𝗵𝗼𝗹𝗱 𝗺𝗲, 𝗄𝗈𝗓𝗎𝗆𝖾 𝗄𝖾𝗇𝗆𝖺.

𝗰𝗵𝗮𝗽𝘁𝗲𝗿 07

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Naquela manhã despertou com o som suave de um prato de porcelana tocando o chão do corredor em frente à porta, aquele tilintar de vidro era rotineiro e por isso não ousou se importar enquanto esfregou as pálpebras com um bocejo preguiçoso escapando de seus lábios alguns minutos mais tarde. Se sentou entre as cobertas escuras com um dos olhos ainda fechados e o rosto ostentando uma careta nada além de cômica, não sabia que dia da semana era ou o horário e pensou sobre isso com uma risada ao coçar a barriga suavemente com o rosto amassado, pareceu engraçado estar tão perdida no tempo por algum motivo estúpido, desconfiada jogou as pernas para fora do colchão confortável, era como dormir em nuvens de algodão e não tinha do que reclamar quando o assunto era "seu" quarto, abriu as persianas ao caminhar até a suíte e checou ao inclinar seu corpo para trás pela porta do outro cômodo se sua faca e binóculos estavam do mesmo jeito da noite anterior, trancou a porta mas Deus sabe que isso nunca impediu ninguém de invadir um lugar! 

Escovou os dentes e curiosamente mexeu no armário atrás do espelho à sua frente, havia alguns cosméticos para a pele e perdeu alguns bons minutos lendo o rótulo de um ou outro aleatoriamente antes de decidir por qual passar sobre seu rosto devidamente lavado, não tinha referências quando o assunto era cuidados com o corpo, não tinha dinheiro para se dar ao luxo de certas coisas e com o curso sendo iniciado simplesmente ficou fora de cogitação se importar com tal detalhe mas oras, agora tinha não só tempo como todos estes potes caríssimos à sua disposição para usar o quanto quisesse, só precisava tomar cuidado para não deformar a própria face enquanto isso. Tocou com as pontas dos dedos em um dos cremes transparentes, era suave e cheiroso e aparentemente servia para hidratar a pele e deixá-la macia ao toque então era óbvio que ele era uma das melhores opções ali, se aproximou com o rosto contorcido ao espalhá-lo por sua bochecha, testa e por último o queixo, massageou o local com toda a calma do mundo e esperou que o produto fosse sumindo aos poucos com cada nova esfregada, sorrindo orgulhosa para si mesma ao finalizar. 

O relógio digital marcava dez horas da manhã, e estava se sentindo animada. O apartamento era um lugar estranho e grandioso como nada o qual estivera acostumada mas enquanto pudesse se esconder em seu quarto, não precisaria se lembrar destes detalhes triviais e era algo o qual estava conseguindo fazer bem até o momento então por que não se sentir bem com isso? Destrancou a porta determinada a ser de alguma utilidade agora que estaria como hóspede por tempo indeterminado ali, queria ajudar em algo para não só se sentir ativa como para tentar não pensar na possibilidade de Kenma à cobrar por cada mínima coisa no futuro, não havia muitas coisas as quais conseguia fazer mas certamente estava disposta a aprender se isso fizesse com que sua dívida imaginária fosse paga honestamente! 

— Olá..? — Saldou quando atravessou o corredor em cinco passos, havia uma mesa alta à frente das duas paredes do lugar e ambas tinham um jarro com plantas bem cuidadas em cima, dois quadros com pinturas alegres como decoração. Varreu o cômodo espaçoso e iluminado com a luz solar com suas íris curiosas, não havia sinais de Kenma ou qualquer outra alma viva, ótimo. — ... Tudo bem, eu não queria companhia mesmo. 

Se virou de volta para o quarto e caminhou até o prato com o seu café da manhã posto ao chão o qual havia ignorado antes, se sentando em frente à sua porta com as sobrancelhas franzidas em irritação, trazendo o pobre pãozinho quente aos dentes apenas para morde-lo fortemente, sem qualquer necessidade de mastiga-lo assim quando sua massa era tão macia e bem feita mas foda-se, não tinha ninguém lá para assisti-la comer tão pateticamente mesmo. 

Bufou quando terminou de tomar o chá gelado que estava ao lado, estava delicioso o que só a deixou mais brava, era injusto tudo aquilo ser tão fodidamente bom! Suspirou ao se encontrar cheia, sorrindo para si mesma pois havia tanto tempo desde que comia tão bem, era uma sensação indescritível ter uma cozinha inteira com todo o tipo de guloseima que desejasse devorar, se levantou para ir até a mesma parando em frente à pia com torneira engraçada, ela era como uma ducha de banheiro e tão preta quanto o céu noturno assim como todo o resto ao redor, não era ruim e na verdade parecia tão chique não importa a maneira com a qual olhasse, sabia que deveria haver um lava-louças em algum lugar mas não se deu ao trabalho de procurar por dois simples motivos, primeiro: não saberia ligar o maldito, e segundo: tinha duas mãos que eram muito acostumadas a lavar as próprias sujeiras então não faria mal nenhum fazer o mesmo aqui.