Uma mulher que perdeu tudo devido aos homens da sua família, sobrevive a fingir que é homem até ao dia em que descobre um artefacto que vai mudar o mundo para sempre...
Dois séculos mais tarde, um homem injustiçado que procura o artefacto para fazer...
Os meses foram passando, Ansara continuou a juntar desesperadamente moedas para ir a Pastaria. Ao longo do tempo, os homens marcados como ele tinham casado com as mulheres dos Campos. Afinal, haviam muito mais mulheres do que ele pensava por ali, no início pensava que eram mais homens do que mulheres, agora tinha dúvidas. Ansara teve duas ou três mulheres que o cercaram, mas ele ignorou-as. No entanto, a sua frieza pareceu despertar interesse em muito mais mulheres. Os seus braços musculados, tez morena cor café-com-leite, os seus olhos cor de chocolate e cabelo cortado rente, era alvo de olhares incisivos e convites para bailes que sempre recusava. As raparigas mais novas disputavam entre si quem iria trabalhar com Ansara nos campos com esperança que no seu turno ele aceitasse os seus convites. No entanto, ele só conseguia pensar na mulher de cabelos cor de avelã que dominava o seu coração.
Surgiu um novo homem que apesar de ter apenas uma marca de mulher, na face onde ninguém conseguia deixar de ver, tinha vindo por vontade própria para os Campos. Pela cor da marca, dourada, ele era do Reino Castelo Dourado como Ansara. As marcas diziam a que reino as mulheres pertenciam. As negras eram do reino da Teia, vermelhas do Reino Pastaria, azuis do Reino das Artes e verdes dos Campos.
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O nome dele era Eurico e ele tinha desmaiado nos Campos como Ansara. No entanto, o mal dele era pior do que a fome. Ansara ouviu dizer que passou dias inteiros a chorar. A mulher que amava tinha dormido com vários outros homens, segundo o que se contava. Tinha-lhe dito que ele não lhe dava o que precisava e que não prestava como homem. Acusou-o de nem uma filha conseguir dar, apesar de ter três filhos dele não achava suficiente, e como vingança, impediu-o de os ver ao enviá-los para o Reino das Artes. Arrasou-o de todas as formas possíveis ao colocar um cartaz no mercado a ofendê-lo e a dizer que nem homem a sério era porque tinha trabalho de mulher como secretário. Apesar de ser considerado como uma honra tal emprego, Eurico não aguentou a vergonha e fugiu para os Campos. A sua dor era terrível. Após uma semana, Eurico estava um pouco mais recomposto e começou a trabalhar na terra. Foi posto ao lado de Ansara. O seu corpo não estava preparado para aquele trabalho, a sua disposição não o ajudava e fazia-o tão lento como uma lesma. Ansara pensou que precisava de falar para se animar. Sentir que não estava só e que as pessoas dos Campos eram uma grande família. Como Ansara precisou quando ali chegou.
– Novo por aqui? – Ansara começou.
– Ah! Sim! – Eurico saltou como se Ansara o tivesse acordado de um sono profundo.
– São bonitos os Campos, não é verdade?
Eurico olhou para um lado e para o outro e pareceu que pela primeira vez vira a imensidão daquele reino sem muros.
– Sim, realmente. Não há nada como estar no meio da natureza! – quase sorriu apesar dos seus olhos tristes.
– Essa marca é do Reino Castelo Dourado, não é? Eu também saí de lá – mostrou-lhe a marca de Valência no seu braço. Acariciou-a antes de a deixar.