Capítulo vinte e sete

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Roger achou melhor irmos para casa e foi o que fizemos, peguei minhas coisas e seguimos para pegar Nina. Ainda estou abalado ao ver Otávio depois de tanto tempo, mas consigo respirar aliviada por talvez colocar um ponto final em nossa história.

—Está melhor?

Roger pergunta enquanto dirige.

— Um pouco melhor... O que você achou de tudo o que ouvimos?

— Eu quero acreditar tanto, quanto eu sei que você também quer, em tudo. Ele de verdade me pareceu arrependido, magoado. Agora o que você achou?

— Achei que teria um treco quando o vi. Tive tantos pesadelos ao relembrar tudo o que ele me fez. Em todas ás vezes que chorei, implorei, supliquei... Eu quero poder apagar tudo isso e esquecer. Quero me concentrar somente na gente, na família que estamos construindo.

Seguro sua mão que passeia por minha barriga até selar nossos lábios.

Roger sai e vai buscar Nina, enquanto eu os espero no carro.

— Oi tia! — Nina diz quando me vê.

— Olá meu amor, tudo bem? — digo a ela.

Como foi seu dia? — Roger pergunta enquanto dá a partida no carro.

Fomos o caminho todo conversando e agora um frio na barriga crscia dentro de mim, não sabia como Nina iria reagir a notícia. Roger segura firme minha mão e a beija.

Quando chegamos ao apartamento, coloco minha bolsa em cima da poltrona na sala de estar e sigo para cozinha ao lado de Roger, enquanto Nina vai ao quarto guardar sua mochila.

— Eu não sei o que falar. — Digo apreensiva.

Roger solta o ar que prendia.

— Confesso que nem eu sei o que dizer.

— O que você não sabe dizer, papai?

Nina aparece, sobe no banquinho da bancada e senta-se nos observando.

— Vocês estão muito estranhos.

— É que nós dois temos uma coisa para te contar meu amor.

— Que vocês agora são namorados? Eu já sei, minha avó me contou! Ela não sabe guardar segredos, tia Alícia.

Sorrimos.

— Eu diria que temos outra coisa para te contar, princesa.

Ela olha fixamente para seu pai, depois volta seu olhar novamente para mim e diz:

— Meu papi resolveu te contar o nosso segredo?

— Que segredo? — ele pergunta.

— Aquele que eu ouvi você falando para o tio Théo e você não queria que eu contasse pra ela. Aquele do dia do casamento do tio Théo com a tia Carina.

Roger parece não saber do que a filha está falando.

— Ai meu Deus do céu. — Nina bate em sua testa com a mão e balança a cabeça. — O segredo de que você papai, gosta da tia Alícia, mas que você não podia dizer por que ela gostava de outra pessoa e que aí você namorou a minha mãe e eu nasci. Mas que agora você achava que tinha chances de conquistar a tia Alícia. Ufa!

Me perco um pouco nas informações e encaro Roger.

— É mesmo Roger? Bom saber!

— Ela ouviu uma conversa minha com o Théo e... Na verdade, várias, então pode ser que ainda role alguns segredos por aí.

— Eles acharam que eu estava dormindo, tia, mas eu estava ouvindo tudo. E sim, tenho ainda alguns segredos guardados — Nina ri da cara de seu pai.

Resolvemos pedir comida no nosso restaurante favorito e assim teríamos um pouco mais de tempo para contar a Nina sobre a minha gravidez. Carina providenciou para mim, uma roupinha de recém-nascido e dois ursinhos iguais, somente de tamanhos diferentes, o maior com um laço rosa em uma das orelhas, este representa Nina e o menor o novo bebê. Roger ficou encantado quando viu.

Logo após o jantar, Roger e eu, decidimos que é chegado o momento. Nina estava dispersa assistindo tv, nos sentamos no sofá com ela e pedimos sua atenção, ela, prontamente desliga a tv e diz:

— Eu sei que posso parecer pequena, mas eu entendo tudo e sei que vocês dois querem me dizer algo muito sério. É isso que minha avó fala quando o papai apronta alguma coisa.

