15 minutos depois...
Stéfani:
Mirella havia saído do quarto, mas os gritos inconfundíveis no andar de cima me chamaram atenção. Joguei o celular sobre a cama apressadamente e sem pensar duas vezes caminhei até o cômodo. Abri a porta e me surpreendi com a cena. Bianca de um lado da mesa enquanto praticamente gritava, Mirella parada no meio da sala com sua postura séria, maxilar travado e ouvidos atentos. Lipe apenas em silêncio, observando tudo como se nada ali importasse. Se dependesse dele, elas se matariam.
- Mirella: Vai fazer o que? Atirar em mim? - Mirella provocou assim que Bianca puxou uma arma.
- Bianca : Talvez eu torne sua ficção uma verdade.
- Mirella: Vai, atira! - Mirella gritou autoritária, em um tom grosso. - Mostra que a garotinha mimada ainda habita em você.
- Bianca: Não é a porra da garotinha mimada, é o nosso passado. - Bianca colocou a arma sobre a mesa, e apontou o dedo para Mirella enquanto deferia as palavras em gritos roucos e intensos.
- Bianca: EU NUNCA VOU MUDAR, MÁRCIA NUNCA VAI MUDAR, VOCÊ NUNCA VAI MUDAR! VOCÊ NUNCA VAI PARAR DE BUSCAR UM MÍNIMO DE REDENÇÃO QUANDO SE TRATA DA MÁRCIA E ELA NUNCA VAI DEIXAR DE DECEPCIONAR VOCÊ!
- Mirella: VOCÊ ESTÁ ERRADA! NÃO SABE DE TODA A HISTÓRIA - Mirella alterou o tom de voz.
- Bianca: EU NÃO QUERO SABER TODA A HISTÓRIA, MIRELLA! EU NÃO QUERO MAIS DESCULPAS OU MENTIRAS, OU QUALQUER COISA QUE DIGA QUE NÃO FOI EXATAMENTE O QUE ELA FEZ! - Bianca caminhou até Mirella em passos rápidos.-NOSSA MÃE FUGIU DEPOIS DA MORTE DO PAPAI. DEIXOU OS FILHOS PARA TRÁS, FORMOU UMA NOVA FAMÍLIA COM A BASTARDA E DEU UM JEITO DE NOS ESQUECER ATÉ OS ATUAIS DIAS DAS NOSSAS VIDAS! - a morena respirou fundo. - Essa é a história que me importa, Mirella.
Bianca já tinha os olhos marejados e Mirella se mantinha fria como sempre.
- Bianca: Ela nos abandonou, sem se importar com o que aconteceria conosco.
- Mirella: Ela sofreu com isso, Bianca... - foi interrompida.
- Bianca: Ela teve e tem o que merece. - a morena se manteve firme.
Mirella se manteve em silêncio, pareceu acatar o que a irmã disse. Eu não me envolveria no momento, era um caso de família que realmente precisavam resolver. Envolvia dores, conflitos e um passado delicado.
- Mirella: Precisei fazer o que fiz pra ficar bem... - a morena disse assim que a irmã virou as costas.
- Bianca: E quanto a mim? - Bianca virou rapidamente, ainda irritada. - E quanto a mim? - repetiu com os olhos lacrimejados. - Eu entendi, você ficou bem, mas e quanto a mim?! - ela praticamente gritou no rosto da irmã.
Bianca levou as mãos ao rosto, tentando esconder o choro compulsivo que tomou seus estímulos. Pude ouvir um suspirar pesado de Lipe e ao me aproximar com passos lentos, pude ver a expressão frustrada de Mirella, e observar seus olhos castanhos começarem a marejar.
- Mirella: Me desculpa... - ela sussurrou ao mesmo tempo em que tentou tocar o braço da irmã, que por estar com raiva recuou, se afastando.
- Bianca: Ela nos machucou de todas as formas possíveis. Tanto a mim, quando a você e quanto ao Muryllo. - Bianca disse em um tom controlado. - E mesmo assim você escolheu ela... - Mirella tentou impedi-la. - Você me dá nojo! A morena passou por mim, e o barulho da porta batendo com força foi emanado de forma intensa.
Mirella se manteve estática, e a vi enxugar uma lágrima. Lipe se aproximou acompanhado de dois seguranças.
- Mirella: Rafa...
