2. O Reinado das Mulheres II - O Ataque

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«Mas tenho medo do que é novo e tenho medo de viver o que não entendo - quero sempre ter a garantia de pelo menos estar pensando que entendo, não sei me entregar à desorientação.»

Clarice Lispector

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Ansara viu-se sozinho no meio da noite, sem razão. Era o superior encarregue daquela missão e tinha vindo com a sua equipa. De repente ouviu algo e sentiu uma pressão no peito, um formigar no corpo como lhe dissesse para fazer alguma coisa, mas ele não conseguia constatar o quê. Até o mínimo barulho o assombrava. A missão consistia apenas em vigiar o Reino da Teia. Como era o reino rival e estavam sempre aproveitar formas ilegais de ter mais poder, a rainha ordenava que por turnos todos os esquadrões militares vigiassem o Reino e as suas transações. As informações importantes eram obtidas pelos ninjas. Os ninjas consistiam num esquadrão especializado em espionagem. Ninguém os via, não se via treinos, nem se sabia quem eram, se eram homens ou mulheres. Aquela vigia era tranquila porque todos sabiam dela, era visível e declarada, como um aviso para o Reino da Teia não abusar, nem tentar enganar o Reino Castelo Dourado, nem entrar sorrateiramente no Reino das Artes.


No entanto, naquele dia a missão foi perdendo homens ao longo do caminho. Ansara não compreendia como poderiam ter pura e simplesmente desaparecido se estavam mesmo atrás de si. Quando deram falta de três homens, pediu para outros três irem verificar a situação. No entanto, nenhum voltou. Preocupado, encostou-se às muralhas do Reino da Teia, negro como o céu naquela Lua Nova.


Viu um grupo de homens do Reino da Teia a caminhar lentamente para a entrada do reino, que consistia em dois grandes portões da grande e poderosa muralha a rodeá-lo. Estes portões eram a única entrada e saída do reino. Os homens vinham sujos, a tossir, cheios de nódoas negras e outras marcas de maus tratos e chicotadas. Os seus pés arrastavam e as mulheres que os conduziam como fossem gado gritavam a apressá-los.


Ansara encostou-se à muralha o mais que conseguiu. Concentrou-se ao máximo na sua tentativa de ser invisível. Quando o grupo entrou para o Reino da Teia, respirou de alívio. Não tinham dado pela sua presença.


Então, mais descansado, partiu sorrateiramente à procura dos seus soldados. Ansara estranhou bastante o comportamento deles, afinal sempre foram soldados obedientes. Ele mesmo os tinha escolhido por serem os mais invisíveis: taciturnos, eficientes e rápidos. Até poderiam fazer parte dos ninjas um dia. Sorriu com a ideia. Não fazia ideia o que seria necessário para ser ninja, talvez ser transparente como a água ou invisível como uma sombra. Ele ficaria orgulhoso se um dos seus homens fosse escolhido. Sempre teve vontade de saber mais sobre essa tropa especial. Quando pisou o lenço que ele e os seus soldados usavam na cara com o seu fato, os seus sentidos ficaram alerta e o corpo tenso. Calculou que alguém tinha intercetado os seus soldados, como não tinha pensado nisso antes? Olhou para um lado e para outro cauteloso. Tinha levado seis soldados com ele. Nenhum barulho ou sinal o fez desconfiar até àquele momento. Quem quer que fosse que os tivesse atacado, era muito bom. Não tinha feito qualquer som e o único vestígio era aquele lenço que Ansara guardou. Ele avançou à procura dos seus colegas quando ouviu uma voz:

– Para aí, já! – ordenou uma voz feminina.

Quando Ansara se virou, viu uma mulher robusta, toda vestida de negro com roupa demasiado justa. Quis mover-se e ignorá-la, mas o seu corpo não lhe respondia. Ela aproximou-se. Agarrou-lhe no queixo, era mais alta do que ele. 

– Humm! És mais bonito que os outros insípidos que vieram contigo... Não queres fazer-me companhia esta noite? 

Ansara não respondeu. Concentrava-se a fazer o seu corpo mexer-se, mas sem efeito.

 – O gato roubou-te a língua, foi? – a mulher tornou-se mais ríspida – responde-me!– Não! – respondeu sem vontade Ansara, impulsionado por uma força desconhecida.

– Então, não queres vir comigo para casa, hoje?

– Não! – respondeu, sem vontade, outra vez.

Ela encostou os seus lábios nos de Ansara que estava imóvel graças àquela força invisível. O que ele não faria para poder-se mexer e evitar aqueles lábios!

– Tu não queres, mas eu quero! Por isso, vens comigo. Não te preocupes, eu não achei piada a nenhum dos teus amigos, por isso mandei-os para casa. Agora, vou-te saborear por toda a noite... – sibilou a mulher misteriosa e Ansara sentiu um arrepio de repulsa.

Quanto mais tentava se libertar, mais o corpo obedecia àquela mulher. Parecia estar sob um feitiço de magia negra. Ela não tinha nenhuma arma, mas ele não conseguia mexer o seu corpo quanto mais lutar... Ansara sentiu-se a tremer, nunca tinha sentido um medo tão forte em toda a sua existência. Sem se conseguir controlar, o seu corpo foi arrastado enquanto ele pensava como poderia se libertar daquela mulher, como pedir ajuda, mas nada conseguiu fazer para impedir aquela que seria a pior noite da sua vida.

 Sem se conseguir controlar, o seu corpo foi arrastado enquanto ele pensava como poderia se libertar daquela mulher, como pedir ajuda, mas nada conseguiu fazer para impedir aquela que seria a pior noite da sua vida

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Esta é a imagem que tenho mais ou menos de Ansara (a imagem foi retirada do Pixabay) fica por enquanto não encontrar uma foto ou imagem que seja mais próxima do que imaginei. ;) 

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Olá!

Espero que tenham gostado de mais um capítulo desta história :) O último capítulo foi um género de introdução ao mundo em que Ansara e Valência vivem. Agora, começamos a história deles :) 

O que acham que mulher vai fazer a Ansara? 

Já sabem que adoro ler os vossos comentários. Muito obrigada por lerem e votarem. 

Beijos!






O Reinado das Mulheres (RASCUNHO)Onde histórias criam vida. Descubra agora