Uma mulher que perdeu tudo devido aos homens da sua família, sobrevive a fingir que é homem até ao dia em que descobre um artefacto que vai mudar o mundo para sempre...
Dois séculos mais tarde, um homem injustiçado que procura o artefacto para fazer...
Sendo de uma família tão próxima ao rei, Alice pensou em começar os seus planos com Otávio. No entanto, ele não era a pessoa que ela mais desejava vingar-se. Essa pessoa era padre Lucrécio. O violador de noviças. O título foi dado por ela porque era a realidade. Ele fazia o seu serviço sempre que aparecia uma nova noviça no convento e ainda se lembrava do que dissera no final: «Se contares sobre isto ao teu querido irmão, eu queimo-te na fogueira por teres o diabo no corpo. Tu és a culpada disto! A tua beleza selvagem e este corpo tentador não poderiam ser desperdiçados!» e saiu do quarto com um sorriso sádico nos lábios.
Durante vários dias, Alice sangrou e mal se conseguia sentar, tais as dores e as nódoas negras que tinha. Quando ouviu as noviças a falar entre si que ele voltava após o sangue ter terminado, Alice sentiu-se aterrorizada. Apesar das suas dores, conseguiu arranjar forma de fugir do convento. A sua força de vontade de fugir daquele pesadelo era mais forte do que qualquer dor. Pensar que agora poderia vingar-se dele era algo que lhe fervia nas veias. Sentia tão forte a sua vontade que receava entrar em ebulição. Pensou num plano novo, mas para tudo dar certo e para a sua presença perante o rei e principalmente da rainha teria de fazer a sua vingança antes de falar com Otávio. O encontro com Carlos tinha sido uma pista muito importante... Após alguns testes, compreendeu que os homens obedeciam desde que lhe desse ordens, não pedidos. Ela estava ansiosa por as dar.
Assim que recuperou do esforço feito na procura do Artefacto, foi ao Convento da Nossa Senhora da Conceição. Foi fácil passar pelos guardas, mas quando chegou à capela principal, as freiras tentaram-na impedir por ser proibido homens entrarem exceto em tempo de festividades religiosas. Ela não podia as ordenar como fizera com os guardas, por isso, teve que dizer que era um assunto grave de família do Padre Lucrécio. Ao saberem isso, encaminharam-na rapidamente para o gabinete do padre. Receavam a sua reação se ele soubesse que impediria uma notícia importante da sua família.
Alice sentou-se no escritório cheio de livros e viu que um livro estava em processo de cópia na secretária ao lado da mesa principal. Ficou surpreendida, nunca pensou que um homem rude e mesquinho como aquele poderia ter alguma cultura. Ela nunca concordou com a ideia que uma pessoa precisava de ser solteira para exercer religião. O mais importante não era se a pessoa fazia ou não sexo, ou se tinha família, mas sim, o seu caráter e a sua bondade. Não tinham de ser perfeitos, mas não podiam ser representantes da maldade e do medo. Aquele mundo estava ao contrário, todas as pessoas viam a igreja como algo a temer, em vez de algo a acreditar ou como um porto seguro nos seus momentos de dor.
– Bom dia, o que se passa com a minha família? Passou-se alguma coisa com a minha mãe? – perguntou o Padre Lucrécio preocupado.
– Chame todas as noviças do convento com quem dormiu, agora! – ordenou Alice sem perder tempo.
Padre Lucrécio saiu imediatamente sem falar. Alice duvidou se a ordem tinha dado certo. Aguentou a vontade que tinha de fugir e só desejava que as suas pernas parassem de tremer.
Pouco depois, uma a uma entraram as noviças até encher o escritório. Alice sentiu a revolta a crescer dentro de si. Dentro do seu coração desejou que todos os homens ficassem marcados por dormir com uma mulher como as mulheres ficavam. Afinal, após perder a virgindade, eram marcadas para sempre. O artefacto que ela não retirava do bolso interior do seu casaco brilhou. Dezenas de pequenas marcas começaram a aparecer na face e corpo do padre e as noviças perguntaram-lhe se ele se sentia bem, preocupadas. Antes de ele poder responder, Alice tomou a palavra.
– Cada marca na cara desse padre simboliza uma mulher com quem ele dormiu. Cada uma de vós, tem a sua marca na sua pele. Muitas de vós, não têm culpa, pois, sei que ele as tomou à força. Os tempos estão a mudar e não precisam de ter medo da fogueira. Ele não vos pode fazer nada. Vocês agora têm o poder.
» De certeza que lhe querem retribuir pelas boas-vindas que vos deu ao convento - sorriu sarcástica - hoje, é o dia para se vingarem e o castigarem em nome do Deus que ele traiu. Em nome da vergonha, raiva e das dores que vos causou. Em nome do medo e dor que causou ao mundo. Vejam aquelas marcas! Imaginem quantas mulheres ele maltratou! Podem estar descansadas que dentro muito pouco tempo ele não terá capacidade de retaliação... isso é se o deixarem viver...
As expressões das freiras transformaram-se ao ouvir Alice. Olhavam para um lado e para outro para ver a confirmação na face das colegas. Elas pegaram no cinto que ele tinha pendurado no escritório e que costumava utilizar nas suas violações. Quando Alice saiu do escritório ainda conseguiu ouvir o Padre Lucrécio a dizer:
— Não! Não! A-alguém ajude-me!
Alice saiu satisfeita pela sua vingança. Era tempo de seguir com o seu plano.
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Otávio sabia que Alice tinha fugido do convento, mas quando o Padre Lucrécio disse-lhe que já tinha iniciado as buscas e que faria tudo para encontrar a sua irmã, ele ordenou para esquecer e parar de a procurar. Ela não iria sobreviver por muito tempo e era menos uma chatice na sua vida. Mesmo se sobrevivesse talvez fosse mais feliz a viver livremente. Ele duvidava voltar a ver a sua irmã, exceto se a visse num bordel com as outras meninas que gostava de visitar. Ele não lhe desejava mal, apenas não a queria na sua vida. Para se chatear já tinha a sua mulher, Joaquina. Ele nunca conheceu mulher tão irritante. Estava sempre a pedir-lhe qualquer coisa e quando não pedia, reclamava. Parecia que tudo que ele fazia estava sempre mal. A única coisa que ele fazia bem era comprar-lhe roupa e afins. Para isso preferia as prostitutas que pelo menos fingiam ter prazer quando estavam com ele. Por essa razão ficou chocado quando viu um homem muito parecido com a sua irmã Alice no seu escritório. Era estranho ter conseguido chegar ali. Tinha guardas em todo o sítio, inclusive na porta do escritório. Ele parecia muito descontraído apesar das suas roupas usadas e rasgadas. Era um pedinte com ar altivo, arrogante. Havia qualquer coisa naquele indivíduo que o deixava desconfortável. Pensou em chamar os guardas, mas houve algo que o impediu.
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Olá leitores!
Antes de mais quero agradecer por cumprirem o desafio que vos dei no último capítulo <3 <3 <3 :D
Fico muito feliz pelas vossas leituras, votos e comentários. Vocês são as primeiras pessoas a lerem este livro que está em rascunho como outros livros que tenho publicados na mesma situação. Só para avisar que podem ser revistos e alterados mais tarde. ;)
Alice é muito poderosa, não é?
Qual é o castigo que acham que as freiras deram ao padre?
O próximo é Otávio, será que ele vai sobreviver à mulher dele? kkk
Muito obrigada por estarem aqui <3 Vou adorei ler todos os vossos comentários.