— Uau!

— Eu disse que ela é esperta.

— Puxei ao vovô Louis. Ele é muuuito esperto! Nós até temos um segredo.

Sorrimos.

— Devo me preocupar? — indago.

— Bom meu amor, nós temos um presente para te entregar. — Roger diz.

Entrego a caixa para Nina que encara o embrulho com estranheza, mas nada diz. Ela o pega e começa a desfazer o grande laçarote. Ela nos olha novamente e acho que percebe nosso nervosismo, pois diz:

— Eu aaaamo surpresas!

Nina ao abrir a caixa se depara com os dois ursinhos e a roupinha de bebê e ao pegar o ursinho maior e olhar sua camiseta, ela lê em voz alta.

— Fui pro o que? Movida a irmã mais vélia. O que é isso? — ela coça a cabeça sem entender nada.

— Isso quer dizer que você agora é irmã mais velha, meu amor.

Ela nos observa e um sorriso brota em seu rostinho. Nina pega o ursinho e a roupinha em suas mãos.

— É verdade?! — Ela pergunta com os olhinhos brilhando, ansiosa por uma resposta.

— O que meu amor? — Roger segura firme minha mão.

— Vocês vão me dar um irmãozinho?

Nina pula alegremente agarrando loucamente o ursinho.

— Sim, minha linda! — digo.

— Iupi! Eu sempre quis um irmãozinho! — Nina nos abraça e Roger beija meus lábios.

O restante da noite foi pura alegria. Nina de tão animada com a novidade queria contar no mesmo instante para a família toda. Combinamos com ela que contaríamos a toda família e amigos durante o final de semana e prometemos que ela nos ajudaria a contar ou ela faria vídeo chamada com toda a família naquele instante.

***

O que não demorou a acontecer, pois no final de semana reunimos toda a família e amigos para contar a novidade.

— E podemos saber por qual motivo estamos todos aqui reunidos nesse almoço? — meu pai pergunta.

— Logo, logo você vai saber. Vamos?!

Pego nas mãos do meu pai e sigo com ele para a mesa aonde estão minha mãe, os pais do Roger, Nina, os pais da Carina junto a Théo e Cá conversando com Roger, que me abraça e faz sinal para que Nina inicie todo a programação que ela mesma fez. E para que isso acontecesse, foi preciso que Roger e eu a ajudássemos. Ela queria um grande desfile, com somente seu pai, ela e eu, onde usaríamos roupas rosa e azul e ela entraria com a grande surpresa e foi o que fizemos.

Todos sentaram em volta da mesa e nós três seguimos para dentro do quarto onde trocamos de roupa. Nina acrescentou em seu look um sobretudo onde escondia sua roupa personalizada. Ela caminhou de volta para a sala e nos avisou que só aparecêssemos quando ela nos chamasse.

— Acho que meus pais vão ter um treco. — Digo.

— Não antes de mim — Roger diz ansioso.

Ao fundo escuto Nina chamar por seu pai. Ele beija meus lábios e segue para a passarela improvisada no corredor de seu apartamento. Meu coração que já estava acelerado, parece querer pular para fora do meu corpo. Até que escuto Nina chamar por meu nome.

— E agora na passarela, a tia mais linda do universo. Tia Alícia!

Caminhando a passos lentos e nervosos, sigo entre os assobios e aplausos de todos ali presentes. Faço a pose que Nina nos pediu quando chegássemos ao "final" da passarela e então ela segue para o seu desfile.

E agora a modelo mais esperada. Eu, Nina Marinho.

Nina desfila lindamente pelo corredor sobe os aplausos de todos e quando ela faz a parada no final, eis que ela abre seu sobretudo e o retira, deixando que todos vejam a frase que ela mesma reescreveu em sua camiseta. "Fui promovida a irmã mais velha!"


Vidas Cruzadas ( COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora