. - Diz e me beija. E peço que não seja necessário outro amor, que nossas vidas se cruzaram porque era pra ser, não quero sair daqui, quero ele, e o sentimento de vida que nos sentimos desde os 16 anos quando os seguranças nos expulsaram de um centro de reabilitação perto da Praia Vermelha no Rio, e nunca mais nos separamos. Quero nos isolar do mundo, e pedir pra viver apenas esse momento. Deixar esse local do meu coração que ele chegou, ninguém ultrapassar. E não me importar em ele se tornar meu ponto fraco, senti meu coração acelerar ao lembrar dele, meu sorriso iluminar, os seus olhos brilhantes igual ele faz comigo, e que essa loucura de dois jovens soltos nunca acabe, que nos podemos sentir a vida pulsar dentro de nós. E agradecer por ter sido forte e não ter desistido, ou por ele ter me salvado.

Mas o momento acaba, o sentimento não, isso vai ser difícil. O telefone toca e não era o meu, e sim o de Caio, saímos do beijo e procuramos pelo quarto tendo como guia o toque.

Entre nós dois I ARON PIPEROnde histórias criam vida. Descubra agora