— Suas mãos estão geladas.
Roger segura minhas duas mãos e as beija carinhosamente.
— Estão demorando, não estão?
— A recepcionista disse que te chamava em cinco minutos. Não passou nem dois... relaxe.
Roger insistiu para me acompanhar até a clínica, mesmo eu dizendo que não precisava, mas depois de chegar aqui, que sorte a minha ele estar presente. Meu coração está disparado e tê-lo puxando assunto sobre coisas banais me tranquiliza.
— Falei com a minha mãe sobre Nina vir pra cá.
— E o que ela falou?
— Ela gostou da ideia, disse que a traz e aproveita para fazer umas compras para o meu apartamento.
— Isso é bom! As lojas de departamentos de Orlando são ótimas.
— Já vi que vocês três soltas por aí, teremos prejuízos.
— Senhorita Alícia Carter... — a enfermeira me chama.
Novamente o nervosismo cresce dentro de mim. Roger fica me esperando na sala de espera. O médico fez milhões de perguntas e me pediu um exame que fiz na hora. Ele queria ver quantos folículos havia dentro de mim e depois de vários termos eu entendi que estava saudável para engravidar e que não haveria problema algum, tanto naturalmente quanto por inseminação. Fico um pouco mais tranquila. Odeio ter que novamente fazer inúmeros exames, passar horas dentro de clínicas e ficar na espera por uma resposta positiva, já que no passado as únicas coisas que eu ouvia era: "sinto muito", "não podemos fazer mais nada", "não" ...
Tempos depois, me foi entregue papeis com inúmeras perguntas, desde a cor de pele, olhos, cabelos.... Senti-me em um supermercado escolhendo o que levaria para casa.
***
— Ainda olhando esse papel? — Roger senta ao meu lado.
— Não consegui pensar em muita coisa. São muitas características para um possível "pai"... Não sei se consigo terminar isso.
— Posso ver o que você já fez? — ele estende sua mão e eu entrego os papeis a ele. — Vamos lá!
Ele lê calmamente cada pergunta e diz:
— Seu filho vai sair a minha cara — ele sorri me deixando confusa.
— Como assim?
— Cabelos castanhos escuros, pele clara, sem doenças hereditárias na família, com hábitos de leitura, faça esportes, grupo sanguíneo O ou A, altura 1,80 m, nível superior de escolaridade.... É eu tenho um jeito mais fácil de você ter um filho meu — ele solta uma risada gostosa de ouvir.
Não tinha me tocado que estava descrevendo o Roger, não mesmo. E embora parecesse que sim, não estava pensando necessariamente nele. Estava mais com Ben Affleck em mente.
— Não foi intencional, mas não seria nada mal ele parecer contigo em gênio, inteligência e beleza — digo e ele sorri ao se aproximar.
— Então eu sou bonito, inteligente e tenho um gênio maravilhoso?
— Claro que é! Qualquer pessoa vê isso. Você é bonito e sabe disso.
— Devo reconhecer que uma criança com a nossa genética, realmente seria linda. Se puxasse o lado da mãe então... — eu gargalho, mas é de nervoso.
— Não fala besteiras, Roger. Nina é linda e não se parece em nada com a mãe. Ela é do dedo do pé ao fio de cabelo, completamente sua cara.
— É! Minha filha é a minha cara. Ainda bem, né! — confirmo com a cabeça.
— Isso é uma afronta a nós mulheres. Passamos nove meses com a criança no ventre pra elas saírem à cara de vocês, homens. — Ele ri animado.
— Não temos culpa!
Roger se levanta, beija o topo da minha cabeça e sai da sala.
***
Dois dias depois...
— E como estão as coisas por aí? — Carina pergunta.
— Estão bem!
— Vai Alícia, não me esconda nada. Sua carinha está borocoxô.
— Só estou cansada, amiga. Não é nada, não se preocupe. — Sorrio.
— Fiquei sabendo que Nina vai passar uns dias com vocês.
— Isso, ela chega amanhã.
— E como você vai fazer com seus exames? Idas a clínica? Seu pai também está para chegar, não é?
— Sim, sabe como meu pai é, a qualquer momento ele aparece... Roger quer levá-la aos parques da Disney e eu achei isso legal. Ele falou que da outra vez que a trouxe, ela era muito pequena.
— Tipo passeio em família? Hum, estou adorando isso!
— Lá vem você com essa conversa de novo. Já falamos sobre isso... — Vejo Roger se aproximar.
— Ele está aí? — ela pergunta, pois me vê olhando a frente.
— Estou aqui! Oi Carina. — Viro o celular para Roger poder falar com ela.
— Oi querido Roger! Espero que a conversinha de meia hora que você teve ontem com o Théo, tenha surtido efeito. — Roger fica sem graça e eu curiosa. O que a Carina sabe que eu não sei?
— Acho que podemos conversar sobre isso depois, quando voltarem. Não quero atrapalhar o papo de vocês. — Ele diz desconversando.
— Vocês vão ficar falando por código?
— Não estamos falando em código — ele diz. Roger beija meu rosto e sai indo até a cozinha.
— Então amiga, eu preciso desligar, Théo está me chamando. — Carina finge estar ocupada.
— Carina Molina, não me esconda... — ela se despede.
— Tchau querida, até amanhã.
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Vidas Cruzadas ( COMPLETO)
RomanceAlícia tem uma vida tranquila, harmoniosa e rodeada de pessoas que a ama, mas nem sempre foi assim. Hoje ela é uma mulher determinada a realizar seus sonhos e conquistar seus objetivos. Entretanto, os traumas do passado a fizeram desacreditar no amo...