Mirella:
A mulher entrou no carro enquanto ainda chorava em silêncio. Fiz o retorno e saímos em direção ao aeroporto... eu já havia acabado o serviço que vim começar desde que coloquei os pés na Colômbia.
- Stéfani: Você diz estar salvando minha vida... mas matou outras pessoas? - questionou confusa.
- Mirella: Isso é normal. Pessoas morrem, eu só agilizo o processo e o tempo. - respondi paciente.
- Stéfani: Por que falou sobre o Bill? - ela questionou enxugando as lágrimas, parecendo voltar a realidade. - Por que me sequestraram? O que estou fazendo aqui?
- Mirella: Você está entregue a mim como uma
maldita garantia de pagamento, que o burro
do meu irmão aceitou. - respondi paciente, ela merecia respostas... Stéfani era só uma menina amedrontada sobre
meus cuidados.
- Mirella: Mas isso nunca significou que ele pagaria. Você - foi utilizada como uma distração pra fuga dele, meu irmão deu a ele 1 mês, e se ele não pagasse você morreria nas minhas mãos. Acontece que te observamos durante todo esse mês, o prazo acaba esta semana.
Stéfani estava supresa e eu a analisei quando parei em um semáforo. Seus olhos marejados e seus lábios vermelhos com rostinho corado demostravam seu nervosismo e indefesa.
- Stéfani: Você... vai me matar? - ela questionou falho.
- Mirella: Eu deveria. Mas não vou... você não fez nada de errado, não deve pagar pelos erros dos outros. - comentei séria, gélida.
- Stéfani: Então por que está me levando com você?
- Mirella: Porque você viu coisas que não deveria, sabe meu nome e ouviu o nome de muitas outras pessoas dentro daqueles bunkers. Seria como um ponto de investigação da polícia e provavelmente uma presa fácil a ser morta ou torturada em busca de resposta por outras máfias menores e concorrentes a minha... - tentei explicar. - Bill te colocou em risco sem ao menos questionar se você permitiria.
- Stéfani: Então agora... eu sou só uma psicóloga de carreira estragada, vida em risco sobre a proteção de uma psicopata que claramente está me ajudando por pena?
- Mirella: Eu não diria assim... mas sim. - afirmei paciente. - É só por um tempo, ok? Vou limpar seu nome do mapa, e em alguns meses pode ir pra onde quiser.
- Stéfani: E a minha família? - questionou nervosa.
- Mirella: Estão sendo protegidos por meus homens indiretamente. O porteiro é um guarda meu, os seguranças do prédio também. Os apartamentos do andar em que eles vivem, foram comprados por mim. Eles ficarão bem, não precisam saber como sua vida anda.
Stéfani me olhou mais confiante.
- Stéfani: Por que está fazendo isso por mim?
- Mirella: Não sei, só... - procurei palavras. - Só senti que deveria.
(...)
Acho que se não fosse ela ali, eu mataria como algo inútil que entrou no meu caminho. Mas eu não sei, de alguma forma algo me impediu de fazer, senti empatia por ela e vontade de cuida-la. Seu jeito bobo me atraía de alguma forma, e seus questionamentos contínuos não eram tão irritantes quanto do meu irmão.
Ela questionava minhas ações e eu não sentia raiva, sentia necessidade em explicá-la e compartilhar.
Estacionei o carro ao lado do jatinho logo a levei para dentro. A entreguei documentos falsos com nomes alternativos... e a ofereci uma taça de vinho, que foi negada. Ela ainda vestia meu moletom, e enquanto sentada a poltrona ao meu lado, pegou no sono rapidamente...
(...)
Chegamos a Minnesota depois de um voo longo, entramos em um carro diferente e antes que desse partida peguei um lenço molhado de álcool e surpreendendo a menor, levei até o nariz de Stéfani. Enquanto ela agonizava tentando respirar, pude vê-la desmaiar em meus braços... confortei ela em uma posição melhor e a prendi com o sinto de segurança. Era melhor assim, já que se algum dia algo voltasse a acontecer ela não saberia o endereço onde ficaríamos... eu não colocaria a vida das minhas filhas em risco. Poucos sabiam de suas existências, e era melhor assim.
Beatriz me abraçou assim que desci do carro, e Isabella fez o mesmo em seguida. Sussurrando "mamãe". Era sempre bom voltar em casa e ter essa recepção incrível e amorosa. Minha única demonstração e recepção de afeto era com elas, Bianca, Rafa, Lipe e Muryllo.
-Isabella: O tio Lipe ensinou a gente a nadar... - disse enquanto ambas me abraçavam e beijavam meu rosto.
-Larissa: Sério? - questionei sorridente e logo avistei o homem de olhos Castanhos me encarar, encostado em uma coluna da casa, fumando um cigarro.
As meninas entraram e ele veio até mim.
-Larissa: Obrigada por cuidar delas. - agradeci o abraçando e ele beijou o topo da minha cabeça.
Lipe cuidou de mim desde minha adolescência, ele e meu irmão eram os únicos homens que eu confiava emocionalmente de olhos fechados. Quando meu pai morreu, eu assumi os negócios e Lipe quem me mostrou o caminho certo... por mais que eu tenha desviado para a frieza, calculismo e egocentrismo todas as vezes.
- Mirella: Onde está a Bianca? - questionei ao não avista-la.
- Lipe : Foi a um jantar romântico com a Rafa, não sei se elas voltam hoje. - ele disse sorridente, saindo em seguida.
Fiquei por fim, sozinha com as duas crianças,
Stéfani e inúmeros seguranças que cercavam a
área. Quando notei pelo enorme janelão que as meninas não estavam mais na sala, abri a porta da Mercedes e peguei a leve garota em meus braços. Subi as escadas e a coloquei sobre a cama de um quarto de hóspedes. Tirei seus sapatos e a deixei com o meu moletom, a cobri com um edredom e apaguei as luzes.Sentei-me em uma poltrona no canto esquerdo do quarto, onde eu podia ter a visão das estrelas e da área enorme da mansão. Servi uma dose de Bourbon enquanto pensava na vida... e hora ou outra, observava a bela mulher deitada na cama, que acordaria em breve.
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La Máfia
Hayran KurguMirella Fernandez, dona da maior máfia da América latina. Após a morte de seu único amor, seu coração se fechou, sendo capaz de amar somente o que restou de sua paixão Stéfani Bays, psicóloga, que em um passe de mágica vê sua vida virar de cabeça pr...