Capítulo vinte

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Théo e Carina me deixaram em casa, enquanto Roger e Nina foram para a sua. Já estava de banho tomado, indo me deitar quando o interfone toca e o porteiro avisa que Roger estava na portaria esperando que eu o liberasse para subir. E quando a campainha tocou e eu abri a porta vi seu largo sorriso e seus olhos me encarem.

— Não consegui ir para casa. Espero que não me mande embora!

— Eu não faria isso! — ele sorri e me abraça.

Fecho a porta logo atrás de nós para depois ser beijada por ele.

Roger me leva para o quarto ao mesmo tempo em que me beija, não sei como não derrubamos nada do corredor até o quarto, pois não víamos nada a nossa frente, somente nós dois e o desejo em nos amarmos.

Ele me agarra em seus braços e diz no instante em que paramos em frente a minha cama:

— Passei longos dias desejando estar assim com você.

Entrelaço minhas pernas em sua cintura e digo:

— Não tanto quanto eu desejei — seguro seu rosto com as duas mãos e beijo lentamente sua boca.

Roger me deita na cama e sobe em cima de mim. Sua boca percorre a curva do meu pescoço, enquanto puxo sua camisa para fora do corpo. Ele levanta os braços e termina de tirá-la. Não demora muito sua língua desliza sobre minha pele, até que ele abocanhe meu seio, me contorço embaixo dele. Abro sua calça e a puxo para baixo junto a sua cueca cinza.

— Sua pele é tão macia, tão cheirosa... — ele passa a barba em minha barriga.

Meu corpo todo estremece ao seu toque, suas mãos seguram firme a lateral da minha coxa enquanto ele beija toda a extensão da minha barriga até o cós da minha calça de pijama. Ele a puxa lentamente sem retirar os lábios da minha pele. Até puxar por completo a peça de roupa e me observar com olhos ardentes e sorriso safado.

— Roger...

— Te quero tanto, Alícia... — ele beija minha pele nua, mordiscando-a.

Ele sai da cama e retira lentamente o restante da sua roupa. Roger fixa seus olhos nos meus, e depois passeia com eles por meu corpo. Sento-me na cama e ele engatinha em minha direção, completamente nu. Ele mordisca meu lábio, seguindo suas mãos até o fecho do meu sutiã, ele retira a peça sem qualquer problema. E depois volta a beijar meus lábios...

***

Logo que acordamos, Roger ainda mantinha seus braços em volta do meu corpo. O despertador invade nossos ouvidos, gritando ao apartamento que devemos levantar. O que foi feito sobe protesto de ambas às partes, entretanto, ele precisava sair e buscar Nina para levá-la a escola. Faço rapidamente um café, enquanto ele toma banho.

— Te vejo mais tarde? — ele pergunta enquanto termina de vestir sua camisa.

— Sim. — Lhe entrego uma enorme xícara de café.

Roger beija meus lábios antes de bebericar o líquido escuro e quente.

— É melhor você ir ou vai se atrasar. — digo.

— Farei um jantar na sexta, quero que você vá e fique lá em casa comigo. — Beija a curva do meu pescoço e me abraça forte.

— Eu estarei lá.

Ele sai em seguida, após me beijar novamente e eis que minha sanidade volta ao modo: Alícia vá trabalhar!

Tomo meu banho, me arrumo e sigo para o QG, trabalhar me faz bem, mesmo me sentindo estranha, talvez seja esse misto de sentimentos que venho sentindo, pois não consigo explicar o frio na barriga, a cara de idiota que faço quando ele me olha, o sorriso besta que cresce a cada segundo de lembrança dos momentos em que estou com ele. E embora esteja um misto de sentimentalismo, ainda tenho receios e medos complexos.

***

Assim que chego ao QG, vejo em cima da mesa um arranjo enorme de orquídeas.

— Bom dia coisa linda! — Carina está com uma caixa nas mãos.

— Bom dia Cá. O que isso faz aqui? — aponto para as flores.

— O porteiro entregou quando cheguei.

— Endereçadas a quem? — coloco minha bolsa no lugar e procuro por algum cartão.

— A você. O cartão está aí em cima, mas só tem o seu nome. — Carina diz me encarando e um frio na espinha toma todo o meu corpo.

— Você acha que pode ser ele? Ele ama orquídeas.

— O Otávio? — ela bate na madeira. — Deus nos livre! Amiga, ele sabe que depois de tudo o que fez, ele não pode se aproximar de você.

— Não sei Cá...

— Que nada amiga, com certeza isso deve ser de algum leitor, ou até do Roger...

— Espero que sim... Bom, vamos trabalhar!

— Vai, não fica pensando nisso. Você agora está em outra vibe, muito mais feliz, sonhadora e quase realizada por completo. Não deixa essas flores e seus pensamentos derrubarem a felicidade que está rolando na sua vida.

— Ok! Não vou deixar, ou pelo menos não quero deixar, mas é difícil, Cá.

— Eu sei amiga, mas tenta.

E eu tentei, juro que sim, mas tentar me concentrar no trabalho, com aquelas flores ao meu redor me chamando a atenção, era como se elas falassem comigo e me chamassem para olhá-las e todas às vezes que fazia isso, me vinha a mente o meu passado e a inúmeras recaídas do Otávio nas drogas e nas milhares de vezes que ele foi abusivo e estúpido comigo e em todos os socos, pontapés e xingamentos que sofri ao lado dele e esta triste lembrança me dou o estomago, me causou repulsa e olhos cheios de lágrimas... Levantei-me e as joguei no lixo com tanta força que mais parecia uma forma de socar a cara do Otávio e todas as lembranças que tinha dele.

***

Algumas horas depois...

— Está melhor? — Carina pergunta.

— Sim, nem acredito que consegui colocar todo o trabalho em dia depois do que houve.

— Nem eu! Você ficou bem nervosa e pensei até que iria embora. — Sorrio.

— Se eu fosse para casa, continuaria a pensar.

— Você precisa ocupar a boca e não a mente. Vamos comer algo!

— Concordo plenamente! Bora comer algo.

Levanto-me rapidamente da cadeira e sigo para a cozinha, estou morrendo de fome. Ao abrir a geladeira sinto um forte cheiro de queijo velho e sinto meu estômago revirar.

— Cá, você não havia limpado a geladeira? Por que tem queijo velho aqui ainda. — digo voltando com o rosto tampado com um pano de prato.

— Carambolas! Eu esqueci amiga... — ela vai até a geladeira e ao sentir o cheiro do queijo, também passa mal. — Puta merda! Parece que tem um defunto dentro dessa geladeira.

— Tem quanto tempo que não fazemos uma faxina nessa geladeira? Precisamos fazer uma urgente.

Vou pegar um saco de lixo e jogar tudo fora, podemos passar no mercado e fazer umas comprinhas pra cá. — eu ajudo a limpar, mesmo querendo vomitar a cada dois segundos.


Vidas Cruzadas ( COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora