Uma mulher que perdeu tudo devido aos homens da sua família, sobrevive a fingir que é homem até ao dia em que descobre um artefacto que vai mudar o mundo para sempre...
Dois séculos mais tarde, um homem injustiçado que procura o artefacto para fazer...
Quero dedicar este capítulo como agradecimento a @LisMegan91,uma ávida leitora das minhas histórias e que escreve livros de suspense emocionantes. Passem por lá e deixem-se render pelas suas palavras ;)
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«A igualdade de gênero é mais do que um objetivo em si mesmo. É uma condição prévia para enfrentar o desafio de reduzir a pobreza, promover o desenvolvimento sustentável e construir um bom governo.»
de Kofi Annan
Valência batia com o lápis da mesa. Tentava se concentrar mas não conseguia. Já não sabia o que fazer, vários soldados, que vinham de uma missão de vigiar o Reino da Teia, apareceram com a marca negra. Todos diziam ter sido violados pela mesma mulher. Todos confirmavam uns aos outros. Parecia ter sido uma violação em grupo. Só de pensar Alice ficava enojada. Como poderia uma mulher abusar de homens assim?
Demorou até admitir que poderiam ser verdadeiras estas violações, e não mentiras que os homens gostam de dizer para se desculpar das suas traições. Até de Ansara duvidou... e agora já não podia negar. As violações estavam mesmo a acontecer e Ansara nunca mais voltou para ela... Devia ter-se sentido tão magoado com a sua dúvida quanto ela com a sua traição. Agora, ela já não sabia o que podia fazer para salvar o seu casamento...
No entanto, mesmo que os homens do Reino da Teia fossem obrigados a ir trabalhar nas minas porque as mulheres prefeririam atacar homens de outro reino, em vez de ir ter com os seus próprios homens? Como teriam poder para tal? Afinal, o Artefacto apenas impedia os homens de violarem as mulheres, não servia para as mulheres abusarem dos homens. Mesmo que lhes ordenassem tal não seria possível. Já tinha sido tentado antes. O homem ficava paralisado quando uma mulher ordenava coisas que eram contra a sua vontade interior. Por isso, não era possível. Nem era de conhecimento público que as mulheres podiam mandar nos homens por essa mesma razão. Para não se abusar e para haver igualdade entre os sexos.
Valência dava voltas e mais voltas e não conseguia resolver o caso na sua cabeça. Não poderia ser o Artefacto, ela sabia bem disso. Finalmente parou, sentou-se e começou a agitar um lápis entre os dedos para conter a sua agitação interior.
No entanto, aqueles acontecimentos não a deixavam de atormentar devido a Ansara e o seu peito gemia. Ela não acreditou nele. Denunciou-o para a sua mãe. Virou-lhe as costas quando ele lhe disse a verdade... Tinha enviado Kenji para saber o que Ansara andava a fazer. Tinha-o vigiado... Ela tentou vê-lo na colheita mensal nos Campos, mas ele nunca se mostrava. Valência gostava de o ver. Mesmo que ele lhe virasse a cara. Relembrou-se da última vez que tinha ido à colheita. Em vez dele, tinha visto a rainha do Reino da Teia, Aracnia. Ela não tirava os olhos de Valência e quando foi a vez dela queria ter mais quilos por ter escolhido algodão. Um quilo de algodão é muito algodão não precisava de mais e não ficava nada a perder aos outros Reinos. O peso é que contava. Quando Valência interveio, ela sorriu-lhe com um ar de gozo e disse:
– Ah! Olha quem é ela, a do reino dos violados... o exemplo começou logo no marido da princesa, não foi?
– Olha quem é ela a querer roubar! O seu reino deve ser dos usurpadores... – cuspiu sem outra resposta para lhe dar.
Aracnia não perdeu tempo e começou a puxar-lhe os cabelos e Valência, mulher guerreira que era não se deixou ficar. No fim tiveram que ser os camponeses a separá-las.
– Não sei como ouviu falar dos homens violados mas uma coisa é certa, Aracnia, todos têm a marca do Reino da Teia – acusou Valência.
– Ora, ora. A princesa Valência deve ter cuidado com aquilo que diz! Só a ideia de um homem ser violado é ridícula! Só mesmo no Castelo Dourado é que tal pode acontecer! – gozou Aracnia a recompor-se.
Valência parou o lápis e colocou-o na mesa quando a sua consciência voltou ao momento presente. Estava sem ideias. Quanto mais pensava menos soluções tinha. Existiam soldados a ser maltratados pelas mulheres e pelo povo em geral. Eles sentiam-se injustiçados porque ela não era capaz dos defender. Ela nem sabia como provar que era possível e, apesar de já não ter quase dúvidas nenhumas, ainda havia muitas pessoas a acreditarem que era uma mentira que virou moda entre os homens. Era tudo muito estranho. Resolveu ir dar uma volta de cavalo, para arejar as ideias, mas antes de conseguir sair da cidade, viu um soldado da sua equipa a ser apedrejado por diversas mulheres.
– Parem já com isto! – ordenou Valência às mulheres. – O que se passa aqui?!
Todas as mulheres e homem ferido se ajoelharam perante a princesa.
– Vossa alteza, este homem tem duas marcas! Eu sempre o tratei bem, o ajudei e apoiei até lhe dei uma filha! E ele vai e traí-me com uma mulher do Reino da Teia! Ainda por cima, diz-me que foi violado! Ainda goza do meu sofrimento! Perdoe-me a minha raiva, não me controlei - as mulheres que estavam com a mulher acenaram em concordância. Estavam a fazer aquilo por causa dela.
A testa de Valência enrugou-se. A tensão cresceu no seu semblante e perguntou-se a si mesma o que fazer.
– Fica perdoada desta vez, mas deixe este homem ir. Não quero que mais nenhum mal lhe faça por muito que tenha raiva ou sofrimento. Considere este aviso uma bênção da minha parte para a próxima vez que vir este género de comportamentos serão todas presas! Estamos num governo de igualdade! Não podemos fazer tais coisas! – disse com tal firmeza que ninguém sequer pensou que Valência tinha dúvidas nas suas ordens. – Soldado! Vá para o dormitório do castelo e fique por lá até as coisas acalmarem. Aconselhe os outros soldados a fazerem o mesmo!
– Sim, vossa alteza.
Valência viu o homem a correr em direção do castelo, sem nenhum pertence nas mãos, a testa a sangrar e o desgosto no rosto. Porque haveria um grupo de homens mentir sobre um assunto tão sério?! Como poderia ela saber mais sobre o assunto e provar o que realmente aconteceu?
Enquanto cavalgava, um plano surgia e tomava forma na sua mente. Valência iria descobrir a verdade, custasse o que custasse. Quando descobrisse o que realmente aconteceu, iria fazer o Reino da Teia pagar com juros o que fizera aos seus homens!
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Olá!
Espero que tenham gostado deste capítulo.
Qual será o plano de Valência?
Será que existem hipóteses de ela voltar para Ansara?
Muito obrigada pelos vossas leituras, votos e comentários!