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Lupin não está no quarto quando eu saio do banho. É a primeira coisa que eu estranho.

Vou fingir que não esperava que ele passasse a noite aqui comigo. Vou tentar me confortar que ele já me deu tudo que eu poderia querer por hoje. Embora ele sempre me faça querer ainda mais.

Estou cansada, então não demoro muito tempo pra dormir. Não demoro muito tempo pra parar de imaginar cenários eu dormiria abraçada nele.

[...]

Não sei que horas são quando eu acordo, mas a casa está bem mais silenciosa do que ontem a noite, então eu sei que não está na hora do almoço — ou do jantar. Estou em alguma janela de tempo entre tudo isso.

Desço as escadas ainda com a cara meio inchada de sono, embora eu não esteja sonolenta. Não entra luz natural nessa casa, que inferno, me sinto completamente perdida!

A cada andar de escada que eu desço, olho discretamente por dentro das portas que estão abertas, pra ver se eu encontro... Sirius! Sirius está aqui! Vou entrar pra falar com ele.

— Que horas são? — pergunto.

Sirius está de pé perto de uma prateleira, folheando um livro sem interesse algum pelas páginas. Aqui parece uma pequena biblioteca. E parece que foi recém limpa. "Limpa".

— Pouco depois do jantar. Você dormiu o dia todo.

Faço uma carinha de espanto involuntária, e ele ri pelo nariz. Não consigo nem disfarçar que estou olhando pros lados e procurando alguma coisa. E Sirius percebe e me diz;

— Ah, ele não está aqui hoje — pisca o olho, quando eu o olho com as sobrancelhas franzidas — Noite de lua-cheia...

Agora faz sentido... — digo baixinho, só pra mim, mas Sirius escuta e dá outra risada.

— É, sempre faz sentido. — ele ri e enfia o livro na prateleira de novo.

Vai andando pelo cômodo e aí se senta displicentemente num sofá que tem ali. Me sento perto dele, e tomo a liberdade de sentar perto dele. E a liberdade maior ainda de perguntar;

— Por que vocês não estão juntos? — pergunto a ele — Tipo, com exclusividade.

Sirius dá de ombros;
— Eu e Remo nunca fomos os maiores entusiastas da monogamia. Ou pelo menos da exclusividade. Eu, porquê era meio desesperado por liberdade na adolescência... E ele, por insegura, eu acho. Pelo menos quando era adolescente. Deve ter amadurecido esses motivos com a idade.

Fico prestando atenção em tudo que ele diz. Ele com certeza o conhece bem. E bem melhor do que eu.

— Mas você nunca quis? — pergunto à ele.

Não que eu esteja planejando querer. Talvez eu esteja. Mas acho que quero mais entender sobre o antes. Sobre eles.

— Quis, confesso. — ele diz — Acho que nós dois quisemos, principalmente quando nos formamos. Mas aí eu fui preso. E, em 12 anos, ele teve tempo o suficiente para desistir de mim e de qualquer plano que nós dois fizemos. Ele tem essa mania de decidir pelos dois... E eu meio que não estava nem apto pra contestar.

Há um pequeno silêncio, antes que Sirius fungue o nariz e se levante, completando;
— Mas acho que foi melhor assim. Pra mim, ou pra você. — e sorri.

[...]

Não penso muito sobre o que Sirius me falou, não vou ficar remoendo as memórias dele. Mas, pra não ficar remoendo as minhas, Sirius me deixa ficar com a chave daquela mini biblioteca, que é onde eu fico boa parte do meu tempo, revirando os livros.

Mr Moony's New Assistant - Remo Lupin Onde histórias criam vida. Descubra agora