𝗵𝗼𝗹𝗱 𝗺𝗲, 𝗄𝗈𝗓𝗎𝗆𝖾 𝗄𝖾𝗇𝗆𝖺.

𝗰𝗵𝗮𝗽𝘁𝗲𝗿 19

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Os dedos deslizaram de sua bochecha para o queixo suavemente esfregando o polegar em sua pele macia até levantá-lo o suficiente para chegar em seu lábio inferior, prendeu sua respiração inconscientemente petrificada em seu lugar na mesa de centro, encarando o outro com nada além de incerteza em suas íris conflituosas ao mesmo tempo em que ele olhava para sua boca com o dedo deslizando sobre ela. O que ele vai fazer agora? Deveria pará-lo, sentiu que se continuasse deixando Kenma tocá-la toda vez que quisesse estaria lhe dando uma liberdade ousada da qual não conseguiria medir sua própria coragem para saber até onde aguentaria em silêncio, de fato deveria mas não soube como, não tinha forças para lutar contra a intensidade de suas orbes felinas.

Ele sutilmente notou a confusão em seu rosto sempre tão estupidamente expressivo, sorrindo de lado como se pudesse ouvir seus pensamentos em voz alta e sinceramente, o achava incrivelmente charmoso por isso, era algo que o loiro fazia muito, "adivinhar" seu humor ou suposições com apenas um olhar parecia ser o passatempo preferido do desgraçado e Deus, não deveria parecer tão importante quanto era! Era como se ele se preocupasse com o que estava achando de tudo ou todos, como se em algum momento você demonstrasse algo como raiva ou medo ele simplesmente desistiria de seguir por aquele caminho.

Molhou os lábios no instante em que a digital alheia se fora, novamente presa ao redor de seu queixo fazendo-a erguer sua cabeça a qual não havia se dado conta que baixava. Olhou de uma íris para outra e não pôde evitar o resmungo irritadiço quando sua face fora puxada para frente de maneira abrupta, ainda que o toque fosse delicado para não machucá-la de alguma forma era um tanto desconfortável às vezes. Kenma não disse nada enquanto a fez se inclinar sobre ele fazendo-a se erguer do vidro mas estava consciente demais dos seus pontos recentes para se sentir tranquila ou confiante o bastante para deixá-lo continuar guiando-a para baixo daquela forma, apertando suas mãos no encosto do sofá por trás dele com um morder de lábios nervoso, não poderia ser diferente com ele brincando consigo o quanto queria! Negou com sua cabeça para ele soltá-la e fora rápida o bastante para jogar o quadril para o lado quando se deu conta que ele não pararia só porque estava preocupada e assim, caiu sobre o lugar vago ao invés de ser em cima dele com um suspiro entrecortado escapando de sua boca no segundo em que suas costas encontraram as almofadas abaixo. 

— Kenma... — Não tinha certeza do porquê estava o chamando mas sentiu que deveria ao observa-lo inerte sobre si, parecendo apenas assistir seu peito subir e descer com sua razão completamente fora de "órbita". Os dedos envolta dos seus pulsos ao lado de sua cabeça a impediam de erguer suas mãos para retirar os fios de seu cabelo loiro da frente de seus olhos, e mesmo tendo consciência que seria inútil lutar contra a força dele tentou puxá-los para frente uma única vez e obviamente a resposta era clara quando ele apertou ao redor de sua pele, afundando seus braços suavemente contra o estofado macio, encarando-a sério ainda que seu olhar fosse apenas curioso como um gato. — O que você está fazendo? Gosta de brincar com mulheres indefesas?

— Não há nada de indefeso em você.

— Então? 

— Só estou.. olhando — E ele realmente estava! Primeiro encarou seus olhos possivelmente receosos e necessitados, seus lábios molhados e entreabertos com as bochechas ameaçando se tornarem vermelhas nos lados, seu pescoço exposto por sua camisa larga, os seios cobertos pelo pano fino que a cada nova espiada se tornava rígido como uma rocha, sua barriga descendo e subindo suavemente e então, entre suas pernas, suas coxas e panturrilhas até parar em seus pés contorcidos embaixo dele, movendo-se em expectativas. — É deslumbrante.

Se sentia nua mesmo estando com roupas. Ele sequer as enxergava agora? Por que de alguma maneira estranhamente atraente, parecia que não. 

Fechou os próprios olhos para tentar recobrar sua razão esquecida em algum lugar escuro em sua memória deturpada por hormônios, respirando com certa dificuldade internamente envergonhada com o elogio desinibido que recebeu tão repentinamente, e ao ser proferido por nada menos que Kozume Kenma pareceu ser tão estupidamente honesto que mal ouvia seus próprios pensamentos. O loiro estava sobre seu corpo e não faria nada a respeito disso? Em um momento ele fala sobre como seus olhos lembram a mãe dele e no outro vira um louco por contato físico? Isso meio que estava saindo do controle. Ele poderia estar se sentindo confiante por você se importar tanto com ele, mas não queria lhe dar sinais confusos aqui, até porque não queria ficar com ele. O cara era um assassino a sangue frio, chefe de uma equipe de criminosos até onde tinha conhecimento, e se apenas a suposição de vocês estarem juntos fez com que fosse esfaqueada em sua casa, o que estar com ele realmente não faria!? Morreria antes de ter a chance de dizer como se sentia e não poderia deixar, não aguentaria vê-lo partir.