𝗰𝗵𝗮𝗽𝘁𝗲𝗿 20

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Acordou na manhã seguinte com nada além de uma indesejável claridade sobre suas pálpebras, balançando o rosto de um lado para o outro por um segundo, adaptando-se ao sol estupidamente brilhante com a palma livre estendida contra a luz. A outra mão embaixo de sua bochecha se encontrava levemente úmida e contorceu o nariz ao perceber que era sua própria baba, limpando-a em sua camisa antes de entender onde estava exatamente com o processo ainda lento, ok o sofá, claro! Acenou para si mesma como uma idiota, havia se esquecido do fato de ter caído nas graças de Kenma outra vez na noite passada deixando-o convencê-la a dormir na sala quando tudo o que queria era a escuridão de seu próprio quarto, e falando no diabo.. O loiro ainda estava adormecido ao seu lado no estofado claro e macio, a cabeça contra seus seios com os braços apertados em volta de sua cintura enquanto lentamente se deu conta de que sua perna estava por cima dele, entreabrindo os lábios surpresa demais para reagir de outra forma, que... Porra!?

Não soube o que pensar sobre isso na verdade, não era um pouco demais? Ele deveria parar de ser tão fodidamente encantador! O Kozume é um homem perigoso e respeitado, sentiu que deveria reunir sua coragem agora para correr e se esconder em seu quarto onde estaria longe dele e de toda essa confusão de sentimentos conflituosos que faziam guerra em seu interior porque de alguma forma era um pouco assustador entretanto ouviu-o resmungar inconscientemente no mesmo instante, quase como se até os sentidos dele soubessem o que fazer para fazê-la ficar, acariciando suas costas como havia feito antes de você adormecer gentilmente na noite passada descendo os dedos por sua espinha e simplesmente não pôde, como poderia ir para longe quando tudo o que queria era se encolher dentro de seus braços fortes!?. Queria desesperadamente ficar onde ele estivesse. 

— Não pode continuar me tratando assim, sabe disso, certo?.. — Ditou com um sussurro suave, erguendo sua mão esquerda para gentilmente dedilhar a bochecha funda do homem adormecido tão serenamente. Sorriu sem mostrar seus dentes, ele era lindo como um anjo e letal como uma espada — .. Está me fazendo sentir algo..

Sempre fora uma mulher desapegada, saia com alguns rapazes para algumas noites "alucinantes" que verdadeiramente eram terríveis mas, nunca havia tido a oportunidade de sentir algo como o amor, você via nos filmes aos fins de semana quando não tinha nada melhor para fazer, lembrava-se vagamente da sensação de se sentar em sua cama com alguma comida industrializada em mãos e computador no colo, a faxina estava paga e claramente seus trabalhos estavam se acumulando mas aquelas capas no catálogo da Netflix eram tão chamativas que faziam-a assistir e, parecia tão fácil!? Aquelas pessoas se apaixonavam a cada esquina, no táxi ao voltar para casa, no bar em uma sexta à noite, pelo melhor amigo da escola e às vezes, se tornava consciente do quão sozinha estava ao olhar ao redor, não havia ninguém além de si mesma. Por um tempo então acreditou que ter um namorado resolveria esse problema e aceitou alguns pedidos aqui e ali com caras realmente legais mas, não havia nada lá, não havia aquelas descrições de sentimentalismo a qual supostamente deveria sentir com "aquela pessoa", eventualmente seus companheiros sentiam isso também e se despediam na manhã seguinte sem pensar uma segunda vez, não sentia falta alguma e por incontáveis vezes na verdade se sentia bem por estar solteira de novo mas, agora, de repente se deu conta disso, de que não se importaria de não estar só. 

Pensando de forma racional, era um incômodo estar ali. Trabalhou desde tão jovem que ao se deparar com a situação em que estava atualmente não conseguia simplesmente relaxar de braços cruzados, estava assustada e quando gritou todas aquelas coisas para Kenma com a confiança que não tinha pareceu certo, fez todo sentido! Devia sua vida à ele, suas novas mordomias e comodidades eram presentes imensuráveis, nunca agradeceria o suficiente por ele tê-la deixado curtir essas coisas das quais nunca havia sonhado, e com certeza adoraria ser útil para ele em particular, inicialmente colocou a tal "dívida" a frente de qualquer coisa, disse a si mesma que era por este motivo que queria lutar mas agora, ao observar seu salvador dormindo tão pacificamente em seus braços entendeu que o faria com prazer, sim, treinaria e sobreviveria cada dia após o outro apenas para vê-lo inclinar a cabeça curiosamente de novo e de novo e se isso significava dar sua vida por ele, o faria, porque não havia ninguém lá além dele de qualquer maneira. 

𝗵𝗼𝗹𝗱 𝗺𝗲, 𝗄𝗈𝗓𝗎𝗆𝖾 𝗄𝖾𝗇𝗆𝖺.Onde histórias criam vida. Descubra agora