𝗰𝗵𝗮𝗽𝘁𝗲𝗿 27

2.5K 363 246
                                    

⠀⠀⠀⠀⠀⠀

⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀

— E você mesmo, não é? Eu não estou louca…? — Alisa murmurava do outro lado, a voz chorosa e o nariz fungando. Seu peito estava doendo enquanto soluçava aos prantos, sentiu tanta a falta dela, da sua risada histérica e de seu humor otimista, de seu rosto de modelo e principalmente de como tudo parecia estar sob controle quando estavam juntas. — Amiga, onde você estava? o que aconteceu? Tem ideia do quanto eu estive procurando por você? Por notícias suas... Qualquer coisa..

— Me desculpa, Alisa.. — Pediu, a garganta ardendo porque de repente queria se desculpar por tantas coisas, por tantas falhas. Se deixou cair em seus joelhos, encolhendo-se em seu moletom quente, se parecia como um abraço. — Me desculpa..

— É bom você se desculpar mesmo! — Ela rebateu com uma falsa raiva, chorando alto como uma criança. Estava tão triste e aliviada ao mesmo tempo, como se um peso horrível tivesse saído de suas costas após ouvir sua voz, como se ela não precisava procurar mais. — Droga, eu estava com tanto medo.. Tanto medo..

— Me desculpa, eu sinto muito mesmo por tudo.. Você não faz ideia de como as coisas se tornaram estranhas em tão pouco tempo, uma loucura sem tamanho. — Limpou abaixo de seus olhos com a manga de sua blusa, enxugando a água enquanto assistia Yaku se retirar do quarto em silêncio, sentiu que o rosto dele estava triste por vê-la chorando tão repentinamente, iria lhe dizer que estava tudo bem quando isso acabasse. Alisa questionou o que todas aquelas palavras significavam, preocupada com sua segurança sem que pudesse evitar — Eu só estou ligando para dizer que estou viva, que apesar de alguns momentos perturbadores eu estou completamente bem, de verdade. 

— Deus, eu estava tão preocupada sobre isso. O que aconteceu? Onde você está? Precisa de ajuda? É problema com dinheiro!?

—  Eu não tenho tempo para responder tantas perguntas, tudo o que posso dizer é que estou muito bem, na verdade nunca estive tão bem em toda a minha vida. — Finalmente sorriu ao erguer seus olhos para a garrafa de vinho estrangeiro pescando-a com um esticar de um braço, arrastando-se para ficar sentada em frente a parede transparente de vidraças grossas, observando a iluminação da cidade se perguntando em qual daqueles lugares a loira do outro lado estaria. — Aqui tem uma vista maravilhosa, você iria adorar.

— Uau, fico tão aliviada. — Ela respirou fundo, parecendo mover-se pelo espaço, ouviu o som das panelas se chocando enquanto ela provavelmente as arrumava outra vez após toda a bagunça que fez com o choque anterior. — Eu fui ao seu apartamento, esperei o senhor Jung não estar olhando para pegar seu endereço. Ele é um idiota, estava mais preocupado em babar nos seios da cliente, então foi muito fácil.

— Pelo visto, algumas coisas nunca mudam. — Riu um pouco, sentindo pena da pobre moça que precisou aguentar aquele homem em seu alcance durante suas compras, virando a garrafa em sua garganta para um bom gole. 

— Amiga, o prédio onde você morava foi completamente destruído. — Ela continuou, a voz cautelosa como se soubesse que você não sabia disso. Franziu seu cenho ao escutar a nova informação, abaixando a garrafa para o chão ao lado de suas pernas enquanto ela continuava a divagar, murmurando em baixo tom. — Tudo estava aos pedaços, perguntei sobre vítimas aos policiais que estavam lá mas eles garantiram que todos estavam, coincidentemente, fora de seus apartamentos no momento do "incidente". 

— Mas- 

— E então, alguns dias atrás, o senhor Jung chegou ao trabalho com o rosto todo roxo e um braço quebrado. — Ela a cortou, sua voz soando realmente preocupada sobre as coisas minimamente estranhas ocorrendo lá, Alisa era muito boa em pegar os sinais, ela simplesmente sabia que tudo isso tinha que ter uma ligação com a sua mudança repentina, com o seu sumiço suspeito. — Ele disse que um homem invadiu a casa dele durante a noite e o ameaçou dizendo que voltaria e o mataria se ele não mudasse suas atitudes de merda, então subitamente ele estava se sentindo todo arrependido sobre como tratou seus funcionários nos últimos anos, dizendo que aumentaria nossos salários, nos colocaria em um convênio médico e mais um monte de coisas absurdas… Eu não sei onde você está, ou com quem, mas quero que me prometa que vai tomar cuidado, sério, me promete isso. 

𝗵𝗼𝗹𝗱 𝗺𝗲, 𝗄𝗈𝗓𝗎𝗆𝖾 𝗄𝖾𝗇𝗆𝖺.Onde histórias criam vida. Descubra agora