5. O Reino da Pastaria I

49 10 73
                                    


«Diante de Deus, somos todos igualmente sábios e igualmente tolos.» 

Albert Einstein

Eurico e Ansara começaram a caminhada de vários dias até o Reino de Pastaria. Eurico contou-lhe sobre as prendas e atitude amistosa de Fiona enquanto Ansara ouvia durante horas a fio. Quando se cruzavam com pessoas de outros reinos era frequente ouvi-las comentar sobre os homens violados, que estavam a aparecer cada vez mais por todos os reinos. A ideia era difícil de conceber para a maioria das pessoas, mas cada vez haviam mais homens a reclamar que tinham sido atacados pelas mulheres do Reino da Teia e que era injusto sofrerem por isso. Algumas pessoas começaram a suspeitar, afinal, o Reino da Teia estava praticamente sem homens. No entanto, as opiniões dividiam-se entre quem pensava que era mentira e quem estava preocupado com as violações. A verdade estava por descobrir. A tensão entre os reinos Castelo Dourado e da Teia sentia-se cada vez mais. Existiam muitas premonições de guerra. Ansara pensou que para essa premonição, nem precisava de ter dom de adivinhação. Estava demasiado óbvio.

Ansara e Eurico caminhavam num caminho que dava para ver o Reino das Artes. Eurico olhava para o muro e pensava nos seus filhos. Ansara olhava os Campos, do outro lado, e admirava-se ainda mais com a sua extensão que parecia não ter fim. A exaustão era grande, mas na estrada não conseguiam dormir descansados.

A floresta já se via ao fundo e viviam todo o tipo de animais nela. Lobos, ursos, serpentes e até plantas desconhecidas encontravam-se nela. Quantos viajantes já tinham desaparecido devido aos ataques da Floresta?

Poderiam até ser assaltantes, mas todos acreditavam que eram os habitantes da floresta. Mais valia prevenir e estar sempre atento, contra animais e pessoas. 

Ansara olhou para a floresta ao fundo da estrada de terra batida que virava para o Reino Pastaria. Nem a estada entrava na sombra de pinheiros, carvalhos, azinheiras e outras árvores que Ansara desconhecia o nome. Se existia algo para além dela ninguém sabia com certeza. Já tinham sido muitos os aventureiros que entraram na Floresta, mas fora os que iam pela estada do Nevada ou ir buscar cogumelos, lenha ou caça e outros produtos da floresta na entrada da floresta, ninguém tinha voltado ou achado o seu fim. Havia rumores de que havia pessoas que viviam na Floresta. Elfos ou pessoas-árvores entre muitos outros mitos. Ansara duvidava que fosse possível viver na floresta e, ainda mais, que existisse outras espécies de criaturas.

Assim com Ansara a pensar em devaneios, chegaram ao Reino de Pastaria. Os muros estavam decorados de uma massa vermelha e a grande porta estava fechada. Uns viajantes passaram à frente de Ansara e Eurico a dizer entre si:

– Dizes que vens provar a pizza. Vá lá, repete, que essas são as palavras mágicas para entrar. Vá repete!

– Venho provar a pisa... – disse o rapaz mais novo – piza... pizza!

Eurico e Ansara pararam logo a seguir aos viajantes em frente dos grandes portões. Os viajantes falaram o planeado, o guarda sorriu e deixou-os entrar.

Eurico pensou que a sua razão era mais válida do que apenas provar uma comida. Quando chegaram ao guarda, ele perguntou:

– Porque vêm ao Reino da Pastaria? – a sua cara era séria e carrancuda.

– Venho visitar os meus familiares, – respondeu Eurico – os meus avós Guisepa e Júlia.

– Tretas. Vão-se embora.

– Tem razão –, interveio Ansara – nós ouvimos falar da iguaria pizza e queremos provar.

Os modos do guarda transformaram-se.

O Reinado das Mulheres (RASCUNHO)Onde histórias criam vida. Descubra agora