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No dia seguinte você despertou com uma careta em desaprovação, o sol estava sobre o seu rosto e não havia maneira pior de acordar em plena quarta-feira às sete horas da manhã, de fato. Se virou para o lado oposto da janela aberta com a intenção de dormir por mais algum tempo, estava tão cansada na noite anterior que se esqueceu de fechar as persianas e agora estava sofrendo as consequências para variar, resmungou pelos minutos em que conseguiu enrolar entre os cobertores, o que não foi muito, bufando quando o alarme soou por todo o cômodo avisando-a que era hora de se arrumar para mais um dia de trabalho cansativo e humilhante, como se você eu não soubesse, revirou os olhos com o pensamento virando-se para observar o teto rachado segurando a língua para não começar a xingar Deus e o mundo logo cedo, e então se obrigou a colocar seus pés para fora do colchão quente com a irritação ainda tensionando seus ombros, se arrastando até o banheiro a frente no corredor, pulando algumas roupas que estavam no chão do quarto provando que sua organização continuava zero desde sua adolescência.
Não era uma pessoa bagunceira e tão pouco a mais organizada entre as mulheres, se considerava na verdade um meio termo. O apartamento não estava realmente desagradável de se conviver, e fazia o possível para o manter cheiroso de segunda à sexta-feira, lavando sua louça toda noite antes de dormir não importando o quão cansada estivesse ou o quão doloroso fosse o simples processo de erguer seu braço e, aos fins de semana, – sem amigos para sair até tarde da noite ou ressaca pós bebedeira – se concentrava em lavar seu chão com um esfregão cheio com produto perfumado com o doce aroma de lavanda mas desde que agora você estava cursando enfermagem à noite, não sobrava mais tanto tempo quanto anteriormente e graças a isso seu quarto era o mais afetado da casa pois era onde você mais ficava ou revirava em busca de roupas e acessórios.
Vou arrumar tudo no sábado, decidiu ao ligar a torneira da pequena pia de porcelana clara no banheiro, enchendo suas mãos com a água cristalina apenas para jogá-la em seu próprio rosto disperso em seguida, mas antes preciso comprar uma nova vassoura, observou com a testa franzida ao recordar do modo como quebrou a outra arremessando-a contra a parede, encarando o próprio reflexo no pequeno espelho na parede azul a sua frente, deu de ombros de qualquer forma, pescando sua escova de dentes no potinho abaixo e a sujando com o creme dental antes de higienizar sua boca com uma careta infeliz para um pequeno corte no lábio inferior, não o havia notado até então e agora se sentia ainda mais patética por isso, rolando os olhos.
O uniforme que vestiu ontem estava irreconhecível aos seus olhos, enrugou o seu nariz para o cheiro de ferrugem e perfume barato misturados que subiu no momento em que colocou suas mãos nele, recolheu então a camisa social branca e a saia cinza grafite caminhando até a cozinha para ir à lavadora que ficava ao lado do fogão automático, sinceramente era o seu maior orgulho, uma das únicas coisas verdadeiramente novas e modernas naquele apartamento ridículo e foi tudo esforço do seu próprio trabalho duro, olhar para ela era como ter a confirmação de que se continuasse dando tudo de si conseguiria muito mais, mesmo que o caminho se tornasse difícil com o tempo ainda valeria a pena no final. E com uma corridinha rápida até o quarto pescou outras vestes que também precisavam de uma limpeza urgentemente, jogando-os juntos antes de fechar a pequena porta redonda deixando-a fazer o seu serviço enquanto tomava um banho para se aprontar para o próprio.
E no momento em que convenientemente terminava de passar uma maquiagem leve em seu rosto abatido e pálido a máquina apitou com sua finalização do outro cômodo, sorriu com sua eficiência deixando o batom guardado no bolso da nova saia preta com cuidado, Deus sabe quando poderia comprar outro, parando para encarar-se uma última vez no espelho oval no canto da parede com moldura pintada em dourado, – ficando de lado para dar um boa olhada no volume avantajado de seu bumbum – piscando para si mesma com satisfação e prepotência, o emprego poderia ser horrível mas o uniforme fazia valer a pena sair de casa todas as manhãs, e claro, o salário no fim do mês que não deixava que morresse de fome.
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𝗵𝗼𝗹𝗱 𝗺𝗲, 𝗄𝗈𝗓𝗎𝗆𝖾 𝗄𝖾𝗇𝗆𝖺.
Fiksi Penggemar❝ e você sabe muito bem que por você, eu me arruinaria um milhão de pequenas vezes. ❞ ⚊ kozume kenma 𝘹 reader! you.