Capítulo dez

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Acordei envolvida pelos braços do Roger e com um baita sorriso estampado no rosto. Seu semblante é de leve e tranquilo. Procuro não me mexer muito, mas preciso levantar, a vontade em fazer xixi é gigantesca. Olho ao redor e nem sinal da minha roupa, mas, próximo a nós, está sua camisa. Encaro novamente seu rosto e agora ele me parece divertido.

— Vai ficar aí fingindo que está dormindo? — digo e ele abre vagarosamente os olhos e sorri.

— Até cinco segundos antes, eu ainda estava dormindo. Mas quando você se mexeu alguém sentiu sua pele e resolveu acordar. — Sua cara é a de mais sacana da face da terra.

Sento-me e Roger beija minha pele nua acendendo todas as labaredas dentro de mim. Pego sua camisa e a visto, ela como previsto, vira um vestido em mim.

— Já volto. — digo e me levanto seguindo para o banheiro.

Após fazer o que vim fazer, olho meu reflexo no espelho. Olhos brilhantes e vivos, lábios levemente vermelhos e rosto corado. Puta merda!

Desço novamente as escadas e volto para a sala. Roger não está mais lá e a colcha que antes cobria nossos corpos, agora está dobrada e posta em cima do sofá, assim como minhas roupas. Caminho até a cozinha e lá está ele, vestido com sua cueca boxer azul. Recosto-me no armário da cozinha e recebo dele uma enorme xícara de café. Ele encara meus olhos e diz:

— Você lembra exatamente o que aconteceu? Digo, entre a gente — faço minha melhor cara de desentendida, mas sei que com ele não preciso de rodeios.

— Cada palavra. Cada som. Cada toque do seu corpo no meu. Eu lembro exatamente de tudo, Roger. E você? — brinco.

— Lembro-me de ouvir você gemendo meu nome, enquanto estava dentro de você. Lembro-me de sentir suas unhas cravarem minhas costas — ele está muito próximo a mim, sinto minhas pernas tremerem e meu corpo pedir por ele. — Eu só não sei se isso é bom ou ruim. Por que cada vez que eu fecho os olhos eu vejo você rebolando e gemendo meu nome, isso me enche de vontade em...

— Roger — suas palavras batem em cheio e quando dou por mim estou novamente com os lábios colados aos dele e as pernas em volta de sua cintura.

Roger me pega novamente no colo e me leva para o quarto.

***

São exatamente três e quarenta e dois da tarde. Roger foi buscar Nina a mais ou menos uma hora e eu fiquei para preparar um bolo de boas vindas para ela. Não sei como ele agirá com Nina aqui. Tão pouco sei como eu devo agir, já que meu pai também está para chegar.

Aproveitei e liguei para a farmácia e comprei pílula do dia seguinte. Não usamos preservativo e não quero correr o risco dele achar que fiz algo de propósito.Respiro profundamente e continuo a fazer o que fazia.

Depois de decorar o bolo e limpar toda a bagunça que fiz, escuto risos e passos e vejo a porta da frente abrir. Nina está sorrindo de orelha a orelha junto a seu pai. E quando me vê, corre para me abraçar.

— Oi tia! — ela aperta forte, seus bracinhos em volta do meu pescoço.

— Oi minha linda! Como foi a viagem?

— Divertida! Meu pai disse que aqui tem uma piscina grandona. Eu posso tomar banho nela? — ela junta as mãozinhas e me encara com seus olhinhos pidões.

— Se seu pai concordar é claro que pode!

— Ela pode ir tomar banho de piscina, mas antes irá tomar um banho no chuveiro, comer alguma coisa e descansar um pouco. — Roger diz fazendo a filha revirar os olhos.

— Pra que eu vou tomar banho no chuveiro se vou me molhar na piscina?

— Não é a mesma coisa Nina!

— As duas tem água, não tem? Não vou estar tomando banho do mesmo jeito?

— Nina não enrole e vamos logo tomar banho. — Ele diz apontando a escada para que ela suba para o segundo andar.

Roger me pega sorrindo para Nina e percebo que ele também quer rir, mas não o faz. Ele deixa que a pequena suba os degraus até a parte de cima.

— PAI! — Nina grita.

— Estou indo filha.



Vidas Cruzadas ( COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora