Capítulo seis

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Miami...

Nunca foi tão angustiante, viajar até Miami. Não via a hora de chegar logo, de ver o avião aterrissando e de finalmente estar na casa do meu pai e se não fosse a companhia inesperada, eu teria surtado.

— Sério, eu não acredito que você está aqui! Você não está mentindo pra mim quando disse que viria também a trabalho, não é? — pergunto pela décima vez.

— Por que eu mentiria? E sim, pela quinquagésima vez, estou aqui por que tenho uma reunião de negócios, mas também estou aqui por que não queríamos que você passasse por tudo isso sozinha.

— Meu pai mora aqui, eu não estarei sozinha, Roger. Você não precisava deixar seu trabalho e filha pra me acompanhar.

— Pelo o que sei, seu pai está em Madri e só volta em cinco dias — ele responde assim que estaciona o carro que alugamos.

— Roger, sério, não precisava você vir comigo. Você tem coisas importantes pra fazer, você é ocupado Roger, e a última coisa que quero é te atrapalhar.

Não quero que ele pense que não consigo lidar com toda essa situação ou tirá-lo de seus assuntos importantes.

— Alícia eu já falei que vou e isso não é mais discutível... E não me olha assim como se quisesse me matar. — Descemos do carro.

— Eu não quero matar você. Quero matar a Carina e o Théo por inventarem isso e de terem te atrapalhado.

— Essa é uma decisão importante e você não pode passar por isso sozinha. — ele me encosta no carro, segura minhas duas mãos na frente do corpo e olhando dentro dos meus olhos diz:

— Ter um filho é uma das coisas mais importantes na vida, você sabe. Ele vai precisar de amor, carinho, atenção e você será sempre a referência de que ele precisa para crescer e ser uma pessoa de bem. Vocês sempre estiveram do meu lado e desde o nascimento da Nina, era você e Carina que me ajudaram bancando as tias postiças dela quando eu mais precisei. E farei o que for preciso para estar ao seu lado quando a mãe for você.

Nem preciso dizer que sim, meus olhos encheram de lágrimas. Ele me abraça, beija meu rosto e depois a cabeça. Sim, eu estou morrendo de medo de que nada dê certo. De que minha chance vá para o ralo e que esta oportunidade se perca. Não pretendo passar novamente por todo o processo exaustivo em tomar ou não uma decisão. Em pensar novamente que engravidar não faz parte da minha realidade. E mesmo que tudo pareça estar dando certo, o medo continua.

***

Roger, logo após colocar suas malas em um dos quartos de hóspedes da casa do meu pai, sai para sua reunião. No começo eu achei que fosse mentira, mas ele realmente tinha marcado com uns investidores americanos. Aproveitei o momento para trabalhar um pouco. Abro meu laptop em cima da bancada da cozinha enquanto preparo algo para quando Roger voltar. Começo a ler e-mails, responder mensagens, e confirmar minha consulta. Quando termino tudo, Roger está entrando em casa. Dei a ele a senha da casa para que tenha livre acesso.

— Olá! — ele diz.

— Oi, como foi a reunião?

— Foi boa! Consegui resolver parte do que vim fazer aqui. A outra parte é com você — ele pisca e abre a geladeira. — Trabalhando?

— Sim. Estava respondendo alguns emails.... Fiz nosso jantar.

— Eu tinha pensado em pedir alguma coisa, mas comida caseira é bem melhor.

— Nada de carboidratos pra mim por pelo menos umas duas semanas. Ainda tenho bolo e salgadinhos entalados aqui. — Bato em minha barriga.

Roger me ajuda a colocar a mesa. Pega duas taças e um vinho.

— Roger eu não posso beber nada alcoólico. Preciso tirar sangue amanhã.

— Ah é! Você disse isso no casamento, desculpe.

— Você pode beber, essas garrafas ficam aí ocupando espaço, meu pai não as consome.

— Seu pai tem uma bela casa por sinal. Ampla, arejada, bem localizada e com uma piscina espetacular. — Seguimos para a área externa.

— Passei muitos finais de ano e férias aqui. Eu adorava subir acima da cascata e pular dentro da piscina que antes me cobria.

— Está com muita fome?

— Na verdade não, por quê?

— O que você acha de tomarmos um banho antes do jantar? — eu o encaro tentando decifrar sua pergunta. — Alícia? Vamos ou não? A água está morna — ele está abaixado próximo à água.

— Vou me trocar e já desço.

Acho que já troquei de roupa umas duas vezes e nada fica comportado o suficiente para tomar um banho ao lado do Roger. Não quero parecer uma depravada, meus seios não são mais os mesmos da adolescência, assim como minha bunda, tudo aumentou. E meus antigos biquínis, os que deixei aqui, já não estão mais me servindo e eu não trouxe nenhum comigo, muito menos tive tempo para comprar um novo. Escolho um que não está tão minúsculo assim.

Pego toalhas secas e levo comigo. Roger está dentro da piscina próximo à cascata. Ele deixa a água cair sobre suas costas e cabeça. Quando me vê, diz:

— Peguei suco pra você. Está em cima da mesa — ele aponta na direção.

— Obrigada. — Pego minha taça com suco e a coloco perto da espreguiçadeira. Retiro minha saída de praia e entro vagarosamente na piscina. A água está morna, o que torna muito mais fácil. Roger observa tudo atentamente, até que segue em minha direção.

— A água está uma delícia, não está? — tem como a água ficar mais quente? Por que ela ficou.

— Está sim.

— Estou pensando em trazer Nina até Miami e levá-la para Orlando.

— Ela vai adorar.

— Mas isso se não te atrapalhar... — não o deixo terminar.

— Claro que não.

— Ela vem e eu alugo uma casa para ficarmos, assim você pode descansar um pouco e ter privacidade. Já basta eu aqui.

— Me poupe Roger! Vocês não me incomodariam em nada, e outra, se vocês forem para outra casa eu irei junto. Não tem o porquê ficar aqui sozinha. São quatro horas até Orlando. Alugamos uma casa lá e ficamos alguns dias.

— Com medo de novo, Alícia? — ele solta uma gargalhada gostosa e eu jogo água em seu rosto.

— Sempre! — eis então que ele me puxa para perto de seu corpo e me gira dentro da água.

Roger e eu começamos a brincar de afundar um ao outro, completos idiotas, eu sei. Mas foi divertido. Estava precisando não pensar no que faria na manhã seguinte.

Quando saí da piscina ele me cobriu com a toalha e serviu nosso jantar depois de esquentar novamente.

Vidas Cruzadas ( COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora