Epílogo

38 5 4
                                    


Bento nasceu forte, saudável e a cara da Nina quando bebê, ou seja, mais uma xerox do papai Roger, que por sinal não para de me paparicar.

— Ele é tão lindinho!

Nina diz ao observar o irmão dormir em meu colo.

— Vocês dois são lindos!

Meu pai diz e todos ao redor confirmam.

Estávamos aqui em casa, um mês após o nascimento do Bento. Reunimos a família para almoçar. Carina, Théo, os pais da Carina, minha mãe, os pais do Roger e meu pai que agora é figurinha constante no Brasil e eu tenho amado esse tempo que passamos juntos.

— Eu acho que agora o vovô Louis pode morar aqui pertinho da gente, não é vovô?!

— Você gostaria disso, minha linda?

Meu pai pergunta.

— Sim! Agora a gente ia poder pedir juntos mais um bebê. Um só é muito pouco.

Roger e eu nos entreolhamos em desespero, afinal, acabei de parir e nem tão cedo estamos pensando em mais um bebê.

— Ainda vai levar um tempinho, meu amor. Primeiro vamos curtir muito ainda você e seu irmão e só depois iremos pensar se queremos ou não mais um neném na casa.

Roger responde.

— Mas vocês também não sabiam que queriam meu irmãozinho, e foi o vovô que ajudou vocês a se decidirem, não foi vovô? Conta pra eles.

Meu pai fica vermelho parecendo que comeu pimenta. Eu o encaro e ele tenta desconversar.

— Nina meu amor, o vovô tem caducado bastante...

— Pai? O que foi que você fez?

Tento organizar minhas ideias, pois todas ás vezes que penso na viagem até Miami, flashes do meu pai me vem a cabeça.

Estamos todos esperando uma resposta, mas consigo ver olhares cúmplices ao meu pai, minha mãe, Carina e até mesmo Théo, parecem saber de algo que nós não sabemos.

— Filha eu não fiz nada que pudesse te prejudicar e lembre-se que papai te ama e que ele só queria o seu bem. E que mesmo tentando eu não sabia que daria certo. E eu poderia ficar furioso, já que os dois não estavam se prevenindo, não é mesmo?

O rubor em meu rosto se faz presente.

— ... estamos recheados de doenças nesse mundo e vocês não lembraram disso, não é?! E outra coisa, seu pai está velho não ia aguentar esperar muito tempo para mimar meus netos.

— Pai o que foi que você fez?

— O vovô trocou o seu remédio para dor de cabeça por balinhas que comprou pra mim, mamãe!

— Niiiina!

Minha mãe, Carina e meu pai a repreendem.

Nina desembucha de uma só vez e como um filme, toda a cena do meu pai comprando as balinhas que pareciam remédios, a falsa dor de cabeça e aparecer do nada atrás de mim guardando as mesmas balinhas no potinho me veem a cabeça como um estalo e assim eu consigo enxergar que eu não tomei a pílula do dia seguinte e sim um falso remédio.

— Papai, como o senhor poder fazer isso?

Precisei colocar Bento em seu carrinho depois disso.

— Eu sei que errei, que não deveria ter feito, mas pense em como sua vida mudou para melhor depois desse ato impensado meu...

— Eu sei pai, mas ... Não consigo nem dizer algo.

— Meu amor, pense pelo lado positivo. Eu entendo que o que seu pai fez não deveria ter sido feito, mas por outro lado talvez não estaríamos aqui juntos, com essa família linda que formamos.

— Isso, filha. Pense nisso... Boa eu genro!

— Mesmo assim, foi errado.

— Errado pra quem?

Carina pergunta

— Amiga eu sei que neste momento você pode não assimilar a grandiosidade da situação, você está confusa e tentando entender. Mas como o seu pai disse, vocês dois não estavam se protegendo do contrário o Bento hoje não estaria aqui, e o que ele fez foi só dar uma mãozinha ao destino.

E para minha surpresa todos concordam que o feito do meu pai não foi tão ruim assim, e eu sei que não foi. Se não fosse por ele, eu realmente teria tomado a pílula e hoje poderia não estar aqui com meu filho nos braços, muito menos com Nina e Roger, ou seja, meu pai me ajudou a ter novamente a esperança de dias melhores.

— Quando eu desci as escadas e vi aquela sacola da farmácia em cima da bancada e ao espiar o que tinha dentro, meu coração se despedaçou. Eu não queria te ver perder a chance de novamente gerar em seu ventre uma criança, por mais que você não acreditasse que isso seria capaz de acontecer de novo. Eu queria e precisava acreditar, sonhar que um dia, não importava quando teríamos alguém correndo de novo dentro de casa.

Eu estava chorando neste momento abraçada por meu pai e emparada por Roger.

— Eu não me arrependo de ter jogado aquela caixinha fora, nem de ter fingido uma dor de cabeça ao impedir que você tomasse a pílula e muito menos de trocar os comprimidos por balinhas. Mas sei que foi errado invadir assim sua vida, eu só não aguentava mais te ver sofrer meu amor. Você foi a única coisa certa que eu fiz na vida e te ver sofrer me fazia sofrer. Eu te amo filha!

Eu também te amo pai!

Diante do momento em que estou vivendo hoje, não consigo ficar com raiva pelo o que meu pai fez. Mas ele melhor do que ninguém sabia de todo o meu desejo, te todos os meus sonhos, além de saber exatamente que eu fui exclusivamente para Miami para engravidar e realmente foi o que aconteceu, não da forma que eu planejei, mas da forma que o destino quis que acontecesse, e eu de verdade não mudaria nada do que rolou, pois hoje tenho dois filhos lindos, amorosos, tranquilos e tão desejados por mim, por nós, pois Roger continua sendo aquele mesmo cara gente boa de sempre. Um cara que cuida, zela, dá amor e carinho e não pensa duas vezes em colocar suas vontades em segundo plano para poder satisfazer os sonhos dos nossos filhos. E foi isso o que sempre sonhei ter na

vida.


Corra atrás dos seus sonhos e nem por um segundo deixe de acreditar no amor.

Alícia Carter Marinho.

Fim

Fim

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Vidas Cruzadas ( COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora