𝗰𝗵𝗮𝗽𝘁𝗲𝗿 08

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Você não queria admitir mas estava um tanto quanto ansiosa para a chegada do horário do jantar daquela noite, culpava a própria fome e o fato de não ter saído para comer com os outros desde que chegou mas se conhecia bem demais para se consolar com essa mentira descarada então simplesmente passou a ignorou todas as sensações que à lembravam deste fato enquanto entrava em sua suíte particular, descalça. Banhou seu corpo com a água quente e ensaboada com aroma de flores por todo o cômodo como se não houvesse amanhã, delicadamente passando a esponja macia em seus braços e pernas nuas com a cabeça perdida em aleatoriedades, tomando o cuidado em lavar os pontos levemente cicatrizadas em seu ombro esquerdo logo depois, escovando os dedos em seus cabelos macios por fim na intenção de limpá-los do suor que acumulou naquela tarde árdua de faxina a qual não fora de todo bem sucedida mas até que um pouco relaxante, a fez se esquecer do fato de que estava longe de casa e isso era definitivamente bom

Caminhou pelo quarto com a água pingando sobre tapete caro despreocupadamente, uma das toalhas surpreendentementes brancas enrolada no corpo no processo enquanto as mãos apertavam a ponta do cabelo encharcado para o lado, retirando o excesso. O guarda-roupa com portas deslizantes não tinha as melhores roupas do mundo da moda, – não que você soubesse o que estava em tendência entre as celebridades – mas certamente não eram aqueles moletons! Eram confortáveis de qualquer maneira mas assim como Kenma disse, se sentia pequena e deslocada ao vestir as peças que não eram suas, gostaria de saber onde a bagagem que o outro havia guardado consigo estava com suas coisas, seus documentos estavam nas mãos dele e o celular já deveria estar em pedaços à muito tempo mas até suas roupas precisaram ser apagadas do mapa!? Isso não era uma exagero!? Balançou a cabeça em aceitação um momento depois, recolhendo uma das calças jeans perdidas ao fundo do armário e uma das blusas de frio largas, dobrando suas mangas na altura dos cotovelos ao usá-la. 

Quando terminou de se vestir adequadamente e de recolher a toalha do chão com as outras roupas sujas desviou sua atenção para o relógio na cômoda, sete horas e dois minutos, um pouco cedo demais para pensar em jantar na sua humilde opinião mas por não ter comido nada durante o dia além do café da manhã seu estômago não parecia desgostar do inconveniente, muito pelo contrário, estava dançando em seu interior como se fosse uma festa. Riu para si mesma com o pensamento, perfumada e com as coisas em seus devidos lugares respirou fundo e se apressou em caminhar para fora do quarto em busca da futura refeição maravilhosa que a aguardava, era a primeira vez desde que chegara que iria jantar à mesa e estava um pouco nervosa com a necessidade de precisar usar talheres de prata pura enquanto Kenma estaria assistindo seus movimentos descaradamente julgando suas ações, não duvidava na possibilidade de ele começar a rir em algum momento quando se desse conta que você não tinha a mínima idéia do que estava fazendo mas esperava que seu tempo assistindo Jack, no Titanic, passando pela mesma humilhação ajudasse. 

Olhou de um lado para o outro após o primeiro passo para fora, porém não avistou ninguém, estava começando a pensar que iria ficar sozinha por mais um tempo quando o som de uma conversa no corredor que anteriormente limpou surgiu ao fundo, chamando lentamente sua atenção para ir até lá. Já estava ciente que a porta a direita dava para uma imensa biblioteca com estantes de livros do chão ao teto e alguns sofás confortáveis espelhados envolta mas a porta à esquerda nunca ousou abrir por qualquer que fosse o motivo, não entendia o porquê mas cogitava que aquele cômodo em questão era nada mais nada menos que importante, como um escritório de algum CEO rico, usado para reunir o "pessoal" do Kozume no tempo livre, era apenas um palpite até agora. 

A porta escura estava entreaberta com uma pequena fresta de luz iluminando o piso brilhante à sua frente quase como uma tentação chamando-a para caminhar até lá e ver o que estava acontecendo em seu interior, cogitou dar meia volta e se pôr a esperar no sofá na sala mas qual seria a graça disso!? Tomou fôlego e com a ponta dos pés cobertos por meias macias e felpudas pulou até lá o mais discretamente possível, eram passos sutis ao assoalho e conseguiu parar ao lado da parede sem qualquer problema, escondida. Com o espaço limitado acabou por colocar apenas uma das orbes na abertura mas agora pouco importava porque era o suficiente para saber o que estava acontecendo, e assim como imaginou aquele cômodo era uma imensa sala planejada para ser um bom escritório de negócios, havia as vidraças impressionantes como estava acostumando-se a ver por todo o lugar e uma larga mesa negra com cadeiras a sua volta, parecia haver algumas decorações de quadros nas paredes e um painel digital na lateral, cômodas pequenas com jarros de flores em cores vibrantes em cima e um cheiro conhecido de café recém feito na cafeteira.

𝗵𝗼𝗹𝗱 𝗺𝗲, 𝗄𝗈𝗓𝗎𝗆𝖾 𝗄𝖾𝗇𝗆𝖺.Onde histórias criam vida. Descubra agora