Capítulo Cinco

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Estávamos todos na área externa do sítio, Carina e Théo passarão o dia conosco e na manhã seguinte irão para sua lua de mel.

— E aí como foi a noite? — pergunto.

— Maravilhosa! — seus olhinhos brilham com intensidade. — Não vejo a hora de estarmos sozinhos.

— Pra que você quer ficar sozinha, tia? — pergunta Nina que está ao nosso lado mexendo no celular do pai.

— A tia quer descansar, meu amor. Fazer festa de casamento cansa. — Carina responde com olhar cúmplice a mim.

— Eu quando me casar vou querer uma festa igual a sua, bem grandona.

— E será tão linda quanto — digo e ela sorri.

— Olha ela, toda romântica — Carina gargalha ao zombar de mim. — Já reparou que você fica toda dengosa perto dele? — ela encara Roger que está conversando com Théo do outro lado da piscina.

— Não sabia que tinha virado um dos sete anões — lhe dou língua. — E não fala besteira. — Começo a mexer em meu celular. Minha caixa de entrada está repleta de e-mails. Carina nos deixa e corre até Théo que a chama.

— Tia eu posso te fazer uma pergunta?

— Claro que sim, meu amor.

— Você tem namorado? — ela continua mexendo no celular sem me encarar e sem perceber que seu pai está se aproximando.

— Não tenho. — respondo e agora sim ela me olha, mas nada diz.

— O que as duas mocinhas estão conversando? — Roger se senta em minha espreguiçadeira e pergunta.

— Coisas de meninas, papai.

Ele balança a cabeça e me encara.

— Ok! Coisas de meninas.

— Isso mesmo, assunto de meninas. — digo.

— Tia, posso fazer outra pergunta?

— Sim!

— Você acha meu pai... bonito? — ele arregala os olhos e se segura querendo rir.

— Acho sim, meu amor. Seu pai é um cara bonito.

— Nina — ele diz baixinho como se estivesse a repreendendo.

— Eu não vou fazer aquela pergunta, papai. Eu prometi! — eu os encaro e ele sorri, chamando a filha para almoçar.

Os dois saem de mãos dadas e vejo Roger cochichar algo com Nina, a pequena sorri e olha para trás em minha direção, eu finjo estar entretida, mas continuo os observar por cima dos óculos de sol. Fico me roendo de curiosidade sobre qual é a pergunta que Nina prometeu ao pai em não fazer, mas decido não me preocupar com isso agora, tenho que terminar de responder aos vários e-mails.

***

Sigo até a grande mesa do almoço. Carina está sentada a mesa com Théo. Roger serve-se do buffet junto a Nina e novamente me pego o observando. Até que sinto alguém me observar e vejo Carina de braços cruzados rindo em minha direção. Ela cochicha para que apenas eu entenda.

— Seca a baba ou ela vai alagar todo o lugar — coloco meus óculos de sol no rosto, lhe mostro o dedo do meio e sigo para a mesa.

***

— Cuida dos meus pais pra mim?! — Carina diz com os olhos cheios de lágrimas.

— Claro que sim, já estou até com as malas prontas para ocupar o lugar que me é de direito... Filha deles! Já estou organizando a nova decoração do meu novo quarto — gargalho da cara fechada que ela faz.

— Não achei graça — ela diz.

— Vai logo e divirta-se. Eles ficarão bem sua boba. — digo e ela me abraça.

— Me promete que não vai fazer a loucura sem mim? Eu quero estar presente, sem contar que você não pode ficar sozinha. Eu sei que é pedir muito, mas nos espere. — ela diz ainda abraçada a mim.

Afasto-me dela e digo olhando em seus olhos.

— Eu não vou cometer nenhuma loucura, prometo. Só irei fazer quando os padrinhos do meu bebê estiverem ao meu lado.

— Ok! Mas o Théo não precisa estar tããão perto assim. Ele pode esperar na sala ao lado. Nada de ficar observando enquanto alguém enfia o vidrinho em você — ela brinca e o clima que antes estava melancólico, volta a ficar alegre.

— Besta! — digo a empurrando. — Façam boa viagem.

Eles se despedem dos demais e seguem para o portão de embarque.

Vidas Cruzadas ( COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora