𝗰𝗵𝗮𝗽𝘁𝗲𝗿 18

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Não entendeu o nervosismo que lhe insistia em tomar o peito acelerado e ansioso, caminhando em direção ao corredor largo de assoalho claro com nada além de um apertar de lábios suave. Até onde sabia não devia satisfação ao loiro sobre o que fazia ou deixava de fazer, porém, o velho sentimento de dever fazia mover-se sem que esses pontos fossem relevantes o suficiente para pará-la a tempo de recobrar sua razão. Kenma lhe dera as costas com um olhar sereno e estreito, ele não disse nada que fizesse com que você precisasse se sentir pressionada, ele não fez nada além de ser ele mesmo então porque caralhos ia tão desesperadamente até sua porta!? Nada fazia sentido e já havia se cansado de tentar entender a si mesma há muitos dias atrás, sua nova rotina era estranha o bastante para tomar todo o seu tempo, então simplesmente seguiria os próprios instintos na esperança de não acabar morta em uma vala como indigente. 

Gatinho idiota! Dizia em sua mente a cada respiração, ofendê-lo de alguma forma fazia parecer que estava no controle de si mesma. Parou ao lado da madeira entreaberta com uma mão sobre o coração acelerado, quantos anos você tem afinal para estar tão agitada assim!? Não estava indo a diretoria para receber uma bronca, era só um cara! Inclinou-se para espiar o que o outro estaria fazendo, a visão era obviamente limitada e não pôde deixar de rolar seus olhos para este fato, todavia conseguiu facilmente visualizar o loiro esbelto sentado na mesma poltrona de anteriormente. A vasilha de porcelana a qual lhe dera a salada de frutas vermelhas ainda estava ao lado dele entre os livros abertos à mesa redonda e parecia vazia mas daquela distância não poderia afirmar com certeza, a claridade da lua brilhava sob a pele bronzeada e ficou boquiaberta por alguns segundos realmente longos ao admirá-lo em um completo silêncio, o cabelo deslizando por seus ombros enquanto o mesmo apoiava o rosto em uma das mãos com o dorso no queixo fez com que precisasse se virar para o lado oposto da entrada, espremida na parede para expirar o próprio fôlego para dentro do corpo pequeno, os olhos vidrados na porta do escritório a frente. 

Aquele infeliz era tão fodidamente lindo que poderia se tornar um elogio! Não importava quantas malditas vezes dissesse isso para si mesma nunca parecia bom o bastante para descrevê-lo, como se não existisse palavras para nomear a grandeza de sua beleza intimidadora e arrogante, transbordando luxúria em cada mínimo movimento como o simples ato de piscar seus olhos felinos a luz da lua. O tom da pele, os lábios miúdos e rubros, os fios escuros na raiz e claro nas pontas que deslizam por seus ombros largos, tudo era tão ridiculamente belo que sentia raiva só de olhar! Se pudesse, bateria nele! Balançou a cabeça com uma risada ameaçando escapar entre seus lábios secos, observando o interior do cômodo mais uma vez, sorrindo suavemente ao notá-lo confuso com algumas palavras que lia com tamanha atenção, quis se sentar lá para importuná-lo pelo resto da noite simplesmente por o fazer, talvez com alguma coragem talvez até acariciaria seus fios loiros como fizera anteriormente..

— Você pretende entrar ou vai apenas me admirar em silêncio mesmo..? — Kenma murmurou baixo, não a encarando diretamente ao mudar a página do livro aberto. Droga! Praguejou em seu interior, arrumando sua postura com um olhar de desdém. Os olhos amarelados se ergueram em sua direção, um maldito sorriso de canto como se soubesse de todos seus pensamentos mais infames. — Precisa de alguma coisa, minha senhora?

— Porque você não cala a boca nunca!? — Não aguentou a provocação impetuosa, resmungando ao torcer os lábios com o orgulho ferido. Empurrou a madeira com uma das mãos antes de se escorar no batente com os braços cruzados em seu peito, queixo erguido e olhar afiado. Kenma discretamente sorriu para sua arrogância prepotente — Estava pensando por que alguém como você se importaria com alguém como eu!?

— Não me importo. — Ele respondeu distraidamente, balançou a cabeça em descrença ao rir suavemente. 

Jura!? Me deu as costas como se eu tivesse ferido seu coraçãozinho de pedra, precisa ser mais discreto se quer que eu acredite nisso. — Acusou ao apontar para o corredor atrás de si, referindo-se ao momento na sala de estar. Ele não esboçou qualquer reação com suas palavras esnobes e sarcásticas, respirou fundo deixando essa parte do assunto de lado recordando-se de outro fato importante o qual queria que ele estivesse ciente, porque estava pronta para o fazer com ou sem sua permissão. — Quero treinar com o Kuroo e fazer parte da organização de uma forma definitiva.. 

𝗵𝗼𝗹𝗱 𝗺𝗲, 𝗄𝗈𝗓𝗎𝗆𝖾 𝗄𝖾𝗇𝗆𝖺.Onde histórias criam vida. Descubra agora