— Que carinha é essa? — Roger me abraça por trás enquanto retiro as compras da sacola.
— Meu pai e sua impulsividade... Onde eles estão?
— Na piscina, seu pai está ensinando Nina a nadar. — Ele beija meu ombro. — O que você acha de vir tomar um iogurte comigo e Nina mais tarde? Seu pai disse que vai ficar trabalhando.
— Acho ótimo. Só preciso terminar isso aqui e podemos ir. — Sorrio e ele segue até onde Nina está.
Pego a caixinha de remédios com o único comprimido que me sobrou e o retiro jogando em seguida a caixinha fora e vou terminar de guardar as compras. Já se passaram algumas horas desde que Roger e eu transamos, mas aqui está até 72 horas e ainda não tem tudo isso. E se for contar a minha falta de folículos é pouco provável que aconteça algo.
— Pensando em que? — papai aparece na cozinha.
— Na vida e em como ela nos prega cada peça. Você não estava com a Nina? — digo e vou até a geladeira pegar água.
— Sim, estava, mas preciso trabalhar um pouco. E é verdade minha filha. A vida nos prega cada peça que se você for reparar... temos que aproveitar as oportunidades que ela nos dá. Às vezes o destino nos é o maior aliado.
Pego uma garrafinha de água e sigo novamente até a bancada onde deixei o remédio. Ainda bem que o tirei da cartela ou meu pai faria mil perguntas, já que ele está na mesma bancada mexendo nos sacos de balinhas.
— Ainda com dor de cabeça? — ele pergunta preocupado.
— Sim, mas já vai passar!
— Ah vai sim, esse remédio é muito bom. Já não sinto mais nada. — Sorrio internamente. Mal sabe ele que o que ele tomou não é exatamente um analgésico.
***
— Falei com o Théo mais cedo, ele quer marcar um churrasco na casa deles quando voltarem. — Roger diz enquanto dirige.
— Carina me disse ontem sobre esses planos... você e o Théo conversaram... — tento perguntar se Théo sabe sobre nós, sem que Nina perceba nossa conversa.
Roger me encara e sorri e quando eu ia dizer algo, Nina nos interrompe.
— Papai, já chegamos?
— Já filha. — Roger estaciona o carro.
Ao sairmos ele segura a mão de Nina para atravessarmos o estacionamento e me encara. Eu simplesmente fico quieta, não sabia o que pensar sobre o que exatamente está acontecendo entre a gente. Seria só sexo? O que ele espera que aconteça? Estou começando a ficar confusa sobre o que eu sinto por ele.
— Eu quero o de baunilha, papai. E você tia, vai querer qual? — Nina me chama para a realidade.
— Hum, eu quero de morango. — digo fazendo cara de pensativa.
Nina e eu estávamos entretidas pegando nosso iogurte frozen, colocamos frutas e calda enquanto seu pai pegava o dele. Decidimos nos sentar e tomarmos nosso iogurte ali mesmo. Nina muito falante começa a fazer perguntas.
— Tia?
— Sim meu bem.
— Você gosta de morar aqui com o seu pai?
— Sim, eu gosto. Você gosta de ficar com seu pai? — pergunto e ela o encara, depois olha novamente pra mim.
— Sim! Ele é chato às vezes, mas minha avó diz que é coisa da idade. — Seguro uma gargalhada colocando a mão na boca que está cheia de iogurte.
Roger sorri encarando sua pequena que também sorri.
— Então quer dizer que estou velho? Muito engraçado, dona Nina...
— Vovó que diz isso, papai. — Ela sorri mostrando os dentinhos sujos de calda de morango.
— Sua avó está certíssima. Seu pai está ficando velho mesmo, consigo até ver uns cabelos brancos crescendo aqui do lado. — Entro na brincadeira.
Nina sorri contente ao me ver passar a mão na lateral da cabeça de seu pai, mostrando onde disse que havia cabelos brancos. Roger gargalha e nos propõe um desafio.
— Estou velho, né? — ele diz e confirmamos com a cabeça. — Quero ver então as duas me vencerem em uma corrida.
— Sério que você vai mesmo querer competir contra uma criança de cinco anos e uma mulher de rasteirinha? — digo.
— Está com medo de perder, Alícia?
— Eu não estou! Vamos tia, vai ser moleza ganhar dele... Ele não está em forma. — Nina cochicha a última parte colocando a mão na boca para que apenas eu veja o que ela disse, entretanto, seu pai também a escuta e fica de boca aberta sem saber o que responder.
Gargalho.
— Então tá! Hoje antes do jantar nós três apostaremos uma corridinha na frente de casa. Quem vencer será paparicado todo o dia de amanhã, combinado? — digo.
— Como serei eu o vencedor vou querer demonstrações de amor e carinho das duas a cada dois segundos.
— Vai achando que você será o vencedor. — digo eNina
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Vidas Cruzadas ( COMPLETO)
RomanceAlícia tem uma vida tranquila, harmoniosa e rodeada de pessoas que a ama, mas nem sempre foi assim. Hoje ela é uma mulher determinada a realizar seus sonhos e conquistar seus objetivos. Entretanto, os traumas do passado a fizeram desacreditar no amo...