Inseguranças e certezas.

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Stéfani:

Eu fiquei ali até vê-la pegar no sono. Guardando em memória cada detalhe angelical presente em seu corpo, e enquanto tocava seu rosto de maneira carinhosa... tendo certeza de que aquela mulher havia sido feita pra mim.

Depois de um tempo, eu busquei outra posição. Me virei de costas pra ela, e enquanto olhava a vista ao lado, dividida pela "parede" de vidro, minha mente era preenchida por pensamentos inacabáveis. Senti seu movimento sobre a cama e uma de suas mãos repousarem sobre a minha cintura, seu rosto encaixar-se próximo ao meu pescoço e sua respiração fraca ser sentida por mim.

Peguei o celular sobre o móvel ao lado da cama, e notei que haviam mensagens de um número não salvo, era o maldito do jornalista. Deslizei o dedo pela tela fria daquele aparelho, toquei sobre a mensagem e ao abri-la foi como levar uma facada no peito.

"Ela não ama você... pare de se enganar com essas palavras."

Havia uma foto minha com ela, naquele maldito evento, e pela posição da imagem, a foto foi tirada da mesa que JP estava. E... na sequência fotos suas com algumas das muitas mulheres qual de alguma forma mesmos que tentasse se esconder, havia sido flagrada, ao longo do tempo.

"Não se esqueça, elas também foram um passatempo..."

Aquilo foi como alimento para os pensamentos inseguros qual eu estava começando a ter. Apaguei tudo rapidamente, antes que ela acordasse e visse o que havia me deixado mal.

Mas eu havia sido feita pra ela? eu conseguiria ser suficiente pra ela, por muito tempo?

Talvez meu apelido pejorativo na internet, "passatempo", estivessem começando a soar bem na minha cabeça. Trazendo uma insegurança átona, e um medo do passado... Eu queria ser sua, mas não queria quebrar meu coração. Minhas lágrimas já haviam sido esgotadas em um outro amor...

Eu tinha medo de um dia passar a amá-la sozinha. E acabar outra vez em um apartamento mórbido em qualquer lugar do mundo, com uma rotina carregada e um emocional abalado.

Mirella:

Eu nem se quer podia me recordar de quando peguei no sono, mas ao acordar no meio da madrugada, me dei conta de que Stéfani já não estava mais ao meu lado. Me reergui sobre a cama e busquei por ela com o olhar, mas não pude encontrá-la no cômodo. Insatisfeita, me levantei, peguei o robe preto sobre a poltrona e o coloquei, sequencialmente saindo do quarto.

Os corredores estavam escuros e estava frio, o barulho da chuva era forte, assustador. Desci as escadas, e pude senti-las geladas por estar descalço.

- Mirella: Amor? - chamei em um tom mediano, esperando que ela respondesse.

Ao terminar de descer as escadas, a notei parada de frente para a vidraça que separava a área interna da área externa. Se manteve silenciosa, enquanto abraçava o próprio corpo e olhava lá pra fora.

- Mirella: Ei.. meu bem. - chamei outra vez, me aproximando e a abraçando por trás. - O que faz aqui?

- Stéfani: Eu só não consegui dormir... - ela respondeu baixo. - E não quis te acordar.

Sua mão tocou minha nuca assim que eu abaixei a cabeça beijando seu pescoço.

- Stéfani: Se quiser, pode voltar pra cama. - ela disse ainda baixo, parecia um pouco insegura.

- Mirella: Não consigo dormir sem você. - respondi. - E talvez eu tenha perdido o sono...

- Stéfani: Me desculpa. - soou culpada.

- Mirella Está tudo bem. - a isentei da culpa.

A virei pra mim, e rapidamente sua cabeça deitou em meu peito. Eu a envolvi em meus braços, e deixei um beijo demorado em sua cabeça.

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