Quando chegou ao patamar sobre história, viu diversos livros apenas organizados alfabeticamente. O que tornava a procura por assunto quase impossível. Ansara não ia desistir. Tentou começar pela letra A de Artefacto. Era a sua única pista. Existiam estantes inteiras só com a letra A. A História das Sopas, A Longa História dos Ferreiros, As Diferentes Formas de Copiar Mapas ao Longo do Tempo, entre outros títulos que para Ansara nada diziam.
Ao longo das paredes arredondadas encontravam-se estantes cheias de livros pesados. O cheiro de comida foi substituído por cheiro a pó e livros antigos. Haviam alguns livros tão antigos que as capas pareciam que iam se desfazer se lhes tocasse. Um deles era um livro que Ansara estava interessado. A História dos Reinos. Ainda não tinha encontrado nenhum livro que citasse o Artefacto no título, mas aquele poderia contar como as mulheres começaram a reinar. Ansara tinha receio de desfazer o livro, mas a sua curiosidade e vontade de ler eram tais que o afastou dos outros livros para pegar delicadamente no livro. Mesmo assim alguns pedaços de papel caíram e o pó acumulava-se como uma película falsamente protetora.
Ansara levou o seu achado para uma mesa, das muitas livres naquele andar. Ansar não estranhava. História não era o tema mais interessante para se estudar.
Ansara limpou o livro cuidadosamente com as mangas da sua camisa. O livro ao abrir fez surgir uma nova nuvem de poeira acumulada devido aos vários anos por abrir. Ele esperou a poeira baixar e começou a ler. A história começava já no reinado das mulheres. Dizia que poderia ler a época anterior (denominada como reinado dos homens) no primeiro volume da série. Ansara voltou à prateleira mas não havia nenhum livro igual. Voltou à mesa voltou a olhar para a capa do livro e reparou que ao lado do título estavam carcomidos pelo tempo os símbolos «II».
Ansara voltou à prateleira e viu todos os volumes começados com a letra A. Não estava lá. Pensou em perguntar ao funcionário. Afinal de contas, não era um livro que mencionasse diretamente o Artefacto – não haveria mal algum.
O funcionário perguntou-lhe o título e abriu um grande livro chamado Índice do Tema História. Demorou uns bons quinze minutos a ler. Depois disse aborrecido:
– Não temos esse livro na biblioteca. O segundo volume foi-nos oferecido pelo Reino Castelo Dourado, mas nunca tivemos acesso ao primeiro. – olhou como quem dissesse «agora, não me incomodes mais».
Ansara agradeceu e retomou às estantes. Todas as pessoas diziam que não sabiam nada, mas o Reino Castelo Dourado era quem tinha dado o livro. De certeza que Valência sabia onde estava o Artefacto! Nunca lhe disse, mas ele também nunca perguntou... Deveria ter perguntado!
Continuou a sua procura, mas a sua raiva e frustração nublavam-lhe a razão. Já tudo lhe irritava, via os livros à pressa e nada fazia sentido. Alguém andava a esconder-lhe a informação do Artefacto. Tinha de haver uma razão. Provavelmente, outros homens tentaram o mesmo que ele queria fazer... Afinal, nem todas as pessoas concordavam que havia igualdade entre sexos.
Voltou a olhar para o monte de livros que tinha colocado sobre a mesa. O conhecimento sobre o Artefacto dava poder ao Reino do Castelo Dourado. A falta de conhecimento impedia reinos como o da Teia de terem superioridade de poder. O que irritava bastante o Reino da Teia sempre a lutar por mais poder. Parte do poder estava em receber privilégios ao Reino das Artes. No Reino das Artes concentrava-se as melhores escolas de todos os reinos, além de se fazerem obras de arte magníficas. O Castelo Dourado concentrava-se na pesquisa de melhores equipamentos para combate, armas e utensílios para melhorar o funcionamento de tudo. O Reino da Pastaria era das comidas sofisticadas e o Reino da Teia era dos reinos com menos superioridade dedicando-se ao comércio e às minas, mas sempre a tentar arranjar formas de conseguir poder. No entanto, ninguém passava fome. Todos os reinos tinham aquedutos e formas de as pessoas sobreviverem graças aos Campos. As colheitas era divididas em quantidades iguais de peso. As preferências de comida eram diferentes de reino para reino mas era a forma de ser mais justo para todos. Ansara acreditava nisso, por isso tinha escolhido ser soldado.
Não conseguia deixar de ter a sensação que todo aquele mistério era estranho. Porque não colocar o Artefacto num museu? Até mesmo numa escola ou sala de reuniões num castelo? Havia algo naquele Artefacto que queriam esconder. Ele ia descobrir o que era. Talvez essa superioridade quase divina das mulheres era coisa dos humanos, e não da Deusa, como pensava Eurico e a maioria das pessoas.
Assim, Ansara passou o dia inteiro entre livros, numa busca infrutífera do segredo do artefacto.
Olá!
Sei que já havia suspeitas aí do mesmo que Ansara chegou à conclusão neste capítulo, mas ele tem dúvidas muito pertinentes, não é?
Será que ele vai encontrar alguma informação sobre o artefacto?
Este capítulo foi mais curtinho, mas o próximo será maior. :)
Já sabem eu adoro ler os vossos comentários, posso demorar um pouco a responder, porque tenho estado muito atarefada e tenho tido muitos comentários nos vários livros que publico, por isso, nem sempre consigo chegar às notificações ou responder a todas. Mas cada vez que releio o livro, leio os vossos comentários e vou tentar responder quando puder. Muito obrigada de coração <3
Obrigada por estarem aí!
Beijos
MS
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O Reinado das Mulheres (RASCUNHO)
FantasiaUma mulher que perdeu tudo devido aos homens da sua família, sobrevive a fingir que é homem até ao dia em que descobre um artefacto que vai mudar o mundo para sempre... Dois séculos mais tarde, um homem injustiçado que procura o artefacto para fazer...