Capítulo Quatro

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— O que você andou comendo, hein? Está um chumbinho de pesada, filha. — Eu rio da tentativa do Roger em subir as escadas com Nina nos braços.

— Que isso hein! Não está aguentando uma criança de cinco anos, Roger? Achei que fosse mais forte. — Brinco.

— Não vou nem falar nada, Alícia — ele me encara segurando o riso.

— Anda, entra e não faz barulho ou você vai acordá-la.

Roger coloca sua filha em cima da cama e puxa o ar tentando recuperar o fôlego.

— Tem certeza que ela pode ficar aqui com você?

— Já disse que sim. Ela não vai me incomodar e eu nem queria mesmo dormir aqui sozinha. Aqui é lindo e tudo, mas esse dossel me dá certo medo — ele esboça um riso.

— Medo de que?

— Sei lá, embora a madeira seja linda, esses arabescos me lembram filme de terror. Não quero ficar aqui sozinha.

— E você acha que minha filha vai te proteger de algo? Você que deveria estar passando segurança a ela e não o contrário.

— Ah Roger, vai dormir! — digo me sentando na poltrona ao lado da cama, ele começa a rir e se dispõe a retirar os sapatos da filha.

Recosto-me por completo na poltrona e o observo calmante. Roger realmente é um homem e tanto, verdadeiro pacote completo. Seu porte esportivo, seu maxilar másculo, a barba por fazer que dá um ar de homem viril e até seus óculos de grau que de vez em quando fazem presença em seu rosto o deixam sexy. Não vou negar que sua ex tinha um pouco de razão em ter ciúmes, ele sem dúvida é um homem difícil de esquecer e de não admirar.

Ele tenta acordar sua pequena para que troque de roupa. Até que segundos depois nossos olhos se cruzam e ficam assim até que ele cria coragem e se levanta da minha cama.

— Vou pegar uma roupa mais confortável para que ela durma.

— Ok! — digo de onde estou.

Ele sai do quarto em direção ao seu que é no outro corredor. Levanto-me e pego um robe para poder retirar o vestido de festa. Encaro meu rosto no reflexo do espelho do banheiro e mesmo com a maquiagem um pouco mais clara do que estava e o cabelo mais bagunçado, ainda me sinto linda. Há um brilho diferente em meu olhar e nem se pode dizer que é por conta do álcool, tendo em vista que não o consumi. Estou mais sóbria do que quando nasci e não me arrependo disso, foi um tanto divertido acompanhar os passos de danças das pessoas mais embriagadas devido às várias taças de champanhe.

***

Estava caminhando de volta até minha mala quando Roger entra no quarto. Ele deposita a roupa de Nina na cama e tenta novamente acordá-la.

— Filha, vamos trocar essa roupa. — Ele diz carinhosamente.

— Precisa de ajuda? — pergunto.

— Por favor! Esse chumbinho aqui apagou.

— Ela está cansada, correu a noite inteira — coloco o robe em cima da cadeira e subo na cama segurando a barra do meu vestido. — Segure-a enquanto desabotoo aqui atrás.

Agora quem observa é ele. Roger segue atentamente minhas mãos enquanto o ajudo. Retiro o vestido e ela coopera mesmo sonolenta. Colocamos seu pijama e ela volta a dormir, agora coberta por um edredom fofinho.

— Pronto! — digo.

— Você será uma ótima mãe. — Ele diz dobrando o vestido e o colocando em cima da poltrona que antes eu estava sentada.

— Obrigada!

O ar ficou quente ou sou eu que estou com calor? Alguma coisa está errada. Pego o robe e o abraço, precisava de algo para segurar. Sinto-me nervosa perto dele, e não sei o porquê. Sempre me senti estranhamente confortável ao seu lado, mas ultimamente tenho ficado nervosa ou sem saber o que fazer.

— Melhor eu ir... Se precisar de algo estarei no outro corredor. — Ele diz apontando para trás.

— Ela ficará bem.

Sorrio.

— Eu sei que sim — ele se vira e caminha até mim. — Boa noite, Alícia. — Roger segura meu rosto com as duas mãos e encara meus olhos como se fosse beijar meus lábios. Eis que ele deposita lentamente um beijo em minha testa e sai em seguida.

— Boa noite, Roger. — Sussurro.

***

Sinto meu sangue ferver em desejo, quando seus lábios tocam minha pele. Seus olhos brilham intensamente ao ver que estou abraçando seu corpo nu. Senti-lo dentro de mim me faz querer ficar assim o resto da minha vida. Sua língua desliza na curva do meu pescoço enquanto arranho a pele de seu braço, desejando que ele entre cada vez mais fundo em mim. Gemo seu nome quando sinto que irei explodir em desejo, e é nesse momento que ele fixa seu olhar no meu.

— Você não faz ideia do quanto desejei esse momento. — Ele diz e me beija, deixando nossos corpos seguirem o ritmo quente e prazeroso.

***

Acordo molhada e excitada. Nina ainda dorme feito uma pedra, então corro e tomo um banho. Precisava espantar o sonho erótico que tive com seu pai. Eu só posso estar louca. Onde já se viu sonhar com o Roger! Não o Roger, definitivamente, ele não!

Assim que termino, já estou mais calma e pronta para me vestir. Isso se por um acaso ele não estivesse sentado em minha cama só de bermuda de banho. Enquanto eu estou enrolada em uma toalha, precisando novamente de um banho, só que agora, gelado.

— Oi — ele diz após me olhar dos pés à cabeça. — Desculpe não imaginei que você estivesse tomando banho, pensei que ainda dormiam.

— Acordei ainda pouco. — Tento não tocar no assunto banho, já está sendo vergonhoso demais estar assim na frente dele. Ainda mais com sua filha agora acordada.

—Vamos para a piscina? — ele diz para Nina que agora se senta na cama.

— Oba! Eu adoro piscina.

— É melhor eu terminar de me arrumar. — Tento sair pela tangente, mas sou impedida por uma criança muito animada.

— Eu vou fazer xixi, tia.

Nina entra no banheiro, deixando seu pai esculturalmente sem camisa caminhando a passos lentos em minha direção, com um olhar sexy. Cacete! O que ele está fazendo?!

— Eu preciso ver isso mais de perto — ele diz e um sorrisinho brota em seus lábios.

— Ver o que? — engulo em seco.

Roger faz encostar-me contra a parede, diante de seus passos. Minha respiração está acelerada, meus lábios secos e meu coração parece querer pular para fora do corpo. Fora que minhas pernas desejam envolver sua cintura do mesmo jeito que fizera no sonho.

— Está nervosa, Alícia?

— Nã-não. Nenhum um pouco, Roger. — Aliso a toalha enrolada em meu corpo, tentando parecer natural.

— Você está corada — ele sorri. — Linda! — ele coloca sua mão sobre meu queixo e aproxima seus lábios e quando eu achei que o tocaria, eis que surge Nina.

— O que vocês estão fazendo? 

Vidas Cruzadas ( COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora