Mr Moony's New Assistant - Remo Lupin

08

Quando a semana se inicia, sinto uma sensação esquisita de recomeço. Como se fosse ano novo, nada muda de verdade, mas você sente que sim. E é assim que eu me sinto.

Surpreendentemente, ainda não me enfiei na biblioteca ou tentei pesquisar mais algum assunto. Não consciente, pelo menos. Passo a manhã no pátio, sentada no parapeito de uma daquelas janelas vazadas, lendo um outro livro qualquer que eu escolhi. Ainda quero o acesso àquela sessão reservada!

Estou me enganando, é claro, não estou assimilando uma palavra do livro. Porque só consigo pensar em como vai ser quando eu ver ele, depois do acontecido daquela madrugada. E não é como se eu estivesse ansiosa pra o ver, eu estou, na verdade, curiosa pra saber como vou reagir. Como ele vai reagir. É uma sensação muito parecida com a situação — muito específica — de perder a virgindade com um colega de classe depois de um jogo de Quadribol e não saber como se comportar na aula de segunda feira, porque você fica insegura de lembrar de viu pelada e de maneira muito explícita.

Não que isso já tenha acontecido comigo!

É quase a mesma coisa, só aqui não houve sexo. Foi pior; mais íntimo e mais vulnerável.

Entre as vezes que eu tiro os olhos do livro pra olhar a movimentação dos corredores, vejo Lupin vindo do outro lado do pátio. Aproveito que alguns alunos pararam ele pra fingir que não estava olhando. Primeiro eu travo e fico sem saber como reagir; Depois eu fico nervosa; Em algum momento, eu acho que estou feliz e entusiasmada; Quando ele chega, sinto uma mistura de tudo isso ao mesmo tempo.

— Amelie, bom dia. Consegui uma coisa que você tinha me pedido. — ele diz calmo — Pode me seguir?

Assinto freneticamente e praticamente pulo de onde eu estava sentada pra ir caminhando rápido atrás dele. Minha mãe me odiaria se eu soubesse que estou seguindo um estranho muito mais velho sem nem questionar pra onde está me levando. Fico um pouquinho frustrada quando percebo que é só a biblioteca.

A sessão reservada!
Estou com um sorriso largo desde a hora que nós chegamos até ele terminar de destrancar as grades que protegem essa parte da biblioteca.

— Obrigada! — agradeço alegremente, sem conter sorrisos, e estendo o mão pra que ele me entregue a chave. Mas ele não entrega.

— Desculpe, você está esperando que eu lhe dê a chave? — ele ri, parece tão mais contido e leve hoje — Não posso, Amelie. Sinto muito.

— Por que não pode?!

— Regras de escola. Acho que você já as conhece...

Bufo e cruzo os braços;
— É, conheço. Decorei todas elas antes de virar monitora.

— Ah, você foi monitora?

A pergunta acorda e massageia um lugar bem específico em mim; meu ego. Ele se virou pra procurar livros e não consegue ver meu sorriso quase maldoso diante da oportunidade de me gabar de algo.

— Monitora chefe! — corrijo — E, não sei se você sabe, mas precisa ser um dos melhores alunos pra ser monitor chefe...

— Hm, acho que eu sei sim — ele se vira pra mim, me olhando com uma superioridade cômica, que eu só entendo o motivo quando ele completa; — Eu também fui monitor chefe.

Faço uma careta, sem querer, e ele ri de mim. Não subestimei a capacidade dele, eu juro. Só não considerei a ideia óbvia de que um dia ele também já foi um aluno daqui. Na minha cabeça, ele sempre foi adulto.

Ele dá a volta, andando nos seus passos largos e, ao mesmo tempo, devagar. Coloca uma das mãos no meu ombro — com um cuidado quase absurdo — e eu sei que ele está me observando analisar o livro que acabou de entregar nas minhas mãos.