- Rafa: Se a história te ensinou algo, não é nós quem te abandonamos... é você quem nos afasta. - Rafa disse séria. - Podemos conversar outra hora, é melhor assim. - a morena deixou um beijo em seu rosto e saiu atrás da esposa.
Lipe respirou fundo, e mudando o foco de tudo, trocou o assunto.
- Lipe : Ainda sou seu mentor e quanto a isso, temos uma proposta com o líder da Colômbia e seus homens. - O homem de olhos castanhos falava pacientemente como se nada houvesse acontecido. - Precisa aceitar, estou tentando te salvar... - foi interrompido.
- Mirella: Eu não preciso de ninguém pra me salvar. - A mafiosa disse orgulhosa. - Não preciso do presidente colombiano, dos homens dele ou seja lá quem for. - a morena deu passos curtos para que ficasse bem de frente ao seu mentor. -Eu sou uma Fernandez, e não irei me curvar para um homem.
Lipe abaixou a cabeça por alguns instantes e eu caminhei um pouco mais para perto. Mirella respirava descompassado ao mesmo tempo em que o homem se reerguia para olhá-la nos olhos.
- Lipe: sabe o que eu vou fazer... não sabe?! - ele disse em um tom firme, mais alto. - Você precisa de mim.
- Mirella: Eu sou Mirella Fernandez, eu não preciso de ninguém e não serei ameaçada por homens fracos. - a morena disse após o empurrar para em direção a parede. - É de mim que os homens fracos tem medo.
(...)
Um dos seguranças foi empurrar Mirella, mas por extinto de proteção, me enfiei ao meio para que não a machucassem. O impulso firme e forte assim que as mãos do homem tocou meu peito, me arremessou para trás.
Lipe:
Aprendi desde cedo que ativar a fúria e o ódio de alguém é tocar de forma bruta em quem amamos. Pude ver a fúria naqueles olhos escuros tomados por ódio, sua postura séria e fria já me assustava... era difícil vê-la assim, e aquela situação toda só tornou tudo ainda mais intenso.
Instantaneamente, em questão de segundos, Mirella empurrou o homem para trás com toda força que tinha. Ao mesmo tempo, dava passos lentos em direção a ele que recuava lentamente até encostar-se na parede.
- Stéfani: Mirella, para! por favor! - a morena se aproximou rapidamente a segurando pelo braço.
Stéfani:
Ela estava incontrolável, fora do próprio controle e aquilo era terrivelmente assustador.
- Lipe: Solta ele. - Lipe soou paciente erguendo uma arma.
Aquilo parecia um show de horrores onde eles brigavam como animais selvagens por motivos dolorosos guardados e ocultados recentemente e os do passado. Onde somente numa noite eles haviam colocado tudo pra fora e transformado uma simples conversa em armas engatilhadas e ameaças ofensivas.
- Mirella: Você quer me matar? - ela soou extremamente em um perfil psicopata.
- Stéfani: Amor, olha pra mim. - toquei seu rosto. - Para com isso.
Mirella respirou fundo, e ainda olhando nos meus olhos ela engoliu em seco. Deixou a brutalidade de lado e a levando pela mão a retirei do ambiente.
(...)
35 minutos depois...
Ela bebia algo alcoólico enquanto estávamos sentadas na área externa da casa. Ainda eram 21:00 e só iríamos do jatinho, para que não houvesse problemas. Os desentendimentos de família teriam de se acalmar, ou eles se arruinariam em uma só noite.
- Mirella: Desculpa. - ela disse baixo.
- Stéfani: Ainda bem que sabe, você realmente passou de todos os limites.
- Mirella: Desculpa, amor. - ela escondeu o rosto entre as mãos após colocar a garrafa de Bourbon no chão.
- Stéfani: Eu fiquei com medo de você. - confessei após ela erguer o rosto e me olhar nos olhos. - Você me assustou, sua violência me assustou.
- Mirella: Ficou difícil manter o controle, pensei que ele tivesse machucado você.
Mirella:
Stéfani podia sentir raiva, desgosto ou vergonha por mim. Mas ninguém a tocaria com brutalidade.
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La Máfia
FanfictionMirella Fernandez, dona da maior máfia da América latina. Após a morte de seu único amor, seu coração se fechou, sendo capaz de amar somente o que restou de sua paixão Stéfani Bays, psicóloga, que em um passe de mágica vê sua vida virar de cabeça pr...