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Depois de algumas semanas, eu deixei de ser uma novidade. Os alunos já perderam o interesse em parar pra conversar comigo e perguntar sobre "como é voltar a Hogwarts"; Os meus antigos professores também estão ocupados demais com suas tarefas pra parar e paparicar a ex-aluna prodígio. Nem mesmo a Madame Pince, bibliotecária, parece mais tão disposta a conversar comigo em suas pausas.

E eu estou, verdadeiramente, experienciando a solidão. Ou algo muito próximo dela.

Além disso, estou começando a me frustar com a pesquisa. Porque não estou chegando em lugar nenhum. Não há nem como dizer que está inconclusiva, porque não houve progresso algum. Todo esse combo de pequenos azares, combinado com uma confusão hormonal mensal, me faz chorar algumas vezes na semana. Desejando estar enrolada nas minha cobertas e atacando um pacote de chocolate.

Talvez minha mente tenha feito associações involuntárias, eu ligo uma coisa a outra e penso em algo...

No dia seguinte, arranjo uma cópia dos horários das aulas com um dos alunos. Espero a aula de DCAT acabar do lado de fora da sala, encostada na parede e encarando meus sapatos.

Quando escuto mais burburinho e arrastar de cadeiras, sei que a aula acabou. Não demora nada para que a porta abra bruscamente e os alunos comecem a sair de lá. Era uma aula do quinto ano, pelo o que reconheço dos meus antigos colegas;

— Oi, Amelie... — uma garota da Lufa-Lufa me cumprimenta, antes de sair corredor à fora, e eu a cumprimento de volta.

Eu esperava entrar na sala e encontrar o professor Lupin na escrivaninha, terminando de organizar alguns papéis ou coisa do tipo. Mas, na verdade, ele estava bem aqui na entrada, segurando a porta para que os alunos saíssem.

— Olá, Amelie — gosto do jeito que ele não me chama pelo meu sobrenome, como o resto dos professores geralmente faz. — Posso ajudar?

— Acho que sim — eu sorrio, subitamente fiquei muito tímida — Se não for atrapalhar você, é claro!

— Do que você precisa?

— Ajuda com a minha pesquisa... Um direcionamento, na verdade.

— O que você já tem até agora?

É inevitável soltar uma risada nasal de frustração;
— Na verdade eu não consegui fazer nada...

Ele me dá um sorriso complacente e um pouquinho penoso, e corre os olhos ao redor do corredor. Lupin adentra a sala, caminhando em direção a sua mesa. Eu sei que ele quer que eu o acompanhe, mas me sinto um pouco acuada. De qualquer forma, o sigo, mesmo que em passos bem mais lentos.

— Por sorte, deixei algumas coisas separadas aqui — ele revira sua maleta, que está colocada em cima da mesa — Espero que lhe seja útil.

Agora ele está novamente virado pra mim e me entrega alguns pergaminhos presos juntos por um clip. Eu tento ler o que tem na primeira página mas fiquei tão feliz que ganhei um direcionamento que mal consigo decifrar nenhuma das palavras.

— Muito, muito, muito obrigada, professor!

— Eu fico genuinamente feliz de ajudar no que puder, Amelie — ele diz ao se encostar na ponta mesa — Quando terminar com esse aí, eu gostaria de ver suas anotações. Se não for um problema muito grande pra você.

— Certo... — eu digo baixinho, sorrio e olho novamente pro chão. Não estou certa ainda se isso vai ser um problema ou não. — Muito obrigada, mais uma vez.

Saio da sala praticamente abraçando os papéis, espero não ter parecido muito saltitante, mas posso jurar que o ouvi rindo baixo antes que eu saísse.

[...]

Nos dias que se seguem eu me vejo completamente imersa e obcecada naquela pequena pilha de pergaminhos. Já li mais de cinco vezes, com certeza.

Porque, além de realmente ter sido elucidador e ter me ajudado na pesquisa, talvez era intrigante e curioso. Tudo, absolutamente tudo. O assunto dos seus estudos eram interessantes, os seus apontamentos eram precisos e nada previsíveis, até a linguagem que ele escrevia pesquisa mágica era fascinante. Me pego frequentemente em devaneios sobre como ele parece ser tão inteligente...

Já fiz tantas anotações baseadas nas deles, que tive que usar um feitiço de Gemino pra clonar mais e mais folhas de pergaminho. E mesmo assim não sinto que estou nem perto de me sentir satisfeito com a minha pesquisa.

Eu só saio da biblioteca porque a Madame Pince diz que está na hora de fechar, mas estou contando os segundos para voltar a me debruçar nesses estudos assim que eu voltar pro meu quarto.

Eu só não esperava esbarrar no próprio professor Remo Lupin no meio do corredor.

Não foi tão clichê quanto você provavelmente esperava que fosse, fique tranquilo. Não derrubei meus papéis nem caí desastrosamente no chão, nada disso. Só esbarrei nele. E me segurou pelos cotovelos pra me ajudar a me equilibrar e dar alguns passos pra trás.

— A culpa foi minha! — eu sorrio sem jeito, tentando contornar essa situação — Dos meus sapatos — corrijo — Eles escorregam se eu ando muito rápido.

— Então eu acho que você precisa de novos sapatos. Ou, eu também preciso prestar mais atenção quando ando no corredor.

Eu sorrio. Ele também parece ter um bom senso de humor.

— Ah, você está realmente estudando com as minhas anotações... — ele aponta com a cabeça para os papéis na minha mão — Quando terminar com essas, venha na minha sala. De onde saíram essas tem mais algumas outras pilhas de papel.

— Certo. Obrigada!

— Eu gostaria muito de ouvir suas considerações sobre a pesquisa, Amelie. E eu quero poder ajudar de qualquer maneira, se você precisar de alguma coisa.

Minha única reação é sorrir e acenar com a cabeça afirmativamente, antes de seguir caminho pro meu quarto.

Embora eu tivesse desejado ter ficado ali mais tempo, fazendo e falando sei lá o quê.

A sensação das suas mãos nos meus cotovelo permanece na minha memória sensorial por mais tempo do que o que supostamente deveria: E por mais que eu realmente me debruce novamente nas anotações da pesquisa, dessa vez não consigo prestar atenção em absolutamente nada.

Mr Moony's New Assistant - Remo Lupin Onde histórias criam vida. Descubra agora