Uma mulher que perdeu tudo devido aos homens da sua família, sobrevive a fingir que é homem até ao dia em que descobre um artefacto que vai mudar o mundo para sempre...
Dois séculos mais tarde, um homem injustiçado que procura o artefacto para fazer...
Ansara estava cansado. Gostava de saber porque tinha de lutar com tantos soldados. Nem na altura que foi capitão teve tantos inimigos. Ele não tinha local para viver, nem qualquer poder, porque insistiam em enviar soldados para lutarem com ele? A rainha não tinha ficado satisfeita com o seu exílio! Ela não deixava a sua raiva e mágoa diminuírem!
Ansara vivia agora nas montanhas, o vendedor ambulante, a única pessoa que ele conhecia fora do reino, avisou-o que todos os homens estavam a ser obrigados a irem trabalhar nas minas. Muitos morriam todos os dias, por isso, qualquer homem que aparecesse no Reino da Teia era enviado para as minas. A maioria dos homens fugiram e o vendedor ambulante deixou de passar por lá com medo de ser aprisionado numa mina.
Quando derrotou o último soldado tentou saber porque o estavam a atacar, mas apenas conseguiu saber que tinha sido Valência quem ordenou os ataques. O seu coração agitou-se ao pensar que talvez Valência tivesse saudades dele. Que apesar de poder ter todos os homens do reino, queria que ele voltasse. Pouco depois a ilusão dissipou-se. Ela sabia o que ele planeava fazer. Ele sabia que não deveria ter dito ao vendedor! Mas se não lhe dissesse ele não lhe vendia as armas e abastecimentos que precisava. Viver no meio do nada não era nada fácil e ele tinha saudades com quem falar. Muitos daqueles soldados atacavam-no a dizer «Quem mandou trair a Princesa Valência!» e outros disparates. Todos pensavam que ele tinha desperdiçado uma ótima mulher. Por um lado até os compreendia. Valência era linda com os seus olhos verdes e cabelo avelã. Era melhor pelo seu caráter lutador e cheio de garra. No entanto, sabia quando ser gentil. Não tinha nada a ver com aquela bruxa que o obrigou a dormir com ele...
Ele sempre soubera que as mulheres do Reino da Teia não prestavam. Obrigarem os homens a serem os seus escravos, tinham verdadeiros haréns de homens com coleiras como fossem cães! Todo o seu ser se revoltava. Só ficava feliz com a ideia que elas iriam pagar com juros! Ria-se sozinho no seu delírio. Ele rezava todos os dias ao Pai Sol para lhe dar força para se vingar!
Ele teve que perguntar ao vendedor ambulante e a vários caminhantes e aventureiros que andavam entre reinos. No entanto, ninguém parecia saber de nada. Todos diziam para ir ao Reino da Pastaria onde se encontrava a Biblioteca Mundial. Tinha mais de cem mil livros sobre todos os temas do mundo. Deixavam todas as pessoas entrar perante um pequeno custo para pagar os copistas. As cópias eram realizadas com letras desenhadas, levavam muito tempo a serem acabadas, por vezes, vidas inteiras. A única objeção de Ansara era que o Reino da Pastaria era longe e teria que passar ao lado do Reino da Teia. Não tinha cavalos, nem muito dinheiro para ir.
Ansara pensou que o mais importante era começar a andar. Depois, acreditava que o Deus Sol mostrar-lhe-ia o caminho. Assim começou a dirigir-se para o Reino da Pastaria tentando dar a volta o mais longe do Reino da Teia que ficava a sul. Assim passou ao lado do Reino das Artes. O reino tinha o nome pela sua principal ocupação. Só aceitava artistas e vendia e exportava apenas arte. Todos os tipos de arte. Até bolos artísticos e pratos artísticos oferecia. Era o Reino mais rico de todos os reinos, mas não tinha nenhuma força militar e não permitia soldados nos seus terrenos. Viviam de arte para a arte. Eram aliados do Reino Castelo Dourado que comprava a sua arte em troca de defesa do seu povo. Viu muitos dos seus soldados a guardarem as fronteiras e a pedir carteiras profissionais de quem entrava naquele reino.
