𝗵𝗼𝗹𝗱 𝗺𝗲, 𝗄𝗈𝗓𝗎𝗆𝖾 𝗄𝖾𝗇𝗆𝖺.

𝗰𝗵𝗮𝗽𝘁𝗲𝗿 01

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No dia em que você conheceu Kozume Kenma o mundo parecia estar em declínio ao seu redor. Uma forte tempestade estava prevista para chegar naquela tarde e apesar de ter assistido ao noticiário da manhã e estar muito bem informada sobre isso antes de sair de casa você ainda não pôde evitar a surpresa quando as gotas fervorosamente começaram a cair sob sua cabeça distraída e incrivelmente descrente com os meteorologistas na TV, um tanto assustada com a força que a água desabava dos céus acima de forma tão bruta acompanhada por um vento forte, os Deuses não se importavam com quem estava embaixo!? Só queria um minuto para respirar, o qual obviamente não pôde ter ou desfrutar pois a chuva surgiu no segundo em que pisou para fora do trabalho com o salto preto apertando seus dedos dolorosamente na frente. Ergueu seus olhos furiosos para tentar observar a bagunça que se encontrava lá em cima porém, como era de se esperar, aquele aguaceiro todo dificultava até mesmo isso fazendo-a desistir de ficar parada lá, correndo para longe enquanto os postes de iluminação duvidosos abriam caminho por toda a calçada ensopada, deixando-a ao menos enxergar para onde estava indo enquanto isso.  

A camisa social branca que acompanhava o uniforme da loja onde trabalhava se encontrava encharcada e ridiculamente transparente sob sua pele, fazendo seu sutiã de renda da mesma cor se destacar desnecessariamente em frente ao seu busto e botões pretos, a saia cinza grafite justa as suas pernas passando a se tornar a mesma bagunça da parte superior rapidamente e você estava se tornando um tanto quanto preocupada com os olhares que começou a receber de alguns homens que passavam ao seu lado uma vez ou outra durante a árdua caminhada para casa, e para tentar fugir da situação constrangedora e perigosa parou ao lado de um farol na avenida movimenta em frente à Universidade Nekoma a qual conhecia bem, se sentindo um pouco mais segura ao levantar seus olhos embaçados em busca de um abrigo apropriado – já que sua bolsa de couro escura presa em suas mãos erguida sobre seus cabelos não estava sendo exatamente como um guarda-chuva agora – e fora quando você o viu, encolhido do outro lado da rua embaixo de uma cobertura amarelada e gasta. 

Caminhou até lá de forma cautelosa e indecisa, as poças sobre o concreto gasto abaixo de suas solas vermelhas fazendo um barulho alto a cada passo mais próximo do rapaz misterioso e encolhido, deixando evidente que uma nova pessoa se aproximava mas o desconhecido não pareceu incomodado o suficiente para sequer espiar uma única vez, nem um pouco interessado em saber quem ou o que era que havia chegado ao seu lado, o ruído de folhas secas se partindo parou no momento em que você se encolheu do lado aposto ao dele, embaixo da mesma cobertura gasta e barulhenta com a bolsa presa ao corpo com os dentes batendo um no outro por conta do frio cortante que arrepiava sua pele da cabeça aos pés, o cabelo pingando em suas bochechas e ombros como uma torneira ligada pateticamente mas você não estava se preocupando com toda a água nessa altura do campeonato, de qualquer forma, estava deplorável. 

Após alguns minutos de um imperturbável silêncio ao seu redor curiosamente olhou de soslaio para o rapaz encolhido sobre o único degrau que daria para a entrada da pequena loja de doces fechada, a blusa xadrez vermelha e preta se destacou em primeiro lugar apesar sua visão limitada por toda as gotas que caíram sobre seus cílios no caminho até ali, em seguida havia o cabelo caindo como uma cortina sobre seu rosto estranho, escuro na raiz e claro nas pontas, não deixando-a observar suas feições com mais atenção e, no segundo em que franziu o cenho para a mão direita pressionada ao lado de seu abdômen, – a qual você não havia se dado conta até então – ele gemeu dolorosamente, fora baixo e sutil e se já não estivesse olhando talvez não teria notado o som pois duas garotas passando do outro lado da rua conversando animadamente sob a proteção de um guarda-chuva vermelho no mesmo instante fazia um barulho mais alto que o dele.