Passado conturbado

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Mirella:

- Stéfani Ele foi meu primeiro em exatamente tudo. - seu suspirou pesado, foi notável. - Tínhamos 17 anos quando nos conhecemos em uma cafeteria do Rio. Ele era amigo de algumas amigas de infância, e naquela tarde foi gentil e se ofereceu pra me levar em casa depois de conversarmos por horas. A partir daquele dia começamos a nos conhecer melhor. Eu nunca fui a garota impulsiva que só por ver as outras tentando encontrar o amor da sua vida, me visse fazendo o mesmo. Eu tinha calma, paciência, e talvez nem esperasse por um "amor verdadeiro".

Sua cabeça apoiou-se em meu ombro e eu pude ouvir seu suspirou pesado, frustrado.

- Stéfani: Ele me tratava bem, era protetor e sempre puxava um assunto bacana. Saímos para um parque no fim de semana e por incrível que pareça, aos meus 17 anos foi quando dei o primeiro beijo. - ela sorriu de canto. - Ele foi cuidadoso e tudo aquilo parecia um conto de fadas me arrastando pra profundidade de como tudo parecia ser perfeito, me tirando da realidade. Eu estava estudando pra passar em uma faculdade pública do RJ, e durante esse período trabalhava em uma loja na "Barra". Ele sempre foi modelo, e a agência qual trabalhava costumava o dispensar tarde e sempre ele passava lá pra voltarmos juntos. Começamos a namorar depois de um tempo e ele até conheceu meus pais. No natal viajamos em família pra uma ilha no RJ mesmo... e depois daquele dia tudo foi se tornando cada vez mais intenso. Eu me sentia segura, entregue e já tão boba com seu "amor".

Por estar somente de lingerie pude sentir quando uma de suas lágrimas caiu em meu ombro.

- Stéfani: Eu deixei ele tirar minha virgindade naquela madrugada. Eu me entreguei a ele de corpo e alma, o reconheci como meu "verdadeiro amor". Alguns dias seguintes e a viagem havia acabado, voltamos ambos para suas casas. Mas... ele ficou estranho, estávamos nos falando menos e ele sempre colocava culpa nos ensaios fotográficos por estarem intensos. Eu entendi, era seu trabalho. Só que... - ela sorriu frustrada. - ele já tinha tido tudo que queria, eu não tinha mais nada para entregá-lo e foi aí que a fixa começou a cair.

Ela respirou fundo e ergueu ambas as mãos até o rosto enxugando as lágrimas.

- Stéfani: Mais dias se passaram e ele já não me ligava mais. Durante a noite sai do trabalho e ele havia dito que não tinha como voltar comigo. Estava ocupado com algumas coisas e que eu devia dar um jeito de ir pra casa aquela noite. Como meu pai estava ocupado e minha mãe não tinha como me buscar, eu só tinha uma solução. Enfrentar o medo de voltar em um metro sozinha em plena 00:30 da noite. Cheguei em casa tarde e quando abri o aplicativo de mensagens recebi algumas fotos e vídeos, ele estava em uma balada com alguns amigos e algumas garotas que eu nunca havia visto, e em um dos vídeos ele aparecia abraçado a uma delas. Eu boba deixei passar, ele só parecia estar se divertindo e eu não tinha o direito de questionar sobre isso. A verdade era que eu tinha, ele me devia uma explicação, não devia? Ao menos me dizer que estava bem, que ia apenas se divertir com os amigos e que estava tudo bem entre nós. Ele não precisava ter mentido.

Ela não conseguia me olhar, por mais que eu a analisasse com toda atenção no mundo. Stéfani estava nervosa, envergonhada, tímida.

- Stéfani: Ele deixou de ir me buscar no trabalho e eu agora já voltava sozinha. E como prometido pelo meu pai por mais que fosse dificultoso, quando estava tarde e me dava medo de pegar o metrô, meu pai dava um jeito de me buscar. Eu inventei uma desculpa boba para os meus pais, disse que ele estava muito ocupado com as modelagens e estudos ultimamente. - ela sorriu frustrada outra vez. - Eu fingia estar bem com tudo isso, mas a verdade era que eu me sentia uma boba e idiota por ter aceitado tudo isso. Me sentia insegura, feia e descartável. Eu me sentia usada, enojada...

Ela entrelaçou seus dedos aos meus.

- Stéfani: Eu me perguntava sempre que tudo voltava à tona... "eu fui ruim? Ele não gostou? A culpa foi minha?" - ela disse com uma expressão dolorosa. - Como eu era tão idiota ao ponto de achar que a forma como ele se sentiu naquela noite era quem determinava quem eu era? Mas eu era só uma garota no início de tudo, perdida e amedrontada pelo acontecido. - ela respirou fundo. - Conversamos e ele me pediu desculpas, eu acreditei e achei que fosse dar certo. eu acreditei e achei que fosse dar certo. Ele só tinha cometido erros não era? Eu podia perdoa-lo claro. Ele era "só um garoto". - ela fechou os olhos e uma lágrima escorreu. - Essa era a frase machista e mais dolorosa que eu pude ouvir das minhas amigas... "ele é só um garoto, garotos fazem bobagem...". Não, ele não tinha o direito de fazer bobagem, não tinha o direito de brincar com meus sentimentos e usar meu coração como um jogo vantajoso qual o resultado benéfico sempre seria dele. Eu sou a porra de um ser humano e ele nem pensou em como eu me senti todas aquelas madrugadas sozinhas.

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