Ansara perguntou-se qual seria a sua profissão naquele momento. Tinham-lhe retirado a sua ao sair do Reino Castelo Dourado. Talvez fosse pedinte. Os pedintes não precisavam de carteira profissional. Ao contornar as longas muralhas do Reino de Artes, Ansara começou a ver os longos campos agrícolas de quem trabalhava para alimentar os reinos. Os agricultores ficavam fora dos reinos porque alimentavam mais do que um Reino e para ficarem longe das guerras. Fosse qual fosse a guerra todas as pessoas precisavam de comida. Por isso os agricultores tinham um estatuto neutro e era proibido por consenso destruir-lhe os campos ou atacá-los. Também era proibido vender mais comida a um Reino do que a outro. Quando se fazia as colheitas mensais, haviam soldados e gerentes dos diferentes reinos a verificarem todas as bolsas e alimentos.
Ele aproximou-se dos longos terrenos a perder de vista. Pequenos regatos percorriam as plantações coloridas. Estavam dispostas várias combinações de plantas em grandes e longas camas de produção. A ideia era combinar as plantas de forma a que menos pestes as atacassem. Terem várias diferentes combinações para que se atacassem uma plantação, não afetasse as outras. Havia estufas aqui ali. O ar era fresco e as ervas daninhas marcavam a estradas das carroças como um tapete verde convidativo aos recém-chegados. Desde o começo da sua jornada que não sentia tão bem, abençoado pela luz do Sol e acariciado pela brisa fresca. Caminhava tentando adivinhar as culturas semeadas, mas sem ter nenhum sucesso. Ele compreendia melhor de espadas, escudos e armaduras. Olhava para ambos os lados para ver se encontrava alguma casa de agricultor. A caminhada prosseguia e Ansara sentia que cada vez estava mais longe do seu objetivo. Ainda tinha de saber em qual das montanhas atrás do Castelo Dourado estava o Artefacto. A cordilheira preenchia toda a extensão de terra que dava para o mar e para além dela nada existia a não ser areia e mar. Tinha de ir ao Reino da Pastaria que ficava a dois Reinos de distância, sem nenhuma moeda no bolso, mas sabia que era impossível. Ansara tinha de tentar trabalhar nos Campos se queria sobreviver.
Continuou a andar, o seu estômago reclamava do esforço de andar tantos dias sem comer e o sono era um peso nas suas pálpebras. Teria de andar até encontrar uma casa. Ansara insistia a cada passo. O seu treino militar não tinha sido em vão, mas sentia os passos a ficarem cada vez mais lentos e aquela extensão de comida e árvores de fruto apetecíveis fazia o seu corpo reclamar ainda mais. Sabia que todos os que eram apanhados a roubar os Campos eram obrigados a trabalhar nos mesmos o resto das suas vidas. Ele não poderia ficar ali tanto tempo. No entanto, o seu corpo estava a começar a ceder. Ansara continuou até o Sol parecer rodar à sua frente e depois apenas conseguiu ver a escuridão.
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Bem-vindos de volta!
Cá estamos com mais um capítulo desta história. Estou a tentar rever todos os capítulos de forma a que seja possível ler de uma vez para que depois começar a publicar regularmente. Depois de chegar ao fim desta história, vou voltar a rever o conteúdo e todas aquelas pequenas pontas soltas que podem estar a falhar. Se notarem alguma, digam-me, ajudam-me muito a melhorar.
Muito obrigada por estarem aí e por esperarem por esta história!
Ando a pesquisar como fazer mapas fictícios, experimentei fazer no Inkarnate, mas ainda não sei bem como ele funciona bem por isso pode não ser a versão final. Tenho de ver ainda na história se está tudo no lugar certo, mas foi assim que imaginei, pelo menos, no princípio. Quis deixar aqui para vocês dar a vossa opinião :) Gostam do mapa?
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