Nosso passado conturbado

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Mirella:

O toque moderno e melancólico se igualava ao meu. Tinha tanto de mim nela, que chegava a ser assustador. Sentada em sua poltrona, eu movia-me na cadeira giratória como uma criança em seu ápice de adrenalina durante uma atividade intensa. Mas pude paralisar-me e ficar em atenção ao ouvir o bater da porta, sinalizando que a mais nova houvesse entrado.

- Mirella: As vezes sinto falta da garota que você era. - comentei ainda virada de costas, mesmo sem vê-la a quase um ano.

- Madelaine: Muitos sentem, ela era fácil de matar. - ela rebateu com sua brutalidade constante, devido ao meu afastamento.

Ouvi seus passos firmes caminharem em direção a mim, e como sabedoria de um extinto de proteção ao me ver em tantas posições ameaçadoras... me permiti deixá-la mostrar seu lado sombrio sem reagir de forma áspera.

- Madelaine: Você me arruinou. - a garota de 17 anos disse com a voz embargada e foi impossível não virar-me para olhá-la.

- Mirella: Eu gostaria que visse que todos os meus atos foram pra... proteger vocês. - argumentei com toda verdade possível que havia em mim.

- Madelaine: Você me arruinou. - repetiu. - Me deixou sofrer...

- Mirella: Eu evitei que você visse o monstro que eu sou pelo maior tempo que eu pude.

- Madelaine: Você mentiu pra mim! - ela praticamente gritou. - Pra esconder as suas transgressões por causa do seu medo! - o copo de Whisky sobre a mesa foi jogado ao chão.

- Mirella: Madelaine. - a repreendi.

- Madelaine: A vida toda eu busquei a aprovação que era negada pela mulher que eu achei que fosse minha mãe. - ela gritava. - Você me transformou numa fraca que a Bragança odiava!

Desviei o olhar, não aguentando encara-la tendo o rosto molhado devido às lágrimas dolorosas que escapavam do seus intensos olhos verdes.

- Madelaine: Olha pra mim! - ela gritou outra vez, mas dessa, em imploração. - Você amaldiçoou o monstro que eu acabei me tornando! Mas você Mãe, você criou tudo que eu me tornei. - concluiu.

Stéfani:

Busquei Mirella na cama e ela já não estava, senti seu cheiro forte no ar e ao sair do quarto notei que havia saído.

- Stéfani: Onde ela foi? - questionei preocupada assim que cheguei a sala e notei minha mãe pensativa sentada no sofá.

- Viviane: Disse que tinha que resolver algumas coisas e não quis te acordar. - minha mãe pareceu sincera e minha preocupação diminuiu gradativamente. - Senta aqui. - finalizou colocando a mão sobre o móvel acolchoado.

Aquilo não me era o bastante. Mirella não era a mulher que saia por aí com um bom humor e ótimas intenções, ou era abriga ou problemas de família. O que me assustava.

- Viviane: Ela te esconde as coisas não é? - questionou observadora ao me ver perdida nos meus próprios pensamentos.

- Stéfani: É... - confessei. - Ela ainda recita ter medo de que eu passe a odiá-la.

- Viviane: Seria capaz?

- Stéfani: Não... não se tem mais o que esperar de negativo nela. O que me assustaria já foi mostrado, o que vier agora é só um brinde. - comentei com um sorriso fraco, frustrado.

Minha mãe calou-se e nos olhamos por alguns segundos. Ela parecia buscar palavras pra me dizer o que queria, mas aquilo parecia sufoca-la aos poucos.

- Viviane: Certo, eu ainda não confio nela. - minha mãe me surpreendeu. - Mas estou orgulhosa que tenha encontrado alguém que ame, por mais que o histórico dela de violação às leis sejam terríveis.

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