«Tu podes ser mil mulheres diferentes. É a tua escolha decidir qual queres ser. É sobre liberdade e soberania. Celebrares quem és. Dizeres "este é o meu reino"»
Selma Hayek
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Reino Castelo Dourado, 1610
Dois séculos depois, as mulheres governavam as nações. As princesas primogénitas eram consideradas rainhas quando a mãe morria. O rei era o comandante-supremo do exército, no entanto, tinha de obedecer à rainha caso ela quisesse interferir nas suas ações. Tinha sido assim e era assim em todos os reinos que se conhecia. No Reino Castelo Dourado, apelidado pelo enorme castelo em tons de dourado reconstruído em nome da Amazona Alice Lencastre, a mulher mais corajosa e incrível que toda a humanidade já conhecera. Mestre da esgrima e do conhecimento, ultrapassava qualquer homem ou mulher em todas as artes. Era a inspiração para todos os reinos, mas em especial para o Reino Castelo Dourado onde nasceu e viveu toda a sua vida.
A sociedade estava dividida em tarefas para homens e para mulheres. As mulheres eram consideradas pela sua inteligência, humanismo, cordialidade e comunicação. Por essa razão, elas tinham cargos de gestão, cópia de livros, ensino e outras profissões de conhecimento. Os homens eram considerados pela sua força e aptidão física, por isso, cabia-lhes todas as tarefas em que era necessária força, como cultivar a terra, cuidar dos animais, combate, tarefas domésticas entre outras atividades exigentes a nível físico. No entanto, quase sempre eram comandados por mulheres.
No final do século anterior, tinha havido uma revolta em que vários homens morreram numa greve de fome e a Rainha Teresa tinha permitido algumas exceções para homens se candidatarem a cargos superiores. Alguns homens conseguiam ascender ao cargo de capitão e algumas funções de conhecimento como copistas ou professores, mas tinham que provar a sua capacidade e inteligência com afinco. Tinham muito mais dificuldades do que as mulheres. Mesmo assim, era-se comum ouvir que os homens não saberiam comandar como uma mulher e que era muito azar ter um homem como chefe. Apesar de conseguirem os mesmo cargos que as mulheres, ganhavam menos moedas do que elas.
Havia também mulheres nos trabalhos mais pesados e de combate, mas eram raras. Geralmente, elas estavam nessas funções por vontade própria. Muitas vezes, eram poupadas pelas chefes e todas as pessoas tentavam convencê-las a mudar porque «eram demasiado boas para aquele cargo». Mesmo nestes cargos, as mulheres ganhavam mais do que os homens.
Para a Rainha Teresa Branco, tudo isto era normal. Havia uma regra, uma lógica e quem desejasse fugir delas teria de pagar por isso. A sociedade era maioritariamente constituída por monogamia. O homem deveria obedecer à sua mulher e ser-lhe fiel. No entanto, eram várias as mulheres que traíam os seus maridos, mas eram repreendidas por tal comportamento. Mas como se costumava dizer, as mulheres tinham «carne fraca» e por isso até os próprios homens as perdoavam. Sendo os homens marcados, cada vez que dormissem com uma mulher não poderiam ter outra na sua vida ou teriam uma boa razão para o divórcio e seriam repudiados por todos. O estatuto de mulherengo era o mais repudiado e dificilmente estes homens voltavam a casar. Para não falar que se houvesse um divórcio, os homens não poderiam ver mais os seus filhos.
Por haver mais homens do que mulheres, a Rainha consentiu alguns casamentos polígamos, no entanto, era preciso uma autorização especial e que era muito difícil de obter, mesmo que isso significasse uma vida inteira de solidão para eles.
Nesse ano, o rei havia morrido numa batalha com o Reino da Teia, seu vizinho e eterno inimigo. O Rei Dinis foi o grande e único amor da Rainha Teresa, depois dele partir, ela não desejou outro homem. Focou-se no governo do seu reino, julgava que tudo estava como deveria estar e não considerava que ninguém fosse maltratado. Desconhecia as várias mulheres que abusavam fisica e psicologicamente dos seus conjugues e outras quantas de dormiam com vários apenas por prazer.
A sua filha primogénita, Valência, era casada com o Ansara, um homem forte de coração puro. Ela era coronel das tropas do Oeste e conheceu-o numa reunião de capitães, tenentes e sargentos de todo o reino. Ansara era capitão do Este. Assim que se viram, não conseguiram largar-se. Até mesmo quando discutiam, nenhum se ia embora até resolver a questão, chegando por vezes a lutar para resolver a situação. A Rainha achava aquele relacionamento grotesco, mas admitia que o genro era o melhor que a filha poderia arranjar com o seu temperamento.
Olá!
Um novo capítulo com a principal história deste livro. Tentei fazer um reverso lógico das posições das mulheres e homens e refletir sobre algumas questões sobre a igualdade ou falta de igualdade entre sexos. Como já disse logo no princípio, esta história foi bem desafiante para mim, portanto se quiseres ajudar-me com as tuas opiniões ou sugestões eu agradeço.
Obrigada por leres, comentares e votares <3 Sem ti, este livro é apenas um conjunto de letras sem sentido. Obrigada por dares sentido e valor a ele.
Beijos!
MS
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O Reinado das Mulheres (RASCUNHO)
FantasiUma mulher que perdeu tudo devido aos homens da sua família, sobrevive a fingir que é homem até ao dia em que descobre um artefacto que vai mudar o mundo para sempre... Dois séculos mais tarde, um homem injustiçado que procura o artefacto para fazer...