𝗵𝗼𝗹𝗱 𝗺𝗲, 𝗄𝗈𝗓𝗎𝗆𝖾 𝗄𝖾𝗇𝗆𝖺.

𝗰𝗵𝗮𝗽𝘁𝗲𝗿 34

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Apreciou a maneira como poderia brincar com os sentimentos alheios com a ponta da língua, a forma como ele se tornava tenso em seus ombros com suas palavras ditas suavemente com a voz macia, como seus olhos pareciam brilhar com vida e uma estranha lealdade quando o puxou para um beijo amargo com gosto de café e cigarro e paixão em sua boca, como suas mãos cobertas por luvas negras adentrava sua roupa amassada com um toque de necessidade e devoção, como suas bocas estavam sempre explorando uma a outra como se fosse a primeira vez de novo e de novo e de novo. De certa forma sentia que poderia brincar com isso por toda eternidade e ainda não se sentiria entediada, e era assustador entender o quão bem estava se sentindo ao redor de alguém que deveria ser perigoso e temível! Queria gravar suas iniciais em um colar de ouro e carregá-lo ao redor de seu pescoço com algum orgulho idiota e efêmero pairando em suas íris transparentes com nada para esconder, nunca se sentiu assim antes, nunca quis tanto aproveitar cada segundo ao lado de alguém, era estranho e desconfortável imaginar um futuro onde Kenma não estivesse ao seu lado, dizendo coisas duvidosas com um sorriso e um charme irresistível, chamando-a carinhosamente com a voz baixa e rouca, não tê-lo a encarando com as pílulas dilatas que queimavam sua pele por onde passava, não ter seu hálito aquecido com nicotina e algo almíscar indecifrável batendo contra sua bochecha gélida. 

Essa sensação de perda estava lá a todo instante desde o dia em que entrou naquele apartamento entretanto e era como estar esperando pela morte lentamente todos os dias, como se ela estivesse cada vez mais e mais perto de tirar tudo o que você amava outra vez da maneira mais sádica e cruel possível. Apenas a possibilidade de uma coisa como esta acontecer de novo devorava seu estômago de dentro para fora em uma angústia imensurável, fazendo-a querer vomitar sobre seus pés descalços e carpete importado para tentar amenizar os sentimentos reprimidos e intolerantes de ansiedade, agarrou-se ao homem a frente com o rosto descansando em seu peito novamente, respirando, apenas apreciando o som pulsante de um coração forte e saudável batendo contra sua orelha a cada segundo, dando-lhe um falso conforto de estar no controle da vida e da morte, nunca, nunca perderia alguém de novo, não suportaria isso. 

— Preciso que vá trocar de roupa. — Kenma murmurou com a voz baixa pairando sobre sua cabeça curvada um momento mais tarde. Afastou-se com o espaço de um palmo para encará-lo perguntando-se silenciosamente o que "trocar de roupa" significava exatamente, iriam sair?. — Sim. Eu preciso pegar uma coisa, não gostaria de me acompanhar? 

— Lá fora!? 

— Podemos pedir pela internet, se preferir. 

— Não! — Ainda estava custando a acreditar que iria sair ao lado dele, porém, se não dissesse algo logo o sonho iria acabar antes de começar então tratou de abanar suas mãos, animada como nunca antes. — Vamos! Eu adoraria acompanhar você, Kenma. E Deus, sentir o sol em minha pele! Eu sinto como se fizessem anos desde a última vez que sai daqui. 

— Lamento que se sinta assim, você não é uma prisioneira afinal. — Seus dedos rapidamente avançaram para segurar seu rosto delicadamente, sorriu para ele da melhor maneira que pôde, não estava incomodada com a segurança e o conforto de estar lá em cima então realmente não se importava mais com isso. Ergueu suas mãos para segurar as dele, recebendo uma expressão ilegível mas acompanhado por olhos brilhantes como resposta. — Na casa nova, poderá ir e vir aonde quiser, eu juro. 

— Obrigada, vai ser ótimo me sentir segura de novo. 

— Você sempre estará em segurança comigo. — O encarou com a mente se tornando lentamente silenciosa com o eco de suas palavras soando através dela, "você sempre estará em segurança comigo" porque sentia que era verdade!? Um pouco tolo da sua parte entregar sua vida na mão de outra pessoa mas, por um segundo, realmente poderia apenas arrancar seu coração de seu peito e depositá-lo entre as mãos de Kozume Kenma sem qualquer hesitação ou medo. — Você me entendeu?