3. A Traição I

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«As mulheres estão sempre a dizer "conseguimos fazer tudo o que os homens fazem", mas os homens também deviam dizer "conseguimos fazer tudo o que as mulheres fazem"»

Gloria Steinem

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Dias mais tarde, no Reino Castelo Dourado, Valência foi ter com a mãe sem conseguir conter as lágrimas que insistiam em sair dos seus olhos. Ela tentava forçar para que elas parassem, mas isso, só fazia-a chorar mais. A Rainha não ouvia a filha chorar desde os sete anos. Era uma situação que a deixou incrédula. Valência sempre reagia mais com raiva, fúria do que com lágrimas às situações. Mesmo quando se zangava com Ansara, o que era muito frequente, ela nunca chorava apenas discutia com ele até chegarem a uma conclusão.

– Mãe! Mãe! Ele....- hesitou como se apenas dizer aquelas palavras cortassem-lhe a pele - Ansara traiu-me com outra mulher!

– Como assim?!

– Eu vi ele tinha uma nova marca na pele e era de cor negra! Negra! Do reino da Teia!

– Não acredito!

– Nunca pensei... - parou um pouco para conseguir respirar entre lágrimas e soluços de choro - ele diz que foi forçado! Como uma mulher pudesse forçar um homem a isso! – fungou com os olhos a brilhar de raiva.

– Isso é muito grave... Ainda mais com uma mulher do Reino da Teia! Ele pode estar a dar informações do nosso reino!

- Chamem Alexandrina! Já!! – ordenou às serviçais.

Deixou Valência a soluçar no seu quarto, sem avisar o que ia fazer. Alexandrina era a chefe da guarda do Castelo e conselheira da rainha em termos de leis. Sem saber de quem se tratava, ela aconselhou a rainha a prender o homem que estava a passar informações ao Reino da Teia.

Ansara foi apanhado desprevenido, de tronco nu com os seus belos músculos bem definidos ainda húmidos do banho que tinha acabado de tomar, pela a rainha, as suas criadas, e as tropas do castelo. A rainha virou a cara e fez um som de desgosto ao aspeto dele, mas as serviçais desta não paravam de olhar e Ansara rapidamente vestiu uma camisa. Ela ordenou que o prendessem por estar a dar informações ao reino inimigo.

– Vossa majestade, por favor, não sabe a injustiça que está a cometer! Eu fui forçado! Eu não quis e fui forçado a dormir com aquela mulher! Como poderia falar com ela? Se eu conseguisse me mexer não tinha esta maldita marca no meu corpo!

– Ansara, poupa-me! Sabes bem que nenhuma mulher pode forçar um homem a dormir com ela... Desiludes-me pensava que eras mais inteligente que isto! Achas mesmo que eu ia acreditar nessa desculpa de meia-tigela? – irritou-se a Rainha – Ponha-o nos calabouços e organizem já a reunião de comandantes!

As ordens da Rainha foram cumpridas, enquanto Valência se recompunha da sua traição, Ansara foi condenado ao exílio. Nunca mais poderia entrar ou falar com ninguém do Reino Castelo Dourado. Ansara disse que era inocente até ao último momento no reino. Valência nem teve conhecimento do julgamento, nem soube dos pedidos para falar com ela de Ansara, por ordem da Rainha. Por isso, Ansara ficou desesperadamente sozinho sem ninguém a acreditar nele ou apoiá-lo. O seu irmão Angus mostrou-lhe bem qual a opinião do resto da sua família quando o foi visitar:

– Devias ter vergonha! Como pudeste deitar fora um casamento tão bom que tinhas! Estavas casado com uma princesa! Sabes quantos homens gostavam de estar no teu lugar?! Metes-me nojo! Como foste capaz de manchar a nossa reputação?! Temos assim tão pouco valor para ti? Como podes pedir que acredite em ti? Vai para o Reino da Teia ou para o raios-que- parta! Só não te quero ver mais à frente! - cuspiu-lhe na cara.

Ansara saiu pelo próprio pé do reino com o coração corroído pela raiva. Todos duvidavam da sua palavra, as pessoas comentavam as suas roupas e o seu corpo « já viram como ele se veste? mostra logo ali os músculos todos para seduzir, vê-se mesmo que ele não é de fiar» . No entanto, o que lhe mais doía era a dúvida e incriminação de Valência. Por momentos, pensou que poderia contar com ela. Ela nem sequer compareceu no seu julgamento e extradição. Não deu tempo nem espaço para ele se explicar. Foi logo denunciá-lo à sua mãe. Ainda mais como espião do reino! 


Quanto mais tempo passava, mais o coração de Ansara endurecia. Começou a aceitar a ideia que Valência não ia mudar de ideias, sempre ficou com esperança que ela viria procurá-lo. Nem que lutasse com ele, ficasse amuada, sempre pensou que ela o ia perdoar, pelo menos. A sua raiva aumentou e ele começou a pensar no o artefacto que dava ordem ao mundo, ele ouviu falar dele quando estava no castelo, não era de conhecimento geral, mas todos que viviam no castelo sabiam e mesmo no reino havia muitos rumores sobre ele e a sua magia. Iria destruir o mundo de Valência como ela destruiu o seu com a sua denúncia. No entanto, antes disso, iria destruir o Reino da Teia e aquela mulher que o obrigou a dormir com ela. Ainda tinha nojo e repugnância de se lembrar. Iam todas pagar! Todas as mulheres do mundo por abusar dos homens! Estava farto de tanta injustiça!

 Iam todas pagar! Todas as mulheres do mundo por abusar dos homens! Estava farto de tanta injustiça!

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Olá! 

Obrigada por estares desse lado :) A imagem no inicio deste capítulo é Valência, a mulher de Ansara. 

Quem será esta mulher com quem ele dormiu?

Será que ele vai conseguir chegar ao artefacto?

Já sabes que adoro ler os teus comentários e agradeço muito os teus votos e leituras. 

A partir de agora não posso muito garantir quando os próximos capítulos serão publicados, mas vou esforçar-me a publicar sempre no fim de semana :) 

Beijos!

MS

O Reinado das Mulheres (RASCUNHO)Onde histórias criam vida. Descubra agora