Capítulo doze

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Roger e eu mais uma vez trocamos carícias, tomando todo o cuidado caso Nina acordasse no outro quarto e procura-se por ele. Logo que acordei, lembrei que não havia mexido na sacola da farmácia. Ao chegar à cozinha encontro meu pai com uma enorme xícara de café sentado a mesa, lendo jornal em seu iPad.

— Bom dia! — indo de encontro com a sacola que havia deixado em cima da bancada.

— Bom dia minha filha. Dormiu bem? — ele beberica seu café.

Decido não o responder por saber exatamente o tipo de conversa que ele quer ter. Meu pai também acha desnecessária essa ideia de eu ser inseminada. Segundo ele, não importa se o pai do meu filho vai ser bom ou não, o que importa é que essa criança seja concebida da forma natural e que pelo menos aja um carinho entre ambas as partes. E o que aconteceu no passado deve ser esquecido.

Mexo e remexo a sacola e não acho a caixinha com os comprimidos. Retiro todos os produtos que comprei junto e nada da caixinha.

— Algum problema, querida?

— Não é nada, papai. A farmácia esqueceu-se de entregar um creme que comprei. — não vou dizer ao meu pai que na verdade estava atrás da caixinha de pílulas do dia seguinte. É muita coisa para o café da manhã e muita informação para o meu pai.

— Eles com certeza devem ter se enganado. Ligue e pergunte.

— Farei isso mais tarde. Agora preciso de cafeína e uma boa conversa entre pai e filha, faz tempo que não temos isso. Sinto falta!

— Acho ótimo, assim posso aproveitar e te perguntar como é mesmo o nome do meu genro.

— Papai, Roger e eu somos apenas... — procuro as palavras certas. — Ele não é meu namorado.

— Então o que vocês têm é um relacionamento aberto? Ele concorda com o que você quer fazer?

— Não papai.... É complicado.

Caminho até a geladeira e depois de abrir e não pegar nada, a fecho e vou até o armário e pego ingredientes para fazer panquecas. Não demora muito, Nina aparece na cozinha com seu pai.

— Bom dia! — os dois dizem em uníssono.

— Bom dia. — respondo sorridente ao receber de Nina um abraço forte e um beijo.

Nina olha meu pai que também a encara, até que ele decide falar.

— Então você é a famosa princesa Nina? — ela sorri e se aproxima dele.

Roger me encara e com um gesto lento se aproxima.

— Está tudo bem? — ele pergunta baixinho.

— Sim! Como ela está?

— Sonolenta e cansada, mas animada para ir à Orlando.

— Olha se vocês quiserem eu posso falar com o Justin e ele me empresta a casa que tem lá. — Meu pai diz.

— A casa dele é longe, pai. Queremos algo mais perto. Quanto mais perto for, melhor.

— Deixem comigo.

— Nós não queremos atrapalhar. — Roger diz.

— Não está atrapalhando em nada, meu garoto. A felicidade dessas meninas será a minha.

Meu pai parece estar encantado com Nina. Ele faz todas as suas vontades e até o momento estampa um sorriso gigantesco no rosto. Roger demonstra felicidade e conversa sobre música e investimentos com meu pai. E até quando meu pai promete a Nina que irá conosco aos parques ele se mostra animado. Principalmente quando meu pai disse que também a levará a gravadora para que ela veja de perto como as cantoras e cantores que ela gosta, trabalham para gravar as músicas. Meu pai demonstra ter uma paciência digna de avó babão com Nina, e ela adora.

Quando meu pai e Nina saem para ir à piscina depois do café, Roger se aproxima e pergunta:

— E a garota que chegou com ele ontem?

— Já foi. Eu vou precisar ir à farmácia, ok?!

— Aconteceu alguma coisa?

— Não, eu só irei buscar o creme que eles se esqueceram de mandar.

Roger faz uma cara de confuso, mas nada diz.

***

Estava a caminho da área externa para avisar que sairia. Até que meu pai tem a grande ideia de ir junto.

— Pai eu não vou demorar.

— Tudo bem, mas eu posso dar uma volta de carro com minha filha? O que há? Está com vergonha de andar com seu velho pai? — bufo internamente milhões de vezes.

Ele insiste tanto que não tive mais como recusar.

Dentro da farmácia o enrolei o quanto pude, até que meu pai estivesse distraído o suficiente para que eu comprasse as pílulas. Ele comprou algumas balinhas que imitam remédios, disse que Nina iria adorar a bugiganga, docinhos entre outras coisas. Aproveitei e comprei uma garrafinha de água para poder tomar a pílula o mais rápido possível. Assim que entramos no carro, pego a garrafinha de água e o comprimido.

— O que é isso? Está sentindo algo?

— Estou com dor de cabeça, só isso. — Minto descaradamente.

— Jura que isso é analgésico? Filha... — ele toma o remédio da minha mão e no mesmo instante o coloca na boca. — Você adivinhou. Estou morrendo de dor cabeça.

— Pai?!

Ele bebe toda a água da garrafinha e eu sigo frustrada para casa.

Vidas Cruzadas ( COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora