Stéfani:
Quando acordei, o quarto ainda estava escuro e o barulho lá fora da chuva era mediano. Ergui um pouco o corpo e senti uma dor de cabeça terrível, repentinamente fechei os olhos e rapidamente levei uma das mãos ao rosto.
Olhei pro lado e vi Mirella, com os cabelos loiros espalhados pela cama, praticamente sobre mim. Um de seus braços ainda me mantinha ao seu lado, mesmo que em vão... Seu sono estava profundo.
Levantei-me lentamente pra não acorda-la. Senti a temperatura fria do ambiente e então me aproximei outra vez para cobri-la melhor, deixei um beijo em seu rosto e sai do quarto em silêncio. Abri uma das cortinas da sala de estar e só então notei o quanto a chuva estava forte, e as ondas agitadas. Olhei a hora no celular e vi que já se passavam das 6:00 da manhã... e mesmo assim o sol não brilhava lá fora. Aparentemente não seria um dia calmo.
Busquei por remédio de dor na bolsa da loira, ainda jogada sobre o sofá. Em meio a documentos, cartões, notas fiscais de compras bobas e alguns chicletes... encontrei. Levei o pequeno comprimido em formato circular até a boca, bebi um pouco de água e esperei por um tempo sentada no sofá enquanto observava aos poucos a maré subir.
(...)
Abri as redes sociais e me deparei com fotos minhas e de Mirella espalhadas por completamente todos os sites de fofoca da ferramenta. Busquei o perfil oficial da empresária e ao ver a postagem dela com nossa foto senti um alívio percorrer meu corpo por inteiro. O medo e a dúvida de que tivessem feito aquilo sem nosso consentimento, me assustou por alguns segundos. Analisei a imagem por algum tempo e foi impossível não sorrir de canto, eu era completamente louca por aquela mulher.
Eu não me incomodei com sua atitude, ela tinha minha permissão. Pude sentir liberdade. Em específico, saber que agora poderia falar abertamente sobre nós era bom, mas segurar sua mão sem sentir medo de sermos vistas, ter qualquer contato físico em público era primordial.
Abrir a caixa de mensagens era uma das partes inacessíveis, já que notificações chegavam a todo momento. Meus perfis em redes sociais haviam subido significativamente os números de seguidores, nossos nomes agora faziam parte dos assuntos mais falados no mundo nos últimos momentos. Mirella tinha uma visibilidade absurda, e sua vida sempre muito preservada era como alimento para um vício quando algo vazava.
Vi o apoio dos familiares e dos fãs da magnata, do público da plataforma e foi bom não me sentir rejeitada outra vez. Confesso que era ótima a sensação de não ser subjugada "passatempo". A postagem de Jp também era pauta, porém nada muito relevante já que o mundo não sabia do nosso envolvimento no passado. Eu passei longos minutos olhando toda aquela reviravolta e até me perdi no tempo... só sai dali quando minha mãe me contatou por meio de chamada.
(...)
Ligação on:
- Viviane: Como se sente, meu bem? Com tudo isso. - ela questionou depois de um tempo. - Por que não fizeram isso antes?
- Stéfani: Eu me sinto livre, mamãe. - sorri em meio a fala. - Sabe, é difícil essa visibilidade toda dela. Ainda mais quando se é uma mulher, sendo autoritária; invejável em meio a esse mundo patriarcalmente estruturado. Eu entendo completamente o lado dela em relação a essa espera, e também era uma decisão minha.
- Viviane: Fico feliz por saber que também está. - ela mencionou. - Compreendo. Realmente é difícil, o preconceito é tremendo e é necessário lidar com cautela e sabedoria.
Ficamos em silêncio por um tempo e eu pude ouvir sua respiração calma. Pedi que substituíssemos a chamada de voz por chamada de vídeo, pois eu necessitava mostrar algo a ela.
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La Máfia
FanfictionMirella Fernandez, dona da maior máfia da América latina. Após a morte de seu único amor, seu coração se fechou, sendo capaz de amar somente o que restou de sua paixão Stéfani Bays, psicóloga, que em um passe de mágica vê sua vida virar de cabeça pr...